No sábado passado, 16 de Junho, fez um ano que esta forma popular de teatro de marionetas ficou registada no Inventário Nacional de Património Imaterial.
Foi preciso muita palheta., mais de uma década de espera, mas valeu a pena e os resultados já o evidenciam como assegura José Gil.
“Para além do reconhecimento da tradição popular do teatro de marionetas português, começou a ser mais respeitado pelos programadores. Passou a haver mais eventos dedicados aos D. Roberto dentro de grandes eventos dedicados à arte das marionetas.”
Este tipo de teatro de marionetas português tem cerca de três séculos de história. Nas primeiras décadas do século passado era muito popular com roberteiros a percorrerem praias, feiras....
No entanto, algumas décadas depois, correu o risco de extinção. Nos anos 70, eram apenas quatro os roberteiros que mantinham a tradição. No passado recente, ganhou nova vitalidade. “Neste momento são 14 a 15 pessoas, duas são mulheres, e estão espalhados de norte a sul de Portugal e também nos Açores, o que é espetacular.”
José Gil é um dos marionetistas dos Dom Roberto e está a fazer uma tese de doutoramento sobre esta arte. Uma das características é a palheta que colocam no céu da boca e que, ao mesmo tempo que manipulam os bonecos no interior da tenda, lhes dão voz , com expressões irreverentes e num tom estridente.
“É um teatro difícil de aprender rapidamente. Demora o seu tempo, principalmente pela técnica de manipulação, mas também pelo saber falar através da palheta.” Tradicionalmente era uma voz livre, muito baseada no improviso, que os mecanismos censórios do passado tinham dificuldade em controlar.
Outra particularidade era a itinerância que tinha lugar por esta altura. Desde as aldeias do interior até às praias do litoral.
Apesar de as atuações agora serem mais em eventos, José Gil diz que ainda há quem vá para a rua, “para sentir a adrenalina de estar na rua. Por prazer e é também uma escola.
Um dos marionetistas mais novos ligou-me a dizer que andava a fazer no mercado da terra dele. Por prazer e para ganhar calo de rua. Tu sentes o público e tens de te desenrascar.”
Até ao final do verão é possível vermos os Dom Roberto em vários eventos ao ar livre. Em várias páginas destas companhias encontra a agenda dos espetáculos previstos.
Alexandre Cunha ; Filipa Mesquita ; Jorge Soares ; José Gil - SA Marionetas , Nuno Correia Pinto; Raul Constante Pereira ; Ricardo Ávila ; Sara Henriques ; Trulé, Manuel Dias ; Vitor Costa - Robertos Santa Bárbara ; UNIMA
A candidatura dos Dom Roberto a Património Nacional Imaterial foi uma iniciativa promovida pelo Museu da Marioneta em colaboração com vários roberteiros.
Rrraios te partam! Os Dom Roberto são património nacional há 1 ano faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
Comentários