A igreja é de grande dimensão, de cor clara e com telhados de cores vermelha e verde.
O edifício ganha maior destaque porque tem um enorme terreiro em frente, na direção das muralhas de Óbidos.
“Vê-se do castelo. Como há muita gente que visita a vila e o castelo, ficam intrigadas com este templo.” Alguns satisfazem a curiosidade e “vêm ver uma igreja magnifica."
"Ultrapassa as expectativas das pessoas. É um templo do século XVIII e que hoje marca, como no passado, a região Oeste e em particular Óbidos.”
A observação é de Isabel Félix que recebe os visitantes no interior da igreja.
O santuário começou a ser construído em 1740, mas nunca foi acabado. Faltam, por exemplo, os carrilhões nas torres, tal como no convento de Mafra, que foi construído um pouco antes.
É uma das obras que se destaca no período de D. João V e é de estilo barroco. O rei deu um forte acrescento às esmolas que sustentaram a construção. D. João V passou várias vezes a caminho das Caldas da Rainha para tratamento nas termas.
O rei não foi o único devoto do Senhor Jesus da Pedra.
Trata-se de uma cruz em pedra que podemos ver no altar-mor da igreja e que motivou grandes romarias. Tosca, com muitas saliências na superfície, a cruz tem esculpida no centro a figura de Cristo. Numa dimensão reduzida e é uma representação fora do comum. Enigmática e, para muitos, milagrosa.
“Há muitas lendas, não há nada documentado, mas gerou grandes peregrinações. Nomeadamente a de 1738 em que Óbidos teve graves problemas para dar água às pessoas que aqui estavam. Foi um marco muito importante de peregrinações como devoção à cruz. Já desde aquela altura a cruz era tida como milagrosa.”
A cruz está no altar-mor, é o elemento central. “Esta cruz estava na capela da Memória. Esta igreja foi construída para se colocar a cruz na sua capela mor.”
A capela da Memória ficava a algumas centenas de metros. Era uma construção de madeira. A atual igreja, apesar da decoração simples, tem sinais de grandiosidade. A fachada, as torres laterais com enormes janelas invertidas e sinos são alguns exemplos.
O interior tem mais duas capelas, com pinturas que representam Nossa Senhora da Conceição e a Morte de S. José.
O altar-mor é o que mais se destaca e as enormes colunas são em madeira. Parecem mármore pela perfeição do trabalho.
Nas paredes há ainda 12 estátuas representativas dos Apóstolos.
A entrada principal e a fachada do edifício estão viradas para Óbidos e o complexo foi ainda composto por um albergue para os peregrinos, uma cavalariça e um chafariz que precisa de ajuda milagrosa do Senhor da Pedra.
“É de estilo rococó. É um chafariz espaldar. Magnífico. Eu, todos os dias que entro nesta igreja, peço a Deus para ele não cair.” O lamento de Isabel Félix é correspondido por outros visitantes face à degradação do chafariz. A parede dá sinais de fraqueza, as fissuras são bem visíveis e os estragos são mais visíveis no trabalho em reboco, branco e azul, que decora o chafariz.
“Esta igreja foi concebida ao mesmo tempo do chafariz. Era importante que as pessoas quando chegassem tivessem água para beber. Ao fim de uma jornada de vários dias.”
É no terreiro em frente do chafariz e da igreja que a 3 de Maio, dia de Santa Cruz, se realiza a romaria.
O Santuário do Senhor Jesus da Pedra está classificado como Monumento de Interesse Público.
O enigma da cruz do Santuário do Senhor Jesus da Pedra faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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