Filho de um rico e abastado proprietário da Beira Interior que se instalara com sucesso no Ribatejo, Carlos Relvas aprendeu ciências e línguas, mas depressa deixou-se atrair pelas atividades ao ar livre, revelando-se um verdadeiro sportsman. O interesse pela fotografia — tecnologia que era nova na época —, veio mais tarde, como reflexo da curiosidade insaciável e a absoluta necessidade de inventar de Relvas.
Ele dedicou-se a diversas atividades, mas a fotografia permaneceu sempre como a sua grande paixão. Apesar de se considerar um fotógrafo amador, ganhou prémios internacionais em certames importantes como a Exposição Universal de Viena e de Paris.
Deixou-nos um extraordinário património de imagens e chegou a inventar um aparelho para facilitar as focagens, mas a magnífica Casa-Estúdio da Golegã, única no seu género a nível mundial, é o seu maior legado.
Situada no jardim da sua casa do Outeiro, o edifício tipo chalet, revelou-se um projeto arrojado e cuidadosamente concebido. Inaugurada em 1876 a casa tem dois pisos e apresenta-se decorada de acordo com as tendências românticas da época. No rés-do-chão funcionavam os laboratórios e a receção, situando-se no primeiro andar o espaço de maquilhagem e as enormes vidraças do estúdio. Aí, numa ampla área, podia-se encontrar todo o tipo de mobiliário e acessórios fotográficos, bem como grandes telas pintadas com paisagens diversas, tudo encimado por uma estrutura de ferro e vidro que sustinha as cortinas reguladoras da luz, movidas por um sistema de cordas e roldanas que ainda hoje funciona.
Na fachada principal destacam-se os bustos de Niépce e Daguérre, mandados executar por Carlos Relvas, em homenagem aos principais inventores da arte fotográfica e um anjo decorativo que segura uma máquina fotográfica, sentado em cima do mundo.
No interior, ao longo da visita guiada podemos ver as muitas imagens feitas por Carlos Relvas que durante a sua vida retratou tanto reis como mendigos, fotografou paisagens e cenas da vida quotidiana portuguesa.
Curiosamente, as fotografias no interior da Casa - Estúdio, não são permitidas (a não ser na loja). Achei irónico proibir a fotografia num lugar que é um autentico templo a esta arte. Será que Carlos Relvas estaria de acordo? Tenho as minhas dúvidas, mas enfim… A visita vale pela beleza extraordinária da casa, que possui detalhes como azulejos de Bordalo Pinheiro e uma original escadaria em caracol, mas também por nos dar a conhecer a figura fascinante que foi Carlos Relvas, e nos mostrar os primórdios da fotografia em Portugal e no mundo.
Se passarem na Golegã, não deixem de visitar!
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