Para quase tudo há uma explicação, mas para a reprodução do órgão sexual na abóbada da Capela de São João Batista ainda não foi encontrada.
A melhor justificação poderá ser a temática das representações que simbolizam a vida e a natureza. Na figura ao centro, dentro de um círculo, está representada uma mulher e rodeada de imagens do órgão sexual do homem, o que poderá ser interpretado como o símbolo da fecundação e da vida.
Por causa deste enigma, segundo João Godinho do Turismo da Amieira, têm sido realizados vários estudos para tentar descodificar as imagens.
A capela está junto do castelo, a construção é de 1556 e a imagem faz parte de um conjunto diversificado de representações em esgrafito colocadas em caixotões no teto. Uma área tão grande de esgrafitos para efeitos decorativos não é vulgar em Portugal. A técnica do esgrafito era usual na região de Nisa mas em pequenos formatos.
A Capela é de estilo renascentista e no altar tem uma imagem de S. João Batista. É original embora tenha sido restaurada há algum tempo. S. João Batista foi o padroeiro da Ordem dos Hospitalares a quem o rei delegou a gestão do castelo e este território.
O castelo está classificado como Monumento Nacional é do século XIV e foi mandado construir pelo Prior do Crato, o pai de Nuno Álvares Pereira. Álvaro Gonçalves Pereira viveu aqui alguns anos e alternava a residência com o Crato.
Está num declive porque o propósito inicial era servir como residência. Esta é também a razão porque se encontram vestígios de pinturas decorativas.
Percebe-se que retratam pessoas e cavalos mas podiam ser mais percetíveis se não tivessem colocado reboco quando das obras de restauro há cerca de cem anos.
O prior do Crato viveu no castelo alguns anos, na torre de menagem, e depois a estrutura passou a ter uma função defensiva junto com outros castelos constituindo uma linha de proteção do Tejo. Terá sido nesta altura que foram construídas duas prisões, cada uma em sua torre e ao olharmos através das grades ficamos surpreendidos com a altura e arrepiados com as condições impostas aos presos.
Após uma longa época de abandono, o castelo até funcionou como prisão e cemitério da aldeia. Foi entretanto recuperado, as últimas obras foram há cerca de dez anos e podem-se visitar as quatro torres e andar nas muralhas.
A torre maior é a de menagem. Tem mais de 20 metros de altura e é um espaço utilizado para exposições. Há uma exposição permanente sobre a história do castelo e mostras temporárias.
Apesar de se situar num declive, o castelo tem uma vista interessante. De um lado a serra com destaque para um fontanário branco e azul que chama logo a atenção. Do castelo temos ainda vista para o vale do Tejo e também para a Amieira.
No alto do casario sobressai a Capela do Calvário, um bonito edifício em pedra do século XVIII e que está classificado como Imóvel de Interesse Público.
Substitui uma outra capela que foi demolida para dar lugar à construção da atual. Esta tem capela-mor e dois altares laterais. O altar-mor é em granito.
A capela é grande e a fachada principal com cunhais e guarnições de granito reluzem ao pôr do sol. Há no entanto uma discussão que já se arrasta há algum tempo sobre o pinheiro que está em frente e que tapa a vista da fachada principal.
Há quem diga que deve ser derrubado para melhorar o postal ilustrado. Por enquanto ainda lá está. A visita à Amieira do Tejo tem de ser complementada com um passeio ao lado do rio e também com uma ida à Barca da Amieira, onde antes uma barca fazia a travessia dos carros.
Amieira do Tejo pertence ao concelho de Nisa e especula-se que a sua origem remonta ao tempo dos lusitanos.
Amieira do Tejo: duas capelas, um castelo e um enigma faz parte do podcast semanal da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e pode ouvir aqui.
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