É um conjunto de pequenas construções de xisto encavalitadas numa encosta, próximo de uma construção muito maior, também de xisto.
Segue-se um enorme espelho de água provocado por um dique que determina o percurso do rio Ceira. No passado recente, era a força motriz do lagar.
O cenário fica completo com uma longa ponte de pedra de estilo românico e decorada com trepadeiras. Na nossa primeira passagem falámos com duas inglesas. Aproveitavam o sossego e a frescura da água do rio Ceira.
Uma delas nadava no amplo espelho de água, sozinha, e com uma vista deslumbrante.
Agora, mantém-se o ambiente sereno e a área foi requalificada. É uma das mais bonitas praias fluviais desta região.
O rio surge entre duas encostas com o verde das árvores a refletirem-se no espelho de água.
Numa das margens, há um pequeno areal, com sombra e alguns bancos e mesas de madeira. Ao lado do açude a azenha do lagar deixa escoar a água no lugar do rodízio.
As cerca de duas dezenas de pequenas construções de xisto preservam a traça original. Diz Herminda que são “as casinhas das tulhas onde antigamente guardávamos a azeitona. Andávamos todo o dia na azeitona e todos levavam a azeitona às costas para as tulhas.
Acumulava-se lá até chegar a nossa vez no lagar. Nós também temos lá uma casinha dessas, de xisto. Quem a fez foi o meu sogro. É a única com um janelito. Cada construção é pertença de uma pessoa.”
Herminda, mais conhecida por Minda na Cabreira, a aldeia que o rio Ceira vai de seguida acompanhar no vale, acrescenta que o lagar de varas funcionou até há poucos anos. “Era bonito, se vocês vissem aquilo a moer e tudo a funcionar iam ficar admirados.”
O lagar tem agora um telhado novo em lousa, percebe-se que foi restaurado recentemente. A grande transformação foi em meados do século passado, depois do rio Ceira ter devastado as construções de xisto, em 1953.
Passam por aqui caminhos pedestres e, por outro lado, a praia fica mesmo ao lado da estrada principal, a M543, uma via rodoviária entre os concelhos de Arganil e Góis com excelentes vistas panorâmicas das serras.
No património histórico e cultural desta zona, destaca-se ainda o aproveitamento mineiro, em particular de volfrâmio no decorrer da Segunda Guerra Mundial. No topo do monte onde está a ponte românica, também conhecida como Ponte Velha, é possível avistar um edifício que servia de abrigo aos mineiros.
A ponte foi construída no seculo XIX por um benemérito, Manoel Baeta Neves, mais tarde nomeado Barão de Loredo. Emigrou para o Brasil, Minas Gerais.
Não esqueceu as suas origens e, entre outro património, mandou construir cinco pontes, escolas e capelas.
Comentários