O castelo é também o ADN de Linhares da Beira.
Revela a robustez destas gentes ao estar assente num maciço granítico.
A construção remonta ao séc. XI mas foi profundamente requalificado dois séculos depois para vigiar a fronteira com o Reino de Leão.
As duas torres, a de menagem e a do relógio, têm uma excelente vista para o vale em direcção a Viseu.
Em Linhares destacam-se ainda três solares que servem de montra para algumas das nove bonitas janelas manuelinas.
Logo à chegada, deparamos com um desses solares onde hoje estão as instalações do Inatel.
É também por aqui que passava a estrada dos almocreves, que fazia a ligação entre o Alto Mondego e a Cova da Beira. É um caminho medieval que aproveita parte do percurso de uma calçada romana.
Os romanos deixaram em Linhares da Beira um património raro que está bem conservado e que marcou a autonomia política e administrativa da comunidade local. É o Fórum onde os chamados homens bons tomavam decisões sobre a comunidade e faziam aplicar a justiça.
Mesmo em frente do quadrado de bancos de pedra onde os homens bons se reuniam está o pelourinho. Está no meio do largo, foi edificado em 1510 e tem a esfera armilar e a cruz de Cristo, sinais de uma construção manuelina. Corresponde a uma segunda fase de afirmação local. O foral é de 1169 mas foi renovado por D. Dinis.
Convém subir em direcção ao castelo não pelo caminho mais curto mas pelo meio da povoação. Temos o prémio de ir ao miradouro com vista para a Serra da Estrela e ver alguns habitantes no trabalho agrícola.
Linhares da Beira tem 150 habitantes e a agricultura é a principal actividade económica. Alguns habitantes trabalham fora da aldeia.
Linhares tem ruas e casario bem preservado. É exemplo a entrada para a Rua da Judiaria. Em cima está uma casa com uma janela manuelina. É a Casa do Judeu e tem um arco por onde se entra na Rua da Judiaria.
No património religioso destacam-se duas igrejas. A que sobressai é a Igreja Matriz porque está no alto, ao lado do castelo. A origem é do séc. XII, foi profundamente remodelada cinco séculos depois e tem pinturas em madeira atribuídas a Grão Vasco.
Por último, uma observação para quem gosta de engenharia. Ao longo da aldeia há vários canais de água e que aproveitam a água que vem da Serra. Muitos canais são subterrâneos e têm pequenas portas giratórias de metal. Servem para orientar o fluxo para a irrigação dos terrenos na zona vizinha da aldeia.
Linhares da Beira pertence ao concelho de Celorico da Beira e faz parte das 12 aldeias históricas de Portugal.
Linhares está entre o céu e a terra faz parte do podcast semanal da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e pode ouvir aqui.
A emissão deste episódio, Linhares está entre o céu e a terra, pode ouvir aqui
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