O que torna um lugar especial? O que faz dele um sítio onde queremos estar vezes e vezes sem conta, quase como se fosse um pouco a extensão da nossa sala de estar? A história, o espaço, o ambiente, as pessoas, pequenos pormenores, uma loja em particular, alguém que nos habituámos a ver ou até uma história de amor, alguns encontros, muitos desencontros. As ruas estreitas preenchidas de edifícios antigos, as praças cheias de vida, as margens tranquilas do rio Lis e, claro, o imponente castelo fazem de Leiria uma cidade muito especial.
Quase 900 anos nos separam desde a fundação do castelo, mandado erguer por D. Afonso Henriques, em 1135, que pretendia, então, conquistar o território a sul do Mondego aos muçulmanos. Não foi fácil, houve vitórias e derrotas, avanços e recuos. E o castelo, estrategicamente edificado numa colina, foi determinante. A sua imponência mantém-se até aos dias de hoje e o facto de o vermos a partir de vários pontos da cidade é algo único.
Este lugar foi também marcante para o rei D. Dinis que ali residiu em algumas ocasiões, acabando por oferecer à rainha Santa Isabel a vila e o seu castelo.
Foi à sua volta que as populações acabaram por se fixar, aproveitando também as margens do rio Lis, que atravessa a cidade. O antigo Rossio deu lugar à praça do poeta Rodrigues Lobo e a rua Direita (todos os centros históricos têm a sua) passou a chamar-se Barão de Viamonte. Os nomes mudaram, as configurações foram alteradas, mas ficou uma história cada vez mais rica e um passado cada vez mais grandioso.
Vale a pena percorrer a pé as ruas e ruelas que circundam a praça Rodrigues Lobo, conhecer a vida que borbulha a qualquer hora do dia e a muitas horas da noite. Ali coexistem lojas antigas, marcas de outros tempos com novos negócios e ideias contemporâneas. É também possível seguir a rota do Crime d’O Padre Amaro, homenageando o escritor Eça de Queirós que residiu na cidade durante um ano. E apreciar as curiosas ilustrações da artista Sílvia Patrício afixadas em diversos edifícios.
Ali perto, encontramos a Fonte Luminosa com um interessante conjunto escultórico da autoria de Lagoa Henriques. Mas é obrigatório subir ao castelo, passando pela Sé, tal como subir a outra colina, onde se encontra edificada a Senhora da Encarnação.
Caminhar junto às margens do rio Lis é um passeio bastante agradável e tranquilo. Seguindo as águas do rio, podemos visitar o Museu do Moinho de Papel, que foi usado a partir do século XV no fabrico de papel, ou o Museu de Leiria, que se encontra nos claustros da Igreja de Santo Agostinho. Para matar a fome ou acalmar a gulodice, vale a pena provar as tradicionais brisas do Liz.
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