Localizada numa das regiões mais planas e extensas de Portugal, a Golegã sempre teve uma forte ligação ao mundo dos cavalos e às suas tradições, e essa ligação sente-se por todo lado, desde o principal hotel da cidade, o Hotel Lusitano, até às placas que sinalizam as ruas, as praças, a paragem de táxis e até uma escultura maravilhosa de José Augusto Coimbra chamada “Barriga da Semente”.

Passeios de cavalo e de charrete podem igualmente ser marcados junto de operadores de turismo equestre da região, mas sem dúvida o expoente máximo para quem se interessa por equídeos é visitar a Feira de S. Martinho — atualmente a Feira Internacional do Cavalo Lusitano — que anualmente atrai milhares de visitantes nacionais e estrangeiros. É um certame importante, cujas origens remontam ao século XVIII, com muitas das raças mais refinadas de Portugal (como o Lusitano, Sorraia, Alter Real, Garrano e Terceira) a competir em todo o tipo de eventos, incluindo emocionantes corridas de carruagens. É bem animado e a cidade fica irreconhecível com tanta gente e movimento, porém fora das datas do evento, a Golegã é um exemplo de paz e tranquilidade.

O movimento concentra-se principalmente no Largo da Imaculada Conceição, frente à Igreja Matriz e ao pé do Café Central.

A Igreja Matriz atrai imediatamente o olhar pois apresenta uma extraordinária fachada manuelina do século XVI, uma das mais impressionantes do centro de Portugal. Foi desenhada por Diogo Boytac, o arquiteto por detrás dos magníficos mosteiros da Batalha e dos Jerónimos em Lisboa.

Instalado no Edifício Equuspolis, na Rua D. João IV, fica outra atração: o Museu Martins Correia. Nascido na Golegã em 1910, Martins Correia, o "escultor da cor",  foi um reconhecido artista expressionista português e o museu que lhe é dedicado, abriga uma impressionante coleção com mais de 600 das suas melhores pinturas, esculturas, desenhos e gravuras. Podemos também encontrar uma das obras do mestre — a escultura “Camponesa” — a embelezar as ruas da Golegã.

O Museu Martins Correia é sem dúvida uma paragem interessante, mas é a elegante Casa-Estúdio do aclamado fotógrafo amador Carlos Relvas, agora um museu onde podemos admirar os seus trabalhos, que merece uma atenção especial de quem visita a Golegã. Além de ser arquitetonicamente maravilhosa, com azulejos de Bordalo Pinheiro, uma espetacular escadaria de madeira em caracol e protótipos das invenções deste verdadeiro homem da Renascença, o museu expõe os seus equipamentos fotográficos e explica como tudo funcionava numa maravilhosa visita guiada. 

Quem procura maior contacto com a natureza, encontra-o junto à estrada para a Azinhaga, na Reserva Natural do Paúl do Boquilobo, uma grande área protegida classificada pela UNESCO como Reserva da Biosfera (a primeira do género em Portugal).

Lar de muitas espécies de aves, principalmente garças, esta reserva natural intocada fica numa curva do rio Almonda e é composta por uma zona húmida de água doce e por pântanos.

Durante muitos anos funcionou como um valioso depósito de partículas aluviais, transportadas pelo rio Tejo, que davam origem a áreas cultivadas férteis que, por sua vez, muito contribuíram para a prosperidade económica da Golegã.

Golegã
créditos: Travellight

A poucos quilómetros da Golegã, vale ainda a pena conhecer Azinhaga, a terra que viu nascer José Saramago, e visitar a Fundação com o nome do escritor que abriga uma biblioteca, recortes de imprensa que relatam a presença e o relacionamento de Saramago com a sua terra natal e alguns objetos pessoais do Prémio Nobel da Literatura.

Azinhaga
créditos: Travellight

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