Hoje vamos meter a mão na massa e fazer tijolos com uma forma de madeira.
À mão enchemos e comprimimos a massa cinzenta no interior da forma e com uma régua molhada fazemos o alisamento.
Depois de retirada a estrutura de madeira, com cuidado, vemos dois tijolos prontos para serem secos e cozidos.
Tudo isto em pouco mais de um minuto, mas precisamos de agilidade.
Os visitantes podem fazer esta experiência no Telheiro da Encosta do Castelo.
A mestre, Mafalda Rosário diz, com um largo sorriso, que as crianças ficam encantadas, “adoram, gostam de se sujar. Os pais nem tanto. Elas gostam muito, não particularmente com o barro do tijolo porque não podem moldar da maneira que querem. Mas gostam de outras cerâmicas em que podem fazer bonecos.”
Quem não quer meter a mão na massa pode acompanhar o ciclo de produção de materiais genuínos e representativos do património do Alentejo. “O nosso processo é todo artesanal. Desde o amassar a pasta, modular, cozer e colocar em paletes para o cliente vir buscar.”
No telheiro, todo construído em tijolo, e na eira, acompanhamos o processo que varia ao longo do ano. “Como o nosso material é seco ao sol fazemos esse trabalho na primavera e verão. A partir do final de setembro, princípio de outubro, começamos a fazer a preparação de pastas cerâmicas, de alta e baixa temperatura, para, por exemplo, escultura e olaria.”
A atividade base é a produção dos tijolos, muitas vezes com medidas específicas, e também a produção de cerâmica de grande formato. Para além disso, o telheiro funciona como atelier e espaço de investigação, no âmbito de artes plásticas.
Corresponde à atividade principal da associação Oficinas do Convento que gere o espaço.
A matéria-prima para a produção do chamado tijolo burro é da região e é uma escolha exigente.
Na explicação de Mafalda Rosário, “a terra não pode ter muita argila porque o material é seco ao sol. Para o tijolo vamos buscar a terra a uma herdade do município de Montemor-o-Novo.
Antes de cavarmos recolhemos amostras que trazemos para o telheiro, para ver como se comporta durante a secagem e cozedura. Colocamos depois dentro de água para avaliar o comportamento da terra depois de cozida.”
Quando chegámos ao telheiro encontrámos Mafalda Rosário dentro de um forno, na parte debaixo do solo, onde estavam alguns tijolos prontos para a cozedura que demora muito tempo. “É de calor direto, o calor entra por baixo e sai por cima, diretamente. São alimentados a lenha. As cozeduras podem demorar entre 12 a 16h.”
O forno mais fascinante está logo à entrada. Tem uma forma diferente. É curvo e a superfície no interior está toda coberta com um brilho esverdeado que contrasta com o tom mortiço do tijolo avermelhado na parede exterior. É o forno de grés de sal.
“O calor entra por baixo, vai para cima, volta para baixo e sai por baixo. Faz a viagem no interior do forno. Por causa disso o forno tem a forma de uma abóbada. Pode cozer a baixa temperatura e a alta temperatura. Neste caso, por vezes coloca-se sal e dá um final bonito às peças. As evaporações, quando se coloca o sal, espalham as partículas que ficam coladas em todo o lado do interior do forno, por isso está vidrado.” Tem um efeito surpreendente.
Tal como o nome indica o telheiro está numa das encostas do castelo de Montemor-o-Novo.
Foi reconstruído há cerca de 25 anos e está na génese da associação Oficinas do Convento.
Vamos ao Telheiro da Encosta do Castelo meter a mão na massa e fazer tijolos faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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