Hoje vamos meter a mão na massa e fazer tijolos com uma forma de madeira.

À mão enchemos e comprimimos a massa cinzenta no interior da forma e com uma régua molhada fazemos o alisamento.

Depois de retirada a estrutura de madeira, com cuidado, vemos dois tijolos prontos para serem secos e cozidos.

Telheiro da Encosta do Castelo
Telheiro da Encosta do Castelo créditos: andarilho.pt

Tudo isto em pouco mais de um minuto, mas precisamos de agilidade.

Os visitantes podem fazer esta experiência no Telheiro da Encosta do Castelo.

A mestre, Mafalda Rosário diz, com um largo sorriso,  que as crianças ficam encantadas, “adoram, gostam de se sujar. Os pais nem tanto. Elas gostam muito, não particularmente com o barro do tijolo porque não podem moldar da maneira que querem. Mas gostam de outras cerâmicas em que podem fazer bonecos.”

Telheiro da Encosta do Castelo
Telheiro da Encosta do Castelo créditos: andarilho.pt

Quem não quer meter a mão na massa pode acompanhar o ciclo de produção de materiais genuínos e representativos do património do Alentejo. “O nosso processo é todo artesanal. Desde o amassar a pasta, modular, cozer e colocar em paletes para o cliente vir buscar.”

Telheiro da Encosta do Castelo
Telheiro da Encosta do Castelo créditos: andarilho.pt

No telheiro, todo construído em tijolo, e na eira, acompanhamos o processo que varia ao longo do ano. “Como o nosso material é seco ao sol fazemos esse trabalho na primavera e verão. A partir do final de setembro, princípio de outubro, começamos a fazer a preparação de pastas cerâmicas, de alta e baixa temperatura, para, por exemplo, escultura e olaria.”

Telheiro da Encosta do Castelo
Telheiro da Encosta do Castelo créditos: andarilho.pt

A atividade base é a produção dos tijolos, muitas vezes com medidas específicas, e também a produção de cerâmica de grande formato. Para além disso, o telheiro funciona como atelier e espaço de investigação, no âmbito de artes plásticas.

Telheiro da Encosta do Castelo
Telheiro da Encosta do Castelo créditos: andarilho.pt

Corresponde à atividade principal da associação Oficinas do Convento que gere o espaço.

A matéria-prima para a produção do chamado tijolo burro é da região e é uma escolha exigente.

Telheiro da Encosta do Castelo
Telheiro da Encosta do Castelo Mafalda Rosário créditos: andarilho.pt

Na explicação de Mafalda Rosário, “a terra não pode ter muita argila porque o material é seco ao sol. Para o tijolo vamos buscar a terra a uma herdade do município de Montemor-o-Novo.

Telheiro da Encosta do Castelo
Telheiro da Encosta do Castelo créditos: andarilho.pt

Antes de cavarmos recolhemos amostras que trazemos para o telheiro, para ver como se comporta durante a secagem e cozedura. Colocamos depois dentro de água para avaliar o comportamento da terra depois de cozida.”

Telheiro da Encosta do Castelo
Telheiro da Encosta do Castelo créditos: andarilho.pt

Quando chegámos ao telheiro encontrámos Mafalda Rosário dentro de um forno, na parte debaixo do solo, onde estavam alguns tijolos prontos para a cozedura que demora muito tempo. “É de calor direto, o calor entra por baixo e sai por cima, diretamente. São alimentados a lenha. As cozeduras podem demorar entre 12 a 16h.”

Telheiro da Encosta do Castelo
Telheiro da Encosta do Castelo créditos: andarilho.pt

O forno mais fascinante está logo à entrada. Tem uma forma diferente. É curvo e a superfície no interior está toda coberta com um brilho esverdeado que contrasta com o tom mortiço do tijolo avermelhado na parede exterior. É o forno de grés de sal.

Telheiro da Encosta do Castelo
Telheiro da Encosta do Castelo créditos: andarilho.pt

“O calor entra por baixo, vai para cima, volta para baixo e sai por baixo. Faz a viagem no interior do forno. Por causa disso o forno tem a forma de uma abóbada. Pode cozer a baixa temperatura e a alta temperatura. Neste caso, por vezes coloca-se sal e dá um final bonito às peças. As evaporações, quando se coloca o sal, espalham as partículas que ficam coladas em todo o lado do interior do forno, por isso está vidrado.” Tem um efeito surpreendente.

Telheiro da Encosta do Castelo
Telheiro da Encosta do Castelo créditos: andarilho.pt

Tal como o nome indica o telheiro está numa das encostas do castelo de Montemor-o-Novo.

Foi reconstruído há cerca de 25 anos e está na génese da associação Oficinas do Convento.

Telheiro da Encosta do Castelo
Telheiro da Encosta do Castelo créditos: andarilho.pt

Vamos ao Telheiro da Encosta do Castelo meter a mão na massa e fazer tijolos faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.