O pai, D. João V, um rei muito empreendedor e com ouro e diamantes do Brasil, mandou em 1728 restaurar a estrada real entre o Montijo (Aldeia Galega) e Montemor-o-Novo.
Até os fontanários para matar a sede aos cavalos ficaram novos. Tudo preparado ao pormenor. Faltava apenas um lugar para dormir já que era viagem para um dia.
Mandou então construir a pousada que iria alojar durante duas noites as princesas e as respectivas comitivas.
O edifício, por ser de boa qualidade, acabou por perdurar e dar origem a Vendas Novas. Mais tarde D. Pedro V atribuiu-lhe uma função militar, a Escola Prática de Artilharia. Hoje funciona o Regimento de Artilharia nº5.
O edifício é visitável e é três em um: pode-se ver o palácio, a capela e o Museu de Artilharia.
O palácio real já não tem a exuberância original. Preserva ainda alguns materiais como azulejos, a escadaria principal e algumas pinturas. O primeiro piso está dividido em dois grandes blocos, com sete apartamentos.
Os dois maiores eram os da princesa e do rei, um na ala nascente, o do rei na ala poente e com algumas diferenças destacadas pelo Alferes Santana que foi o nosso guia.
Os aposentos da princesa tem pinturas mais claras e mais espaço para as criadas. É onde fica o gabinete do sargento-Mor.
No lado do rei fica o gabinete do Comandante.
Algumas salas estão reservadas para cerimónias militares e o que terá sido um dos principais salões é agora a biblioteca que tem um acervo relevante e a componente histórica é consultável pelo público após pedido prévio.
O edifício, que também é conhecido como Palácio das Passagens, sofreu fortes danos com o tremor de terra de 1755 e ficaram destruídas várias pinturas.
O palácio e a capela foram construídos no tempo recorde de 9 meses. Perante esta dificuldade, as pinturas no palácio foram feitas no solo e depois fixadas no tecto
Se esta técnica se mostrou eficaz na luta contra o tempo, revelou-se frágil na preservação. Ao contrario, na capela, as pinturas estão em melhor estado de preservação porque foram feitas directamente nos tectos.
A capela tem ainda diversos conjuntos de azulejos que narram vários episódios da vida de Cristo. Tal como o palácio, a capela já teve vários donos e funções, foi construída na mesma altura do palácio e serviu de lugar de oração para as comitivas reais. Mais tarde, D. Maria II deu a capela à paróquia de Vendas Novas e, com a construção de uma igreja, a capela regressou à função complementar do palácio, no caso, à escola Prática de Artilharia e ficou como capela militar.
No interior está ainda uma imagem de santa Bárbara, a padroeira da Artilharia. No palácio há outro exemplar, como também no museu, numa versão mais metálica.
Este museu tem no exterior várias peças de artilharia que estiveram ao serviço da Escola Prática.
No interior já foi largamente ultrapassado o objectivo inicial quando o museu foi criado em 1978. Pretendia-se guardar alguns objectos mas o acervo hoje é muito maior e permite entender a complexidade e a evolução de algo aparentemente tão simples como um tiro.
No tempo em que Portugal era rico faz parte do podcast semanal da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e pode ouvir aqui.
A emissão deste episódio, No tempo em que Portugal era rico, pode ouvir aqui.
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