O edifício do antigo restaurante panorâmico de Monsanto está quase sempre cheio e não é apenas com portugueses.

Panorâmico de Monsanto
créditos: andarilho.pt

É também procurado por estrangeiros e a grande maioria dos visitantes são jovens.

Sobem as escadas no interior do edifício circular e repleto de pinturas murais e grafitis.

Panorâmico de Monsanto
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Logo no primeiro piso, deparam-se com uma varanda improvisada com gradeamento de ferro. Improvisada mas reconhecidamente com a melhor vista de Lisboa.

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Como foi dito no anúncio da construção do edifício, em 1962, “o restaurante miradouro situado no alto da serra de Monsanto, num local donde se desfruta um esplêndido panorama sobre toda a cidade, o rio até à foz, e a margem sul.”

A vista do Miradouro Panorâmico de Monsanto é de 270 graus, vai do aeroporto a S. Julião da Barra. Em detalhe contemplamos a mata de Monsanto, o Aqueduto das Águas Livres e a Ponte 25 de Abril até à Praça das Portagens.

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Desta margem do rio, observamos ainda Alcochete, Trafaria e, quando as nuvens não o impedem, o Cabo Espichel e o castelo de Palmela.

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Sem dúvida que, a par do Cristo Rei, é uma panorâmica que dá o maior abraço à região de Lisboa. Este é um dos motivos porque Ana Abrunhosa tem o hábito de trazer “pessoas que não são de Lisboa, para conhecerem e verem a cidade. A vista não é de 360 graus, mas é bem próximo disso.” Mesmo quando há nuvens a vista não perde relevo, “é sempre um bom sítio para as pessoas terem uma boa vista de Lisboa.”

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Ana Abrunhosa estava com um grupo de amigos no primeiro piso que antes foi destinado a um restaurante de luxo, com orquestra e pista de dança. Agora, a estrutura está esventrada, o teto com vigas de cimento à mostra e as paredes repletas de inscrições e pinturas. Um dos trabalhos numa parede lateral, iluminado por um bonito vitral e uma varanda mais pequena, é um mural de Vhils.

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É o rosto esculpido de Marielle Franco, a ativista brasileira assassinada no Rio de Janeiro em 2018.

Como o edifício é circular, toda a frente virada para Lisboa e o Tejo tinha uma parede de vidro. No presente continua a oferecer uma vista panorâmica única da cidade e antecipa-se a reação das pessoas.

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“Adoram. Aliás, acho que a maior parte das pessoas que visitam Lisboa gostam de olhar para a cidade, que tem uma luminosidade fantástica, e ficam pasmados com o que temos. Aqui o que mais gostam é da vista de conjunto. Não é só o Tejo que dá este bom ar à cidade de Lisboa. Mesmo na parte onde temos os prédios tem uma vista lindiíssima.”

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O lugar mais procurado é a varanda de tubos metálicos. “Sim, agora não se pode ir à parte de cima por causa das questões da COVID. Na parte de cima temos uma vista melhor, mas acho que esta já nos permite ter uma boa olhadela para o que se passa em Lisboa.”

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O miradouro é o piso mais alto e tem ainda um painel de azulejos de Manuela Ribeiro Soares, com representação de Lisboa antes do terramoto de 1755. É uma das obras originais. Outra continua a dar as boas-vindas aos visitantes no piso 0.

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Saltibancos, palhaços e uma peixeira são algumas das “Figuras e Cenas da Cidade de Lisboa”, um enorme painel cerâmico de Manuela Madureira, feito na fábrica Viúva Lamego.

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Numa das paredes exteriores é ainda possível ver outra obra original. Duas mulheres e um homem, em relevo de granito, da autoria da escultora Maria Teresa Quirino da Fonseca.

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No estado atual do edifício, que esteve ao abandono desde 2001 e foi recentemente adaptado pela Câmara Municipal para miradouro,  a reação dos visitantes é mais ambígua.

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Nas palavras de Ana Abrunhosa, “o edifício, apesar de estar estragado e abandonado e não ser propriamente uma coisa bonita, acaba por ter uma história por trás e dá para esquecer o que se passa aqui e olharmos para o que temos à nossa frente.” A arte urbana que cobre quase todas as paredes também lhe gera sensações contraditórias.

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O acesso a esta zona de Monsanto não é fácil, há poucos transportes públicos, mas, mesmo assim, é frequente o restaurante ter a lotação esgotada e com muitos estrangeiros. “Acho que é muito passa-palavra e pelas fotografias bonitas que as pessoas colocam no Instagram. Muitas acabam por perguntar e depois vir aqui.”

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Curiosamente talvez seja esta a fase mais popular do restaurante panorâmico de Monsanto que foi inaugurado há 50 anos. Foi um projeto que se desejava emblemático para a cidade, mas que acabou por ser um sorvedouro de dinheiro público e privado.

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A obra é do Estado Novo e o projeto é da autoria do arquiteto Chaves Costa, o que foi uma surpresa tendo em conta que outro arquiteto, Keil do Amaral, concebeu e concretizou o Parque de Monsanto.

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A obra terá sido concluída em 1967 e o espaço era dedicado a eventos do município. Mais tarde foi por duas vezes concessionado como restaurante, mas só em 1970 foi inaugurado e funcionou continuamente apenas dois anos.

Aqui tem informação sobre acesso e horários.

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Miradouro Panorâmico de Monsanto – a melhor varanda de Lisboa faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.