Primeiro pesquise “Most Traveled People” em https://mtp.travel/. E não se assuste com a quantidade de exploradores e com o tamanho real do nosso mundo! Pelo contrário, inspire-se com os testemunhos sobre cada lugar e cada país. Uma das minhas ‘bengalas’ linguísticas nos artigos é “lugar” pois acho que não vale a pena visitar uns quantos templos e praias num país e ‘mentir’ a nós próprios com: conheci muito bem este país. Revisitar faz parte de se tornar em Grande Viajante. É esse o meu tema hoje. Aliás revisitarmos a nossa própria rua é importante sobretudo nesta fase de confinamento em que por alguns minutos podemos fazer exercício ou passear os nossos companheiros de estimação.

Portanto, explorar é explorar, não é só ‘picar o ponto’. Na minha entrevista com Luís Filipe Gaspar (www.luisfilipegaspar.com) que está nessa lista das pessoas mais viajadas, aprendemos algumas das coisas que não deve fazer quando viaja: primeiro deve tentar conhecer tudo e não ter preconceito, depois evitar comparar grandes metrópoles do Ocidente com as do Oriente. Outra coisa muito importante: não queira ser ‘instagramável’ só para pôr aquela foto a comer um gafanhoto e coisinhas engraçadas que se comem em ruas do Congo ou da Nigéria. A não ser que, além da COVID-19, queira ficar preso num hospital por causa de uma valente disenteria.

Ah, e não é significante encher a bagagem e souvenirs, mas sim da compreensão das pessoas e dos lugares. Sobretudo o Luís disse algo com que concordo a 100%: trazer encomendas para os amigos que pedem tudo e mais alguma coisa quando somos nós os viajantes? Ora eu acho uma coisa bizarra ou básica ter-se um íman de países aos quais nunca se foi. Ao pesquisar o Grande Viajante Português aqui percebi que ele não só colmatou 193 países (critério número 1 para entrar neste ranking e na lista), como também visitou 679 lugares (dos países), 159 praias e 620 patrimónios considerados “World Heritage Places” (Patrimónios Mundiais). E no seu site vai desbravando memórias de cada local, aliás não tem muito tempo para isso pois a cada sol parece estar já num avião, num carro ou num comboio algures pelo nosso planeta.

Para entrar no ranking e nos clubes de grandes viajantes tem de cumprir critérios como: ter visitado pelo menos 100 territórios (mostre passaporte); compreender que há normas que registam o Atlas com 193 países de acordo com a ONU, mas que há cerca de setenta territórios ONU+, ou seja, não reconhecidos pelas Nações Unidas (ex. Aruba, aliás um dos 52 destinos recomendados para 2021 e que inspirou muitos viajantes em 2020) e ainda áreas que são terras de ninguém como o caso de territórios entre o Egito e o Sudão que não têm ‘dono’; micronações como Sealand (na entrada do rio Tamisa); e validar que não entrou apenas no país, mas que conheceu todas as suas regiões ou áreas. São cerca de 200 os viajantes que estão na categoria de “Grandes Viajantes” ou de “Pessoas Mais viajadas”. Quatro são portugueses (!) e mulheres vi poucas na lista que passa pouco mais de duas centenas por todo o mundo. Desafio as portuguesas a verificarem o passaporte e decerto vamos fazer História, ainda não há nem uma neste ranking!

O Luís Filipe Gaspar conheceu todos estes critérios numa boa conversa com o magnífico português, já ido, José Megre. Começou assim: numa mesa algures no Suriname colocaram nomes do mundo viajado num papel. Depois o Megre pediu ao Gaspar que fizesse a contagem de cada país. Luís F. Gaspar a partir daí percebeu que metas teria de incluir para chegar à altura de Grandes Viajantes. E ele já era bem metódico desde os 16 anos, altura em que entrou mundo adentro.

A partir do momento que entra na lista como Grande Viajante vai ter acesso a clubes e riquíssimos encontros mundiais através dos quais experienciará um networking (eu diria um netraveling) incrível. Trocar impressões com os sábios das caminhadas por locais remotos, inóspitos e extremamente conhecidos. Tudo num só, à mesa, num almoço de grandes caminhantes. Imagina? Vamos completar a lista durante a pandemia enquanto a fome de viajar aperta.