O levantamento 3D está a ser realizado por Martino Correia, do Campo Arqueológico de Mértola, que, a partir de elementos recolhidos no local, irá fazer uma reconstrução virtual de como seriam os banhos islâmicos de Loulé.

"Será reconstruído o aspeto que aquela estrutura teria e da zona envolvente e vamos tentar inserir no próprio urbanismo de Loulé da altura, para depois poder ser apresentado às pessoas, quer através de uma ‘tour' virtual, ou através de animações", disse à agência Lusa o arqueólogo responsável pelo processo de digitalização.

Segundo Martino Correia, as pessoas "poderão explorar e consultar animações a explicar cada uma das divisões" dos banhos islâmicos e "o ritual associado" ao espaço.

Além disso, a partir do levantamento 3D que está a ser efetuado, também será possível "ativar e desativar várias camadas de informação, sobrepondo as ruínas e a reconstrução virtual dos banhos".

De acordo com o arqueólogo, a reconstrução virtual dos banhos e da própria ocupação posterior do espaço - uma casa do século XV - deve estar pronta até janeiro de 2017.

"Basicamente, vão ser levantadas paredes e colocado um telhado, de forma digital, para que as pessoas possam ver como seria uma ida aos banhos islâmicos", resumiu Tiago Costa, um dos arqueólogos que participa nas escavações.

"Muitas vezes, as pessoas chegam e não percebem a planta do espaço, ou não conseguem imaginar como seria. Com a reconstrução, dará para fazer o percurso e compreender o tipo de utilização", enfatizou a arqueóloga da Câmara Municipal de Loulé Isabel Luzia.

Banhos islâmicos de Loulé
Nem sempre é possível perceber o espaço créditos: CM Loulé

Atualmente, estão dois arqueólogos do Campo Arqueológico de Mértola a continuar a escavação dos banhos islâmicos, estando por escavar a estrutura da fornalha daqueles balneários públicos e da sala fria. Em 2014, ficaram a descoberto novas zonas dos banhos - os tanques frios, as latrinas e os vestíbulos.

Caso os arqueólogos encontrem agora a fornalha e a sala fria, "será a primeira planta completa de banhos islâmicos públicos na Península Ibérica", realçou a arqueóloga do município, referindo que este é também "o único exemplar de banhos públicos islâmicos em Portugal".

A expectativa de encontrar a planta completa do espaço é alta, visto que os banhos islâmicos de Loulé, quando foram abandonados, foram preenchidos com entulho, permitindo a sua conservação, sublinhou Isabel Luzia. "O objetivo é encontrar a fornalha" nos próximos seis meses, informou.

Posteriormente, deverá avançar-se para um projeto de musealização em que será integrada a reconstrução virtual do espaço.