Por Clara Silva

Robin Hagedoorn, o fundador da cadeia de hotéis BUNK, começou por comprar uma antiga igreja na sua terra natal, Utrecht, a quarta maior cidade dos Países Baixos. Ganhou-lhe o gosto e, uns anos mais tarde, transformava mais duas igrejas, outra em Utrecht e uma em Amesterdão, em dois hotéis especiais.

Aliás, se não fosse diferente, o hotel BUNK de Amesterdão nunca poderia ver a luz do dia. “Em Amesterdão já não podes abrir mais hotéis, a não ser que estejas a fazer uma coisa muito especial”, explica Amber Selby Brown, responsável de marketing dos hotéis BUNK. “Felizmente acharam que [este] era especial o suficiente para conseguirmos trazer a igreja de volta à comunidade.”

Bunk. Igrejas sem missa, mas com quartos-cápsula nos Países Baixos
Bunk, um hotel "fora da caixa" num antiga igreja em Amesterdão créditos: DR

Antes de ser hotel, a igreja de Amesterdão, onde fica o BUNK, já tinha sido uma biblioteca pública a e também os escritórios da Universal Studios. Agora, e apesar de manter uma pequena biblioteca e de até ter um estúdio de música e de gravação de podcasts, é um hotel moderno com 50 quartos privados e mais de 100 quartos-cápsula.

Em Utrecht, a meia hora de comboio e muito perto da estação, fica o outro hotel da cadeia, na antiga igreja protestante Westerkerk. A igreja funcionou até 2018, altura em que foi vendida e começaram as obras de transformação em hotel. As madeiras dos antigos bancos foram, aliás, aproveitadas para a decoração e, além das paredes, o órgão da igreja, considerado Património Nacional, foi a única coisa que se manteve.

Em vez da típica receção de hotel, um gato laranja, a mascote da casa, é o anfitrião e o check-in é feito em computadores num canto discreto. A receção é, na verdade, um animado restaurante, popular entre os locais a qualquer hora do dia, do pequeno-almoço (servido até às 16.00, mesmo para as hóspedes) ao jantar.

Utrecht
Bunk em Utrecht créditos: DR
Bunk em Utrecht
Quartos-cápsula créditos: DR

A ideia foi transformar a igreja num espaço que funcione, ao mesmo tempo, como “hotel, hostel, restaurante e espaço de eventos culturais”, explica Amber Selby Brown. “Para trazermos todo o tipo de pessoas, de locais a turistas com mais ou menos dinheiro.”

Há várias tipologias de quartos privados (do mais básico ao “quarto épico”, como lhe chamam, maior e com uma banheira) e existem os “pods”, os quartos-cápsula, a opção mais económica para quem não se importa de dormir numa versão mais luxuosa de um dormitório misto e partilhar casa de banho. Nas cápsulas, a privacidade consegue-se com uma cortina e as camas (single ou de casal) são tão confortáveis quanto as dos quartos privados.

O espaço pode parecer pequeno, mesmo o dos quartos privados, mas o objetivo é que as pessoas saiam. “Não vens para uma cidade para ficar só no hotel, visitas outros sítios”, comenta Amber. Apesar disso, o BUNK de Utrecht é o tipo de sítio onde apetece ficar o dia todo, a trabalhar no computador (tem um balcão no primeiro andar a pensar nisso) ou a conversar no restaurante.

O grupo tem planos de expansão para outras cidades neerlandesas – para já, Roterdão está na calha – e, quem sabe, chegar até Portugal.“[Até agora, os hotéis] têm sido em igrejas porque são edifícios interessantes, mas a ideia é trazer de volta edifícios antigos”, adianta Amber. “Pode ser outra coisa, [por exemplo] uma fábrica antiga…”.

www.wearebunk.com. Preços a partir de 43€/noite num quarto-cápsula em Amesterdão e em Utrecht.