Viajar é uma experiência enriquecedora e, no final, trata-se de respeitar a cultura que se está a explorar. Infelizmente, nem todos os turistas o fazem e, muitas das vezes, por ignorância.

Na rede social Quora, utilizadores de diferentes países revelaram as coisas que lhes irritam quando os turistas fazem. Com base nesse debate, o site This Is Insider fez uma lista com as coisas que os turistas fazem nos países que visitam e que deixam os seus habitantes furiosos. Saiba quais são.

Parar nas ciclovias

Há cada vez mais pessoas no mundo a trocar o carro pela bicicleta e Copenhaga, capital da Dinamarca, é um bom exemplo. Nesta cidade há mais bicicletas do que habitantes. A capital da Dinamarca conta com cerca de 390 quilómetros de ciclovia e metade da sua população desloca-se com este veículo para o trabalho.

Por existirem vias diferentes para os veículos a motor, bicicletas e peões, os dinamarqueses ficam com os cabelos em pé sempre quando veem um turista parado no meio da ciclovia.

Andreas Rosendahl Hansen, utilizador do Quora, não esconde o seu pequeno "ódio": "todos os verões, Copenhaga fica inundada com turistas que, por alguma razão, não perdem cinco minutos para olhar à sua volta e repararem nesta pequena sinalização (ciclovia) e, por isso, caminham diretamente para a ciclovia com as suas bagagens gigantes, param para tirar fotografias, etc.”.

Apesar desta situação tirá-lo do sério, Andreas considera ainda pior os turistas que alugam bicicleta  e que não respeitam os sinais. Contudo, aconselha qualquer turista que visita a cidade a alugar uma bicicleta, desde que respeite os sinais e as vias.

Coisas que os turistas fazem e que deixam os locais irritados
créditos: Pixabay

Viajar para um retiro de yoga

Para os fãs de yoga e da meditação, a Índia é vista como o paraíso. No entanto, esta procura tira do sério muitos indianos, como o utilizador Siddharth Agarwal, que não gosta quando os estrangeiros visitam a Índia para praticar "yoga da forma mais idiota".

De acordo com o que descreve na rede Quora, estes turistas realizam práticas sexuais tântricas e seguem falsos gurus, sem formação.

Segundo Siddaharth, na Índia, o yoga é um negócio e não uma forma de encontrar a paz interior. "É irritante e idiota que estrangeiros venham até à Índia à procura de paz e do seu eu interior e terminem com estes mestres engraçados e voltados para o negócio, que os ensinam a vestir roupas étnicas indianas, a fazer sexo ao ar livre e a tomarem drogas para se libertarem”, lamenta.

Itália: Não respeitar as regras

Tomemos como exemplo Itália, um país com uma vasta oferta turística que passa pelas suas belas paisagens, gastronomia até à sua riqueza histórica e cultural. Mas também podia ser Portugal ou França.

Todos eles com símbolos e atrações turísticas que se ergueram no passado e que formaram a identidade do país. É por isso normal que os nativos estimem os monumentos, o seu país e sua riqueza e não gostem de turistas que não respeitem as regras, costumes e leis do país.

“Não podes tomar banho na Fonte de Trevi. Não se pode fazer xixi nas ruas durante a noite. Também não se pode subir para cima das estátuas que enfeitam os nossos centros históricos (elas foram feitas por Benini, Canova ou Michelangelo, tolos, tenham algum respeito pelos nossos génios!)”, escreve Gianmarco Prete, da Itália, no Quora.

Assumir que todos falam inglês

Gianmarco Prete ainda aproveitou a deixa para criticar os turistas que assumem que todos falam inglês em Itália. O utilizador, que se orgulha da bandeira do seu país, também não gosta que os turistas peçam comida italiana americanizada como pizza com ananás, fettuccine Alfredo e spaghetti com almôndegas.

Talvez Gianmarco fique feliz com um simples "Ciao" ou que peça uma simples marguerita, afinal, são estes pequenos gestos que demonstram interesse pelos habitantes e cultura do país.

Coisas que os turistas fazem e que deixam os locais irritados
créditos: Pixabay

Assumir que ninguém o entende

E não é só em Itália que se assume que todos falam inglês, afinal, o inglês é uma língua universal e a segunda língua de muitos cidadãos.

Te Wheke Pai, da Nova Zelândia, partilha no Quora que muitos turistas assumem que os locais só sabem falar inglês.

De acordo com Te Wheke, muitos neozelandeses são poliglotas, tanto que aconselha os turistas a "não lavar roupa suja" em público. "A pessoa ao seu lado no autocarro, de uma raça diferente, pode, de facto, entender o que está a dizer", alerta.

Turistas a “mendigar”

O sudeste asiático atrai viajantes devido aos preços baixos, segurança e hospitalidade. Embora apelativo, nem todos têm disponibilidade financeira para explorar esta região e, por isso, alguns arriscam ir sem dinheiro, pois só vão precisar de pouco para "sobreviver".

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O movimento beg-packers é constituído por viajantes de mochila às costas (backpacker) que mendigam, isto é, pedem dinheiro durante a viagem (beg).

Mas nem todos os beg-packers andam só a "mendigar". Alguns vendem cartões-postais feitos com fotos das suas próprias viagens e outros tocam instrumentos musicais.

Embora o movimento demonstre a vontade dos viajantes em conhecerem os países onde arriscam ir de bolsos vazios, também desperta a ira nos habitantes locais. Nariswari Khairanisa Nurjaman, da Indonésia, considera este movimento “irritante” e não consegue descrevê-lo de outro modo nem entendê-lo.

Tirar fotos em bairros pobres

Ainda assim, Nariswari Khairanisa Nurjaman irrita-se mais com os turistas que participam em tours pelos bairros pobres dos países subdesenvolvidos e tiram fotografias com os pedintes. Claro que, quando se juntam aos pedintes para pagarem as férias, estão, para Nariswari, a ir longe demais.

Também para Angad Singh, da Índia, o fascínio com a pobreza é incompreensível. Para este utilizador, ir sem convite para bairros pobres com câmaras fotográficas com objetivas é disruptivo. "Os bairros não são zoos, onde podes tirar fotografias às crianças sem autorização ou andar à procura da próxima fotografia perfeita com gente ‘pobre’ nela."

O mesmo sentimento é partilhado por Anna Paula Ferrari, do Brasil, que diz que as tours pelas favelas deixam os brasileiros um bocado tristes e confusos.

Coisas que os turistas fazem e que deixam os locais irritados
créditos: Karl Baron CC| Flickr

Alugar motas

E quando o lugar já é por si só uma selva urbana, tudo o que os locais pedem é menos caos. Agora, imagine as ruas do sudeste asiático, cheias de buracos e faltas de regras. Junte turistas sem experiência a conduzir motas. Haverá caos maior? Para muitos locais, turistas a conduzir motas tornam tudo mais perigoso.

Tirar selfies em lugares que homenageiam as vítimas do holocausto

O nazismo continua a ser um tema sensível para a maioria dos alemães devido à atuação bárbara do regime.  Sarah Freytag, que vive em Berlim, não suporta os turistas que tiram selfies nos campos de concentração ou memoriais para as vítimas do regime em geral.

Tirar fotografias com tigres

Belle Bunyaporn, que vive em Banguecoque, odeia quando os turistas tiram fotografias com tigres “drogados”. “Utilizar animais selvagens como atração social é para lá de sinistro, e os tratamentos infligidos sobre eles são simplesmente bárbaros”, comenta.

Coisas que os turistas fazem e que deixam os locais irritados
créditos: Orse CC| Flickr

Não ter cuidado em lugares perigosos

Não é ao acaso que os glaciares têm cercas e sinais de aviso. Tal como Arve Løken, da Noruega, afirma: "é porque matam pessoas".

A Maja Burazin, da Croácia, frustra-lhe o facto dos turistas ignorarem os avisos sobre tirar selfies no Parque Nacional dos Lagos de Plitvice. “É mais perigoso do que irritante. Várias pessoas morreram ou ficaram feridas enquanto tiravam selfies nos ou próximo dos penhascos.", lamenta.

Falar alto no metro

Não se esqueça que nem todos estão de férias e que a maioria, como diz o utilizador Simon Milward de Londres, “não está ali por escolha própria.”

Conduzir em contramão

“Na Austrália conduzimos do lado esquerdo”, alerta a utilizadora Elle Lucia, lembrado que é perigoso quando os turistas sem experiência a conduzir à esquerda tomam a estrada.