A boleima tem ingredientes simples, modestos, é de origem popular e, na sua origem, resultou do aproveitamento dos restos da massa de pão.

Até há uma variante chamada boleima pobre.

Boleima de D. Belmira
Boleima de D. Belmira créditos: andarilho.pt

É um bolo tradicional e muito consumido. “Dá para comer acompanhada de café, chá, galão... como a pessoa gosta mais. O meu pequeno almoço todos os dias é um galão e uma boleima. Os meus clientes às vezes perguntam se como bolos e eu respondo que sim, para provar se são bons ou não. Todos os dia como bolos.”

Boleima de D. Belmira
Boleima de D. Belmira D. Belmira créditos: andarilho.pt

Dona Belmira tem mais de 80 anos e a vitalidade que revela não é só de comer uma boleima todos os dias. É também de as fazer. “Há mais de 50 anos. A minha mãe era padeira e aprendi com ela.”

A Casa de Chá Belmira é o nome do seu estabelecimento em Castelo de Vide e é permanente o vai e vem de clientes que vão comprar doces regionais. É mais afamada pela boleima. Ela diz que as suas têm um sabor próprio devido à forma como as confeciona.

Boleima de D. Belmira
Boleima de D. Belmira créditos: andarilho.pt

“Primeiro fazemos a massa do pão. Como se estivéssemos a fazer pão. Depois a massa é trabalhada com azeite e um pouco de banha. Depois leva açúcar, canela e maçã. Fazemos de vários feitios.”

Boleima de D. Belmira
Boleima de D. Belmira

A boleima fica estaladiça, com um tom acastanhado por cima, com um pedaço de maçã e açúcar. A massa é ligeiramente mais clara e tem um risco acastanhado no meio, onde foi colocada a canela que tem um sabor dominante.

No Alentejo o bolo é feito de várias formas. Dona Belmira continua a fazer “como aprendi com a minha mãe. Há quem faça a massa rápido, eu não. Dá muito mais trabalho, mas assim é que fica bem.”

Boleima de D. Belmira
Boleima de D. Belmira créditos: andarilho.pt

A casa de chá tem quase 60 anos e é resultado de um esforço permanente. “Quando fazia os doces com a minha mãe eu tinha uma taberna. Vendia os bolos de azeite ou as boleimas normais, também mais pequenas, a acompanhar o café. Custava 5 tostões.” A partir daí diversificou a confeção e apostou numa produção maior.

Boleima de D. Belmira
Boleima de D. Belmira créditos: andarilho.pt

“Desde que organizei a minha casa começamos a alterar os tamanhos das boleimas. A fazer maiores. Depois a boleima dobrada, com a maçã e a canela no interior. A boleima normal era como se fazia antigamente, sem maçã, porque não havia dinheiro para isso.”

Boleima de D. Belmira
Boleima de D. Belmira créditos: andarilho.pt

Para quem gosta de boleimas, a distância física não é impedimento para se saborear: “tenho clientes, essencialmente em Lisboa, que mando pelo correio. Tenho também clientes do Porto, Braga, que costumam vir à boleima em algumas épocas do ano, como por exemplo Natal e Páscoa.”

Boleima de D. Belmira
Boleima de D. Belmira créditos: andarilho.pt

Em Castelo de Vide há outras lojas e pastelarias a vender boleimas. Da doçaria local fazem ainda parte Mimos e Bolo Finto de Castelo de Vide.

Boleima de D. Belmira
Boleima de D. Belmira créditos: andarilho.pt

A boleima de D. Belmira é especial faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.