Uma pavlova de framboesa-morango, um crocante de caramelo cremoso, um charuto de praline com avelãs caramelizadas: o doce teve um papel de destaque no festival gastronómico Taste of Paris, cuja quarta edição decorreu este fim de semana no Grand Palais.

"O nosso objetivo é representar a cena gastronómica parisiense no seu melhor momento, atingido apenas nos últimos anos. Há atualmente um interesse enorme pela confeitaria", explica à AFP Mathilde Dewilde, responsável pela programação do festival.

No estande da Ladurée, casa icónica parisiense do macaron, a chef Claire Heitzler borrifa um pouco de azeite de oliva sobre uma delícia frutada, morangos silvestres e geleia. Os gourmands apressam-se para provar a criação, mas especialmente para tirar selfies com ela.

"O público precisa associar um rosto às sobremesas. Os chefs finalmente saíram das cozinhas e aproximaram-se dos seus clientes. Hoje, estamos em todas as partes, de frente para a imprensa, lidando com os clientes", reflete Claire.

"Hoje vemos confeiteiros com menos de 30 anos que já ocupam posições de grande prestígio, tateando e perturbando a geração mais velha. Vemos em toda parte novas lojas. Alguns são verdadeiras estrelas nas redes sociais", constata Julie Mathieu, editor-chefe de "Fou de pâtisserie", uma revista semestral, lançada em 2013, e com tiragem de mais de 80.000 cópias.

"Muito tempo nas sombras"

O astro do momento é Cédric Grolet, de 32 anos, chefe confeiteiro do Hotel Meurice em Paris, onde é preciso reservar com semanas de antecedência para o famoso "Tea time".

O sucesso é tal que o hotel para o qual ele trabalha desde 2013 decidiu abrir uma loja com o seu nome. Os hóspedes podem ir para casa com uma de suas delícias açucaradas, por uma dúzia de euros.

Com 923 mil seguidores no Instagram, o chef publica quase diariamente na rede social as suas criações, ou os bastidores das cozinhas onde trabalha. Com barba, braço esquerdo tatuado e tênis, "ele incarna uma geração de chefes que compreendeu os códigos de comunicação", ressalta Julie Mathieu.

Uma glamourizarão recente, que não deve nos fazer esquecer que "o chef confeiteiro permaneceu por muito tempo à sombra do chef cozinheiro. Era o primo pobre da gastronomia", acrescenta.

"Era tratado como um funcionário do baixo escalão da cozinha, um pouco menos do que nada", conta à AFP o chef confeiteiro altamente bem-sucedido Christophe Michalak.

Foi Gaston Lenôtre quem encarnou o personagem do grande chef confeiteiro nos anos 1980. Philippe Conticini e Pierre Hermé, o rei do macaron, vieram em seguida.

"Rockn'roll"

Por volta de 2010, uma nova geração de chefes confeiteiros, como Christophe Adam e Christophe Michalak, trouxeram ventos novos.

"Queríamos que a confeitaria fosse desinibida, mais rock'n'roll", explica Christophe Michalak, que trabalhou por muito tempo no Plaza Athénée, antes de abrir em Paris três lojas em nome próprio e uma escola de confeitaria. Sem mencionar, 25 livros e três programas de TV.

"Há três ou quatro anos, o número de candidaturas para os nossos cursos explodiu", diz o diretor da prestigiosa escola Ferrandi em Paris, Bruno De Monte.

"Temos perfis muito diferentes e, principalmente, muitos jovens recém-formados, atraídos pelo lado gráfico e artístico", diz ele.

Reportagem: Camille Malplat/AFP