A primeira parte deste percurso ainda no concelho de Tarouca foi memorável, pelo que estávamos ansiosos para conhecer os restantes 19km.

1. Ponte pedonal

Partindo exatamente do mesmo ponto onde terminamos, a paisagem torna-se visivelmente distinta do que vimos até ao momento, não porque seja melhor ou pior, simplesmente porque agora o caminho segue no meio de vegetação mais densa e junto ao rio, o que torna esta parte mais fresca e relaxante.

Para trás deixamos uma pequena capela em recuperação ao que tudo indica, alguns moinhos abandonados, recantos extremamente belos e, antes da chegada à ponte pedonal, uma pequena subida pela montanha.

Ponte pedonal
Ponte pedonal créditos: Pedro Sá

Já mais distanciados do rio, a sinalética anuncia a recente ponte pedonal para a outra margem. Agora, o caminho começa a ficar bastante mais estreito e íngreme. Daqui, já é possível observar a ponte que se vai escondendo entre a natureza. Aqui, a paragem é obrigatória para poderem apreciar a fauna e a flora existente.

2. Ponte do rio Varosa, Recião

Depois da travessia e de alguns metros onde fotografamos bastante a encosta do rio, chegamos a uma pequena zona de lazer que se encontra abandonada, mas, apesar disso, é um bom recanto para estar um pouco com os amigos ou família.

Destacamos o espelho natural que se formava na água, uma pequena levada e, mais ao fundo, uma ponte que se foi tornando interessante à medida que nos aproximamos.

Ponte do rio Varosa, Recião
Ponte do rio Varosa, Recião créditos: Pedro Sá

A ponte do rio Varosa em Recião, é uma ponte romana em excelente estado de conservação onde é possível fazer a travessia de carro.

Neste local existe um alojamento local "Quinta de Recião" que, segundo a nossa pesquisa, será um bom local caso pretendam ficar mais tempo na região.

Levada
Levada créditos: Pedro Sá

3. Miradouro natural de Figueira

Caminhamos em direção à foz do rio e, talvez, esta tenha sido uma das subidas mais cansativas, mas a recompensa fez com que valesse a pena.

Numa simples curva onde nada de especial parece existir, eis que surge uma paisagem arrebatadora. O rio Varosa serpenteava as vinhas do vale criando uma verdadeira tela natural.

Miradouro natural de Figueira
Miradouro natural de Figueira créditos: Pedro Sá

Uma placa informativa faz-nos saber que daqui é possível observar a barragem, a cidade de Lamego e, vejam bem, até as serras das Meadas, do Marão e do Alvão.

4. Capela da Sra. da Pedra

Descemos toda aquela vinha maravilhosa que observamos no ponto anterior. Depois de todos aqueles socalcos, chegamos junto ao rio onde agora caminhamos com o som dos pássaros.

Rio Varosa
Rio Varosa créditos: Pedro Sá

Cruzamos alguns caminhos e desvendamos uma antiga mina de água que poucos reparam, mas que nós quisemos destacar pela sua envolvência. Poucos metros à frente, descobrimos uma pequena capela onde encontramos algumas evidências de que é utilizada recorrentemente.

Infelizmente, mesmo depois de uma pesquisa não tivemos acesso a informações sobre ela, apenas que se trata da Capela da Sra. da Pedra, ainda assim, também não encontrámos qualquer referência fidedigna que o comprove. Apesar disso, porque não uma pequena pausa por cá?

Capela
Capela da Sra. da Pedra créditos: Pedro Sá

5. Albufeira da Barragem do Varosa

Partindo da pequena capela, entramos na albufeira do Varosa. Daqui à barragem temos duas pontes pela frente para atravessar.

Confessamos que o estado em que se encontram partes das estruturas, tornam-se um pouco assustadoras, contudo os recantos que podemos observar ao longo da sua travessia são surpreendentes e de alguma forma místicos, como é o caso da ilha e das ruínas que existem na margem contrária.

Albufeira da Barragem do Varosa
Albufeira da Barragem do Varosa créditos: Pedro Sá

A caminho da barragem passamos por baixo da autoestrada e é daqui que conseguimos ter uma melhor perceção da real altura dos pilares que suportam as pontes da A24 nesta região.

Albufeira da Barragem do Varosa
Pilares que suportam as pontes da A24 créditos: Pedro Sá

6. Barragem do Varosa

Chegamos à barragem do Varosa e podemos dizer que fomos uns sortudos, já que ao chegar a este local tivemos oportunidade de ver os Caretos de Lazarim. Escusado será dizer que nem sempre andam por aqui, apenas foi possível já que estavam inseridos no programa de inauguração do Caminho dos Monges, contudo tínhamos de partilhar convosco este símbolo tão reconhecido em Lamego.

Barragem do Varosa
Barragem do Varosa créditos: Pedro Sá

Relativamente à barragem, esta possui uma altura de 76 m acima do terreno natural e um comprimento de 213 m. Entrou em funcionamento em 1976 e atualmente é um dos pontos mais procurados para fotografar nesta grande rota.

7. Escadaria da Barragem de Varosa

Antes que tenham vontade de descer ou subir estas escadas, desde já, avisamos que é impossível uma vez que são de uso exclusivo dos técnicos da estrutura. Porém, este é um local bastante visitado e as fotografias que aqui são feitas são até alvo de algumas discussões relativamente à sua veracidade.

Escadaria da Barragem de Varosa
Escadaria da Barragem de Varosa créditos: Pedro Sá

Apesar de parecer um conjunto de escadas desordenadas, com um olhar mais atento irá perceber que se trata de uma solução arrojada de engenharia.

8. Varandins do Varosa

Recentemente inaugurados, estes dois miradouros e o pequeno passadiço construído nas escarpas do vale do Varosa, permitem-nos ter uma vista magnífica para a paisagem envolvente.

A obra foi muito bem conseguida sendo que de forma segura os caminhantes podem observar estas formações rochosas que se erguem desde o rio de forma imponente.

Varandins do Varosa
Varandins do Varosa créditos: Pedro Sá

Percebemos durante a nossa caminhada que os Varandins do Varosa são talvez o ponto mais esperado nestes 19 km de percurso todavia não devem ficar por aqui porque ainda vão ter muito por descobrir, antes da grande final no rio Douro.

9. Primeiras instalações da companhia hidroelétrica do Varosa

Ao longo dos próximos quilómetros e antes de chegarem à Quinta de Mosteirô, vão fazer praticamente todo o percurso junto aquelas que foram as primeiras instalações hidroelétricas do Varosa.

Seguindo a levada que encaminhava toda a água que viria a produzir energia na central construída mais próxima da foz, vão passar por baixo de novas pontes de autoestrada, vão conseguir observar a localidade de Valdigem e vão até cruzar a estrada N2.

Valdigem
Valdigem créditos: Pedro Sá

10. Quinta de Mosteirô

No fundo do vale já conseguimos observar a ponte ferroviária do Varosa e podemos mesmo reduzir a distância da rota ao descer em direção à ponte, apesar disso, decidimos percorrer todo o percurso.

Desta forma, atravessamos a Quinta de Mosteirô, seguindo aquele que seria o traçado da linha ferroviária que ligaria Lamego a Peso da Régua. Um pouco mais cansativo, mas que não poderia ficar esquecido, já que além de conseguirmos um excelente panorama para o Peso da Régua, ficamos também a conhecer o local onde nasceu o vinho generoso que viria mais tarde a ser aprimorado no Vinho do Porto.

Quinta de Mosteirô
Quinta de Mosteirô créditos: Pedro Sá

Neste traçado, é ainda possível maravilhar-se com dois locais de renome no que toca ao turismo, a "Quinta da Pacheca" e o "Six Senses Douro Valley".

11. Ponte Ferroviária do Varosa

Construída entre 1931 e 1932, com 148,60 m de comprimento e altura de 40 m, esta ponte serviria a linha ferroviária de Lamego.

Ponte Ferroviária do Varosa
Ponte Ferroviária do Varosa créditos: Pedro Sá

Com o cancelamento das obras no final da década de 1930, esta ponte, atualmente, serve apenas para a travessia pedonal e para a observação da paisagem envolvente. Existe até quem pratique aqui algumas atividades radicais, como rapel.

12. Traçado linha de caminho de ferro

Assim que atravessamos a ponte, o itinerário continua naquela que seria a linha de caminho de ferro de Lamego. Este projeto que viria a ser cancelado teria cerca de 20 km de extensão e ligaria a Estação de Régua, na Linha do Douro, à cidade de Lamego.

Traçado da linha de caminho de ferro
Traçado da linha de caminho de ferro créditos: Pedro Sá

Infelizmente, ficaram apenas estes caminhos e pontes que nós utilizamos para percorrer o Caminho dos Monges. Este traçado permite-nos agora uma caminhada na história de uma região que teria, certamente, ganho muito com a sua conclusão.

13. Ponte metálica da Régua

Chegamos ao sublime Rio Douro com a cidade da Régua de fundo. Ainda tivemos oportunidade de fazer a travessia para a outra margem através da Ponte Metálica da Régua.

Cruzar esta ponte em pleno Património Mundial da Humanidade e sentir a brisa do rio no rosto é a melhor forma de terminar esta viagem por caminhos milenares onde ainda hoje podemos vislumbrar o legado deixado pelos Monges de Cister.

Peso da Régua
Peso da Régua créditos: Pedro Sá

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Artigo originalmente publicado no blogue Indo eu Indo eu