O Mercado dos Lavradores foi inaugurado em 1940, tem dois pisos, uma arquitetura que combina modernismo com arte déco. Sobressaem ainda painéis de azulejos que retratam a etnografia regional.
É o caso de um que está junto à porta principal com desenhos de vendedoras com os trajes tradicionais.
Logo a seguir encontramos uma praça a céu aberto. Parece um claustro conventual com flores e árvores.
As arcadas laterais estão repletas de bancas com frutas. Uma grande diversidade de cores que ofusca os azulejos que cobrem parcialmente as paredes.
Candeeiros redondos suspensos no teto das arcadas emprestam mais brilho à fruta. No segundo piso a luz é natural e na loja 37 Cláudio vende também fruta, dando continuidade a um negócio familiar. “Eu estou cá há 8, 9 anos. A minha mãe esteve mais de 30 anos.”
Cláudio acompanhou a última renovação das instalações. “No passado era mais tradicional, mas agora tem melhores condições. Tem também restauração, frutas secas, uma queijaria... agora tem mais variedade.”
A banca de Cláudio tem uma grande variedade de frutos, todos produzidos na Madeira. Só de bananas os clientes têm muito por escolher. “São seis variedades. Banana maçã grande, banana maçã pequena, normal, prata, plátano e vermelha. A mais doce é, sem dúvida, a prata.”
Algumas destas variedades fazem parte da lista dos frutos mais vendidos. “Sem duvida o maracujá, o fruto delicioso, as bananas... os mais típicos.”
Na banca de Cláudio fiz a descoberta do fruto delicioso que levei para casa e foi uma doce novidade. “É o fruto da costela de Adão. No Continente é uma planta para efeitos ornamentais, decorativos. No exterior e com calor produz um fruto que sabe a ananás, banana e anona.
É um fruto particular porque não se pode cortar. Quando está maduro a casca vai caindo e depois come-se. É granulado e muito doce. O nome, fruto delicioso já o indicia. Costumamos dizer que é um fruto económico. Pagas um, comes quatro.”
O mercado tem a visita de muitos turistas e, alguns, descobrem novos sabores. Embora, “alguns sejam relutantes. Há frutos que não são muito apelativos e é preciso explicar primeiro para eles provarem.”
A secção de flores está na entrada principal.
Ao colorido das flores juntam-se as cores vivas dos trajes tradicionais madeirenses usados por algumas vendedoras.
É o caso de Luísa que foi relutante em dizer-me qual a planta mais bonita da Madeira: “as orquídeas, proteias... temos imensas”.
A que mais capta a atenção dos visitantes é “a estrelícia, a mais comum e mais típica da Madeira”.
É também conhecida como ave do paraíso porque a forma e a cor alaranjada faz lembrar a plumagem de algumas aves.
Curiosamente, a estrelícia não foi referida pela Luísa na lista das plantas mais vendidas. Na sua experiências, as mais vendidas são as “orquídeas, maçaroca e plumérias. Há também quem compre para plantar, mas as restrições são cada vez maiores devido ao limite de bagagem nos aviões.”
O Mercado dos Lavradores tem cafés e restaurantes com esplanadas onde se pode fazer uma pausa.
Fica no centro histórico do Funchal, na zona de Santa Maria, e antes era o local onde os lavradores da ilha iam vender os seus produtos. Ficou com o nome que está bem visível no alto do edifício.
O mercado continua a ser um ponto de venda dos produtores locais, como também de pescado, em particular do peixe espada que é amanhado e vendido em grandes quantidades.
O Mercado dos Lavradores está classificado pelo Governo Regional da Madeira.
O colorido tropical do Mercado dos Lavradores no Funchal faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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