Localizado do outro lado do East River, de frente para Manhattan, tornou-se um dos bairros mais diversificados do país graças à imigração.

"Dos cinco bairros (que compõem Nova Iorque), o Queens tem a população mais diversificada do país, com mais de 100 etnias" e pelo menos uma centena de cozinhas, explica à AFP Robert Sietsema, crítico gastronómico da revista digital Eater.com.

Embora ninguém saiba ao certo, já que os imigrantes continuam a chegar, especifica. "Tibetanos e nepaleses, por exemplo, chegaram recentemente a Jackson Heights", um dos bairros mais vibrantes deste condado de quase 2,5 milhões de habitantes.

Nova Iorque: No Queens é possível dar uma volta ao mundo através da comida
Restaurante tibetano e nepalês créditos: ANGELA WEISS / AFP
Gastronomia no Queens
Restaurante chinês créditos: ANGELA WEISS / AFP

Basta apanhar a linha 7 do metro para mergulhar neste festival de sabores, aromas, texturas e produtos exóticos. E apesar da pandemia, que atingiu com força o bairro, a oferta continua a aumentar.

Quatro novos restaurantes foram adicionados à extensa lista em fevereiro: um turco, um de Hong Kong, um de Singapura e um italiano, segundo o Eater.com.

Volta ao mundo pela comida sem sair de Nova Iorque

Se o que procura é “viajar” pelos países e territórios representados pela comida do Queens, é melhor ter um roteiro, como o 'instagrammer' Andrew Doro, de 39 anos, fundador da conta everycountryfoodnyc.com.

Em 2015, partiu numa volta ao mundo através das cozinhas por toda a cidade de Nova Iorque. Parou nos 145 países. "Era fácil até 100-110. Agora, tenho de estar atento a qualquer coisa que surja".

Doro mostra à AFP alguns dos seus lugares favoritos nas ruas nevadas do Queens.

Andrew Doro
Andrew Doro créditos: YUKI IWAMURA / AFP

A rota começa na Praça da Diversidade, no coração de Jackson Heights. Agora "abriga cada vez mais brancos de classe média, atraídos pela diversidade", embora também seja "uma espécie de epicentro de muitos países do sul da Ásia e dos Himalaias", além de colombianos e mexicanos.

A primeira paragem é um lugar minúsculo, na entrada do metro, o Café Yun do birmanês Yun Naing, de 25 anos, recém-chegado. Oferece especialidades do país como saladas e sopas e vende os ingredientes essenciais para as preparar.

“O nosso café é conhecido por servir a autêntica comida birmanesa e é por isso que preferimos importar os produtos que o tornam especial”, diz.

Na 37th Street, o centro da gastronomia de Jackson Heights, o Arepa Lady é um clássico desta especialidade colombiana, criado por María Cano, que fugiu da cidade natal Medellín devido à violência das drogas durante os anos de liderança de Pablo Escobar. Após começar a vender arepas numa banca, ela abriu dois restaurantes.

Arepa Lady
Arepa Lady créditos: ANGELA WEISS / AFP

A variedade do Queens contribui para o sucesso dos restaurantes, diz Brandon Klinger, o gerente, apesar de que com a COVID-19 o “negócio ter decaído muito”.

Mais a leste, Flushing, o bairro chinês que, segundo os locais, já superou a lendária Chinatown de Manhattan em tamanho, é uma colmeia de lugares onde se pode saborear a especialidade de alguma região da China ou da Coreia.

Astoria, de frente para Manhattan, outrora destino de imigrantes gregos e judeus europeus e agora convertido em bairro residencial para os nova-iorquinos que fogem dos preços estratosféricos da Big Apple, abriga comunidades como a egípcia e a brasileira; em Woodside há a comunidade filipina e em Ridgewood Balkan, imigrantes irlandeses e porto-riquenhos.

Em Elmhurst os tailandeses misturam-se com colombianos e cada vez mais mexicanos, além de equatorianos, peruanos e uruguaios. E na Steinway, cipriotas gregos convivem com brasileiros e coreanos, num caldeirão de culturas e convivências alheios às tensões vividas por muitos dos seus países de origem.

Reportagem: Ana Fernandez / AFP