As Termas de Saturnia são um daqueles lugares que existem sem alarde, mas que valem a viagem. A poucos quilómetros da fronteira com o Lácio, esta nascente de águas termais borbulha ininterruptamente há milhares de anos, formando piscinas naturais de um azul leitoso, rodeadas por colinas e campos de oliveiras. A água, a 37,5 graus constantes, mantém-se quente durante todo o ano, criando um refúgio perfeito para quem procura descanso sem grandes artifícios.
Para quem parte de Portugal, a melhor opção é voar para Roma, a cerca de duas horas e meia de estrada. Os voos diretos de Lisboa e Porto tornam a capital italiana o ponto de entrada mais prático, mas Florença ou Pisa podem ser alternativas viáveis para quem quiser combinar as termas com um percurso mais amplo pela Toscana. De Roma, o ideal é alugar um carro e seguir viagem rumo a norte, atravessando a paisagem ondulante da Maremma, uma região menos explorada pelo turismo massivo. O comboio pode ser uma opção até Orbetello ou Grosseto, mas a última parte do percurso requer um táxi ou um carro alugado, já que os transportes públicos não chegam até Saturnia.
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Ao chegar, o ponto obrigatório são as Cascate del Mulino, as cascatas termais de entrada livre onde a água flui sem interrupção, formando pequenos terraços calcários. Independentemente da época do ano, a temperatura mantém-se constante, e o contraste entre o calor da água e o ar fresco cria uma experiência que convida a ficar sem olhar para o relógio. Para quem prefere um ambiente mais reservado, o Terme di Saturnia Natural Spa & Golf Resort oferece acesso a piscinas privadas e tratamentos termais.
Depois do banho, vale a pena explorar a vila de Saturnia, pequena mas carregada de história, com um centro medieval preservado. Quem quiser pernoitar encontra opções para vários orçamentos: o Saturnia Tuscany Hotel é uma escolha confortável e bem localizada, o Agriturismo Le Cascatelle oferece um ambiente rústico e acolhedor.
Saturnia pode ser apenas o início de uma viagem mais longa pela Toscana menos óbvia. A poucos quilómetros, Pitigliano, Sorano e Sovana destacam-se pelas construções escavadas na rocha vulcânica e pelas ruelas estreitas que escondem pequenas igrejas e praças tranquilas. Seguindo caminho, Montalcino e Montepulciano são paragens obrigatórias para quem gosta de vinho, enquanto Pienza, além de ser um exemplo de urbanismo renascentista, é conhecida pelo seu queijo pecorino envelhecido. Mais a norte, San Quirico d’Orcia e a paisagem do Val d’Orcia oferecem colinas suaves, ciprestes alinhados e estradas sinuosas que fazem qualquer viagem valer a pena.
A gastronomia acompanha a riqueza da região e, por isso, vale a pena dedicar-lhe atenção. A tradição da Maremma traz pratos simples mas carregados de sabor, como a acquacotta, uma sopa camponesa à base de pão, tomate e ovo escalfado. O pici cacio e pepe, com a sua massa artesanal envolta em queijo pecorino e pimenta preta, é uma escolha certeira, assim como a bistecca alla fiorentina, um bife alto e grelhado no ponto certo. Para terminar, os cantucci mergulhados em vin santo fecham qualquer refeição da melhor forma.
Com uma combinação de águas termais, vilas que preservam o passado e uma gastronomia sem excessos, Saturnia é uma porta de entrada para uma Toscana menos previsível. Para os portugueses, está a uma curta distância, acessível o suficiente para justificar uma viagem sem hesitações.
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