Experienciar todos estes recantos requer algum tempo até porque o Vale do Varosa é rico em património edificado e paisagístico com um elevado valor histórico e cultural.

Nos primeiros 23km deste percurso iniciamos a caminhada no Mosteiro de São João de Tarouca e terminamos na ponte Românica de Vila Pouca em Salzedas. No próximo artigo daremos a conhecer os 19km restantes que vão de Vila Pouca até à Ponte Metálica do rio Douro, passando pelos sublimes varandins do Varosa.

1. Mosteiro de São João de Tarouca

Começamos a caminhada da melhor forma, junto do Mosteiro de São João de Tarouca.

Mosteiro de São João de Tarouca
Mosteiro de São João de Tarouca créditos: Pedro Sá

Classificado como Monumento Nacional, aqui há muito por descobrir, a Igreja de São João de Tarouca, as ruínas do mosteiro e até o centro interpretativo onde poderão conhecer melhor toda a sua história.

A partir daqui, uma rua estreita e uma pequena escadaria vão levar-vos até ao rio Varosa, com um pequeno caudal nesta fase do percurso, já que a nascente encontra-se numa freguesia próxima.

2. Ponte românica de São João de Tarouca

Chegamos à ponte românica de Tarouca, a primeira de muitas pontes históricas que iremos atravessar ao longo do percurso.

Ponte românica de São João de Tarouca
Ponte românica de São João de Tarouca créditos: Pedro Sá

Daqui é possível avistar pequenas cascatas, moinhos e alguns socalcos que envolvem o caminho que se avizinha.

3. Ponte românica de Mondim da Beira

Para chegar a este ponto, percorremos um caminho sempre próximo do rio com excelentes áreas verdes, uma levada, campos de cultivo e até uma casa bastante peculiar já bem próxima da ponte.

Ponte românica de Mondim da Beira
Casa próxima da Ponte românica de Mondim da Beira créditos: Pedro Sá

O moinho do Pego, bastante bem preservado e recuperado anunciava que um recanto interessante poderia estar próximo e não há dúvidas que assim foi.

Repentinamente, surge a ponte românica de Mondim da Beira, junto a ela, um pequeno parque de lazer, uma praia fluvial aparentemente bem equipada e uma povoação bem acolhedora.

ponte românica de Mondim da Beira
Ponte românica de Mondim da Beira créditos: Pedro Sá

4. Arco da Paredela

Continuamos o nosso caminho. Como paisagem de fundo belos campos de cerejeiras em flor preenchem o horizonte.

Cerejeiras em flor
Cerejeiras em flor pelo caminho créditos: Pedro Sá

Um novo ponto ergue-se num local onde pouco parecia existir além da paisagem envolvente, o Arco da Paredela.

Ao que tudo indica o corpo do Conde de Barcelos estava a ser levado de Lalim para ser sepultado no Mosteiro de S. João de Tarouca e parou neste local. No entanto, as opiniões sobre o arco divergem de autor para autor. Para uns, é um marco monumental que se ergueu para demarcar o limite do Couto do Mosteiro de S. João de Tarouca, para outros, um monumento funerário.

Arco da Paredela
Arco da Paredela créditos: Pedro Sá

5. Morro da Alcâcima

Chegamos à cidade de Tarouca. As primeiras ruas que nos recebem preservam ainda algumas habitações típicas, o que torna qualquer cidade mais atrativa.

Lá no alto e bem no centro da cidade começamos a observar o Morro da Alcâcima, um espaço de lazer bem conseguido já que é composto por um miradouro, uma igreja, uma horta biológica, um parque infantil, um pequeno ginásio ao ar livre e várias sombras das árvores onde desfrutamos de um bom descanso antes de continuar o percurso.

Morro da Alcâcima
Morro da Alcâcima créditos: Pedro Sá
Tarouca
Tarouca créditos: Pedro Sá

6. Parque Ribeirinho de Tarouca

A uma curta distância e ainda na cidade de Tarouca encontrámos o Parque Ribeirinho. O amplo espaço verde e os espelhos de água junto a todo o parque tornam o espaço incrível para atividades ao ar livre com a família ou amigos.

Parque Ribeirinho de Tarouca
Parque Ribeirinho de Tarouca créditos: Pedro Sá

O mais difícil por aqui é mesmo decidir qual a atividade a praticar. A pista de skate, polidesportivo, campo de minigolfe, piscina, parque de merendas, parque infantil, espaço de recreio de cavalos são apenas algumas escolhas do vasto leque de possibilidades.

7. Casa do Paço de Dalvares

Caminhamos em direção a Dalvares. Poucos metros depois do Parque Ribeirinho de Tarouca, os campos de sabugueiros são o nosso primeiro foco já que por terras de Tarouca o sabugueiro é utilizado em bastantes produtos artesanais. Como prova da sua importância existe até uma associação recreativa e cultural neste local intitulada de "Flor de Sabugueiro".

Casa do Paço de Dalvares
Casa do Paço de Dalvares créditos: Pedro Sá

Já em Dalvares a Casa do Paço recebe-nos de portas abertas para uma visita ao Museu do Espumante Murganheira.

8. Ucanha

Ucanha
Ucanha créditos: Pedro Sá

A caminho de Ucanha, aproximamo-nos novamente da zona ribeirinha e descobrimos recantos puros onde apenas os pássaros se faziam ouvir. Uma pequena cascata, um moinho abandonado, plantações de macieiras, e uma subida um pouco mais íngreme pela montanha onde descobrimos até um quartzo são os últimos passos antes da chegada ao local onde recomendamos um almoço.

Ao fundo, já vemos a notável torre e ponte de Ucanha. Mesmo à entrada da ponte existe a "Tasquinha do Matias", bastante acolhedora e com um atendimento excelente, apresenta-nos sabores típicos da região como é o caso dos "milhos no pote" que vão ter mesmo de provar.

O dia já vai longo e há que continuar a caminhada, mas antes ainda nos refrescamos na água do Rio Varosa e até subimos a célebre torre que nos deu uma nova perspetiva da aldeia.

Aproveitamos para vos deixar os motivos que levaram à construção deste monumento agora considerado Monumento Nacional: defesa, entrada do couto monástico de Salzedas e ostentação senhorial, bem patente na alta torre e a da cobrança fiscal, pelo valor económico que tal representaria para o mosteiro cisterciense erguido próximo.

Torre de Ucanha
Torre de Ucanha créditos: Pedro Sá
Ucanha
Ucanha créditos: Pedro Sá

De volta ao percurso, subimos uma rua peculiar com habitações bastante coloridas que nos dão vontade de fotografar cada cantinho.

9. Mosteiro de Santa Maria de Salzedas

Poucos quilómetros depois, junto de uma pequena capela e cemitério, começamos a descer uma calçada de onde avistamos um daqueles pontos que mais nos surpreendeu.

Salzedas
Salzedas créditos: Pedro Sá

O mosteiro de Santa Maria de Salzedas surge no meio de uma pacata vila do Douro de uma forma imponente.

A preservação da estrutura prova que ao longo da GR64 há mesmo muito por descobrir a cada passo.

Mosteiro de Salzedas
Mosteiro de Salzedas créditos: Pedro Sá

Também o Mosteiro de Salzedas está construído junto a um curso de água, neste caso o rio Torno, no cumprimento da exigência de Cister de construir as suas dependências junto de cursos de água.

Aqui aconselhamos também uma visita ao bairro do Quelho, antiga judiaria de Salzedas.

10. Ponte românica de Salzedas

Muito próximo e junto ao itinerário fica a ponte românica de Salzedas rodeada por vegetação. Localizada num local recatado e calmo, esta ponte será uma boa sugestão para uma pausa já que a partir daqui tivemos de subir e descer algumas vinhas, olivais e algumas zonas de estrada.

11. Murganheira

Próximos da nossa meta, e antes da grande descida, fica a aldeia da Murganheira, lugar onde se encontram as famosas caves graníticas da Murganheira que infelizmente não tivemos oportunidade de visitar. Contudo, fica esta referência para que o possam fazer.

Murganheira
Murganheira créditos: Pedro Sá
Sinalética
Sinalética do percurso créditos: Pedro Sá

A aldeia caracteriza-se pelas vinhas e socalcos que nos recebem de "braços abertos" com caminhos estreitos por onde o tempo parece não ter passado.

12. Ponte românica de Vila Pouca

Na nossa descida, a sinalética que encontramos relembra-nos todos os pontos que hoje conhecemos e deixa-nos ainda mais curiosos para os próximos que teremos de percorrer para a grande chegada à ponte sobre o Rio Douro.

Ponte românica de Vila Pouca
Ponte românica de Vila Pouca créditos: Pedro Sá

Nesta última descida somos ainda surpreendidos por esta ponte onde existem três moinhos de rodízio, todos com caraterísticas diferentes devido ao cereal que moíam: milho, centeio e cevada.

Mas uma coisa foi bastante clara assim que aqui chegamos: este era um dos recantos naturais mais bonitos do percurso que fizemos hoje.

Caminho dos Monges
créditos: Pedro Sá

Chegamos à meta com a certeza que guardamos na memória mais um cantinho de Portugal que fez e continua a fazer parte da nossa história.

Este é apenas um resumo do que descobrimos ao longo de 23km. Ficam ainda outros 19km que vamos descrever no próximo artigo. Curiosos? Nós também!

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Artigo originalmente publicado no blogue Indo eu Indo eu