Raul Constante Pereira já trabalhava em marionetas e começou a manipular os D. Roberto em 1985 com João Paulo Seara Cardoso, um dos elos fundamentais na salvaguarda desta arte de teatro popular.
João Paulo recebeu o testemunho do mestre António Dias e deu formação a outros bonecreiros. Na década de 80 eram quatro hoje são quase uma quinzena.
Com o tradicional colete, um boné, os bonecos e uma guarita de pano com listas vermelhas, Raul Constante Pereira dá voz a narrativas com três séculos de história.
“Eu faço o Barbeiro e a Tourada. Fazem parte do repertório tradicional do António Dias que o João Paulo deu continuidade e que eu mantenho. Sigo a tradição dos D. Roberto. É no âmbito de outras formas animadas que procuro a inovação e a diferença.”
Ainda nas palavras de Raul Constante Pereira, outro dado que permanece neste tipo de teatro, na sua experiência de quase 40 anos, é a reação do público. “O mais novo é mais espontâneo. As crianças de hoje são iguais às crianças de há 20 anos atrás. Por vezes há a geração com mais idade, com memória dos D. Roberto na praia ou nas feiras, e divertem-se tanto como os mais pequenos.”
O bonecreiro tem um trabalho exigente quando está dentro da guarita a dar voz e a movimentar os bonecos de modo permanente. É preciso muita agilidade e concentração. Raul Constante Pereira consegue avaliar a reação do público ao longo do espetáculo. “Tenho um pequeno orifício na barraca e por vezes consigo espreitar. Mas a a reação é mais pelo som. Por exemplo, quando pergunto onde está o barbeiro, sei avaliar pela reação do público.”
Raul Constante Pereira é muito versátil. Com formação em teatro, escultura e construção de marionetas é ainda encenador, autor de documentários e diretor artístico da Associação Cultural Limite Zero e do Festival Internacional de Marionetas do Porto.
Teatro D. Roberto - Raul Constante Pereira é o mais antigo bonecreiro em atividade faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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