Dois anos depois, só de falar (ou escrever neste caso) sobre Bordéus começamos a salivar ao pensar nas belas refeições que experimentámos, e tudo de uma forma inesperada.

A escolha em Bordéus foi um mero acaso. Pouco sabíamos sobre a cidade, mas sabíamos que queríamos passear e descontrair, sem pressas. Os preços das viagens foram simpáticos e por isso lá partimos para França.

Dia 1

Escolhemos quatro dias e três noites para desfrutar de Bordéus. Partimos num sábado de manhã bem cedo e quando chegamos ao aeroporto começarmos logo a perceber que a aventura ia começar bem. Nesse dia, existia uma medida por parte do governo francês para incentivar as viagens nos transportes públicos e todos os autocarros eram grátis, incluindo o do aeroporto até à cidade.

Estávamos em março e o frio ainda se fazia notar, por isso, depois de colocar as nossas malas no hotel fomos às… compras. Bem foi só um casaco para o João que estava cheio de frio. Mas antes disso, em vez de ir ver o castelo X ou o museu Y, decidimos tomar um bom pequeno almoço francês num café ao acaso. A refeição acabou por não ser grande coisa, mas acabámos por ficar três horas a conversar, a contar histórias e a fazer rir um ao outro. Por vezes é bem melhor do que ficar dorido das pernas por andar de museu para museu ou ficar de pé à espera.

De seguida, 'pegámos' um no outro e fomos passear a pé pela cidade. O centro de Bordéus é pequeno e por isso faz-se perfeitamente a pé. Claro que quem passa por lá quer ir à Place de la Bourse, o cartão-postal da cidade. À frente desta obra magnifica tem um espelho de água no chão. Ideal para uma foto.

Mais uns minutos de passeio e fomos almoçar. A primeira paragem (e agora é mesmo para começar a anotar) chama-se ‘Le Tio Pépé’. É um restaurante pequeno e acolhedor, sem grandes pretensões, mas perfeito para um almoço descontraído, para começar a ambientar-se com a cozinha da Aquitânia, sempre acompanhado de um vinho da região. Sejam corajosos, dividam uma garrafa de vinho e, já sabem, nada de conduzir. Aqui aconselhamos o bife tártaro.

Como estávamos cansados, passeamos mais um pouco (fomos à estação de comboios comprar o bilhete para o dia seguinte para Saint Emillion) e depois fomos descansar ao hotel, o Saint-Rémi, possivelmente o hotel mais bem localizado de sempre, mas nem por isso o melhor.

Depois do banho e roupa nova, partimos para outro restaurante. E estão a perguntar como é que os escolhemos, certo? Primeiro demos uma vista de olhos pelo Trip Advisor para ver o ranking de restaurantes e depois é uma questão de ir passeando, espreitando o interior e o menu. O Restaurante Melodie foi o escolhido para passar o sábado à noite. Mais uma escolha acertada. Local com ambiente intimista, musica ambiente, decorado com candelabros e comida fabulosa. Como estão em França, peçam sem medo um entrecôte com batatas fritas, cai sempre bem e ninguém faz este prato como os franceses. Não nos cansamos de dizer mas, estão em Bordéus, a meca dos vinhos, façam-se sempre acompanhar de uma garrafa de vinho e descontraiam. Vivam a vida calmamente.

O restaurante e o hotel eram muito centrais, por isso a nossa noite não iria acabar por ali. Acabámos por deixar-nos levar pela animação das ruas de Bordéus num sábado à noite e parámos no Café Brun, um animado bar irlandês.

Dia 2

Ao lado de Bordéus está Saint-Emillion, o berço do vinho de Bordéus. É nesta vila, a 50 quilómetros, que estão os châteaux mais famosos do mundo. Acordamos bem cedo (desnecessariamente) e chegamos lá bem cedo. Resultado: não estava nada aberto. Fizemos tempo para as lojas abrirem, recolhemos informações junto do posto turístico da vila e perguntamos pelo melhor Château. E foi ai que nos recomendaram o Soutard. Existem centenas, uns mais pequenos do que outros e conforme o tamanho o preço vai variando. O Soutard ainda fica a três quilómetros do centro de Saint Emillion e tem um custo de entrada de 15 euros. Só podemos falar deste porque foi o único que visitamos. Os funcionários são simpatícos, com boas explicações (em inglês), bem decorado e com testes aos visitantes no final, onde somos desafiados a descobrir as notas, a acidez, a amargura…

Saint Emillion é uma vila de altos e baixos e desta vez queríamos almoçar com umas boas vistas. Optámos pelo Le Bistrot de Clocher. Podemos dizer que o ambiente à nossa volta foi melhor do que a refeição. A fasquia de Bordeús estava elevada e a este ponto os nossos requisitos de satisfação eram muitos. Mesmo assim, um bom local para um almoço rápido.

Como já tínhamos visto tudo e ainda faltavam duas horas para o nosso comboio de regresso, fomos descansar num jardim e namorar.

Começámos a noite com vontade de provar ostras (algo muito procurado em Bordéus) e, sem querer, demos de caras com um dos famosos da cidade: o La Boite à Huitres. Além de ostras deliciosas, também podem provar sem receio o marisco e o peixe. Aqui acompanhado de um bom vinho branco da região. Como tínhamos acordado muito cedo, fomos também cedo para o hotel descansar.

Dia 3

Queríamos explorar mais a cidade e, depois de termos acordado mais tarde, comemos algo ligeiro para não perder tempo. Em Bordéus irão encontrar dezenas de supermercados/take away com pratos deliciosos. Basta escolher, pesar e comer nas esplanadas que estes locais oferecem gentilmente.

Da parte da tarde visitamos a Catedral de Bordéus, que não é de visita obrigatória, e passeámos pelas muitas pontes da cidade (a mais famosa é a Pont de Pierre) até à parte moderna da cidade, que também não vale a pena perderem tempo em visitar. Então o que fazer? Basta olharem ao vosso redor e acompanhar os locais, que estão nitidamente a desfrutar do que a cidade tem para lhes oferecer. As pessoas de Bordéus não são muito exigentes e basta um espaço num jardim para animar a sua tarde, seja a passear o cão, andar de patins, jogar futebol com o filho… Assim é a vida em Bordéus.

Antes do jantar, instalámo-nos numa das muitas esplanadas em Bordéus para desfrutar das vistas e beber uns mojitos, apenas para desenjoar do bom vinho. Ah, e foi aqui que foi tirada uma das fotos mais míticas do Volto JÁ, a nosso foto de apresentação para o SAPO Viagens.

Podem achar que este dia não está a ser muito bom e até já começam a duvidar sobre uma visita a Bordéus. Por isso é que guardamos o melhor para o fim e tem um nome, chama-se Le Bistrot d’ Aurelie. E é este o nome que tem de guardar religiosamente, é esta a chave para a vossa felicidade em Bordéus.

Muito bem situado na Rue Saint-Rémi, este restaurante não tem falhas, nem uma. Podemos dizer que foi a comida mais deliciosa que provamos até hoje, com uma recomendação de vinho tinto que se mostrou mais do que acertada e sobremesas que ainda hoje habitam no nosso pensamento. O espaço é mais descontraído do que, por exemplo, o Melodie, sendo perfeito para um jantar de despedida. Toda a comida é boa, mas deixamos uma sugestão, caso ainda exista no menu: O risoto de vieiras com chouriço!

Como gostamos tanto do jantar, decidimos voltar ao café Brun para uma despedida em grande. Ainda por cima era dia de comemorar o Saint Patrick, por isso já devem imaginar a animação que ia por lá.

Dia 4

Basicamente, este dia, o último, serviu para acordar, fazer as malas e o check-out, tomar o pequeno almoço e ir para o aeroporto. Desta vez, os transportes já não eram gratuitos. Como tínhamos tempo, fomos num autocarro 'regular' da cidade e pagamos, se não estamos em erro, dois euros cada um para chegar ao aeroporto. Existem as carrinhas especiais que levam os passageiros diretamente para o aeroporto, com um custo de 7.5€.

Bem, mas antes de nos despedirmos de mais um roteiro, temos a certeza que estão a perguntar-se: Então e se eu nem for apreciador de boa comida e bom vinho, Bordéus continua a valer a pena? A resposta é não! Bordéus é para os que querem relaxar, comer bem e beber ainda melhor, tão simples quanto isto.

Informações da viagem

Mês escolhido: Março;

Orçamento para estes quatro dias: Aproximadamente 500 euros por casal (para despesas de refeições, transportes, entradas nos monumentos e bares);

Como chegámos lá: Avião Ryanair de Porto para Bordéus, partida no sábado e regresso na terça-feira, com um custo de 65 euros por pessoa (ida e volta);

Preço médio da refeição: Se for em restaurante, com entrada, prato, copo de vinho e sobremesa, pagam aproximadamente 40/50 euros por pessoa;

Alojamento: Hôtel Saint Rémi, na rua com o mesmo nome, 165€ por três noites, sem pequeno almoço.