Logo na entrada, pelo Pátio dos Gerais, percebemos que não estamos numa universidade qualquer.

Universidade de Évora
créditos: andarilho.pt

O claustro tem uma fonte no centro e está rodeado de galerias com colunas todas brancas.

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Contrastam com o fundo azul dos azulejos que cobrem as paredes dos corredores que nos levam às salas de aula. O mais vistoso é a fachada da Sala dos Atos. É decorada com estátuas e símbolos reais. Nos dias amenos é nas escadas que se sentam alguns estudantes da Universidade de Évora, aproveitando raios de sol que dão mais brilho ao mármore.

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O ambiente faz esquecer a origem, o Colégio Jesuíta do Espírito Santo. Poucos anos após a sua criação, em 1559, tornou-se na segunda universidade portuguesa. 22 anos depois da Universidade de Coimbra. As instalações da universidade podem ser visitadas e uma visão geral é-nos já traçada pelo arquiteto Eduardo Miranda, dos serviços culturais da Câmara Municipal de Évora.

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“É um edifício que se organiza em vários pátios e claustros. É do seculo XVI. Do período da Renascença e depois do período chamado Maneirista. Teve várias fases de construção e ampliação. Foi edificado por alas que se foram articulando em claustros, em espaços abertos.”

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Claustro no interior créditos: andarilho.pt

Eduardo Miranda também salienta os vários claustros, “alguns de um classicismo muito puro e com uma certa simplicidade. O claustro maior já tem alguns apontamentos barrocos. Tem vários elementos no interior, designadamente um refeitório renascentista.

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Podemos visitar algumas salas de aula. Se a porta estiver aberta, é entrar e deslumbrar-nos com o cenário mil vezes contado de uma cátedra na universidade.

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A sala é pequena, as paredes estão revestidas com painéis de azulejos que contam histórias relacionadas com um tema. Por exemplo, “Cenas de caça” ou “géneros literários”. “ São do século XVIII os painéis historiados que representam as matérias que eram lecionadas nessas. Cada sala tinha uma temática”.

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Um banco de madeira percorre as paredes, onde os alunos se sentavam para ouvir o mestre na cátedra que está fixa numa parede e onde se acede por uma escada. As cátedras são feitas de madeiras exóticas de angelim. Esta configuração da sala de aula e os painéis de azulejos são posteriores à construção do colégio. São de medos do século XVII e as salas continuam a ser utilizadas para aulas. Mas, o professor já não sobe à cátedra.

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Em muitos outros espaços da Universidade há grandes painéis de azulejos. Havia sempre a preocupação de contar uma história. “A decoração, tal como nas igrejas, ilustravam narrativas e tinham um efeito didático.”

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Esta preocupação didática dos jesuítas encontramos em muitos outros espaços. Um deles é o ponto de encontro de vários corredores. Através de azulejos, pinturas e uma cúpula com lanternim, mostram-se os quatro elementos naturais: ar, água, terra e fogo. É como se estes elementos formassem uma simbiose dos quatro corredores que ali se encontram.

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Biblioteca créditos: andarilho.pt

Em quase todo o espaço o aspeto didático e funcional sobrepõe-se à preocupação ornamental. Há, no entanto, algumas exceções. Uma delas é a biblioteca com o teto pintado a fresco e muito decorado.

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Biblioteca créditos: andarilho.pt

Mas onde se verifica uma maior ostentação é, sem dúvida na Sala dos Atos Solenes. Está decorada com azulejos e estuque barroco e com os retratos de D. Sebastião e do Cardeal-rei D. Henrique, que teve um papel importante na história de Évora.

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Sala dos Atos Solenes créditos: andarilho.pt

“Foi o primeiro arcebispo de Évora e um mecenas importante na cidade. Foi o promotor do Colégio Espírito Santo e da instalação da Universidade.”

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Sala dos Atos Solenes créditos: andarilho.pt

“É o Seminário Maior de Évora. Está a norte do Colégio do Espírito Santo. É um edifício também do seculo XVI / XVII e que fazia parte de um conjunto de colégios que existiam na cidade. Associado ao Espírito Santo existiam outros colégios, e subsistem alguns, que faziam parte de uma rede de espaços dedicados ao ensino.”

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Esta rede de estabelecimentos de ensino teve o epicentro nos jesuítas que deixaram uma marca.
O colégio do Espírito Santo funcionou até à segunda metade do seculo XVIII, à expulsão dos jesuítas pelo Marquês de Pombal”. Depois acabou por encerrar e ser extinta. Criou um interregno na universidade e o edifício foi aproveitado para outros fins.

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O projeto da universidade foi retomado em 1973 com a criação de um Instituto que, seis anos depois, deu lugar à atual Universidade de Évora.

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Pórtico da Universidade créditos: andarilho.pt

No exterior da universidade deve-se ainda realçar o pórtico, em mármore,  e a igreja que está ao lado. A igreja do Colégio passou incólume a todas estas mudanças. Tem uma fachada imponente.

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Igreja do Colégio créditos: andarilho.pt

Foi construída no século XVI. É uma igreja salão e destacam-se o altar-mor e as várias capelas laterais com decoração em talha dourada.

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O enorme refeitório créditos: andarilho.pt

Um outro espaço que revela poucas alterações é o enorme refeitório do colégio. Tem muitos arcos e colunas de mármore. Dizem que terão sido reaproveitadas do antigo arco do triunfo romano que estava na Praça do Giraldo e que foi destruído quando da construção da igreja de santo Antão. O cardeal D. Henrique não queria que nada ofuscasse a visão da igreja, mandou retirar o arco de triunfo e algumas estátuas, e preferiu a fonte de mármore de 8 bicas que ainda lá se encontra.

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As salas de aula com cátedra dos jesuítas na Universidade de Évora faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.