João Diogo Polónio viajou, em 2015, para o Baleal por causa do surf, à procura de histórias para o projeto The Outside Crowd que mostra pessoas que “fazem alguma coisa relacionada com surf, mas fora de água”.

Se o interesse inicial era o surf, a quantidade de carrinhas que via estacionadas no Baleal despertou a atenção do então estudante de audiovisual e multimédia para este fenómeno. “Já tinha reparado na quantidade de carrinhas que havia aqui. Via que estavam modificadas, não eram autocaravanas, eram carrinhas normais. Aquilo começou a despertar-me a curiosidade”, conta ao SAPO Viagens.

Foi aí que surgiu a ideia de realizar um documentário sobre viver numa autocaranava. O Living the vanlife viria a ser o projeto final do mestrado, em 2017. Desde então, João tem levado o documentário a vários concursos, tendo feito, recentemente, parte da grelha da RTP 2 e da Fuel TV.

“A minha morada é uma matrícula”

O critério de seleção dos protagonistas do documentário, que mostra vários relatos, foi encontrar pessoas que, de facto, vivessem sobre quatro rodas. “Não é apenas uma viagem. Eles vivem ali. Sem ter a escapatória de ir para a casa, de ter as coisas que damos como garantidas: banho quente, casa de banho, cozinha completa, com máquina de lavar loiça, frigoríficos, congeladores e tudo mais”, explica o realizador.

A dada altura, João recorda-se de ter escrito a frase que resume bem a situação: “a minha morada é uma matrícula”.

“O que é a vanlife”? É a pergunta inicial do documentário e, ao longo de 30 minutos, procura-se responder a outras questões: como é que se vive numa carrinha ou como é que se sustentam?

As respostas são surpreendentes e mostram que muitos acontecimentos da vida podem levar a esta decisão, mas há algo em comum neste estilo de vida: a liberdade. Veja um pequeno trailer a seguir (em inglês).

No entanto, os problemas e desafios são diários e, hoje em dia, com a explosão da hashtag #vanlife nas redes sociais nem sempre há esta parte da história refletida nas fotos bonitas de carrinhas estacionadas à beira mar ou nas montanhas. Ainda assim, João considera que este movimento é bom porque desperta a curiosidade e faz com que as pessoas queriam experimentar este estilo de viajar e viver.

“Há uma diferença de tomar a decisão de viver numa carrinha e fazer uma viagem numa carrinha deste género. Não tomas uma decisão destas sem antes teres experimentado. A não ser que seja uma situação limite, tenhas um despejo e não tenhas outra alternativa”, realça.

Além de já ter feito algumas viagens do género, João tem, hoje em dia, duas carrinhas que aluga para viagens a partir de Lisboa. “Portugal é muito procurado por autocaravanistas”. O contacto com a natureza e o facto de ser um país pequeno são dois fatores que influenciam a escolha para muitos viajantes. Até então, também existia alguma facilidade na pernoite em parques e lugares de estacionamento, mas com a recente alteração ao código da estrada as regras poderão ficar mais apertadas.

Existem mais estrangeiros do que portugueses adeptos deste estilo de viagem. Aliás, no documentário, todos os protagonistas são estrangeiros, alemães, ingleses, holandeses ou franceses. Com a pandemia e a necessidade de nos mantermos mais isolados, está a aumentar a procura por autocaravanas. Para João, esta é a oportunidade para experimentar “a liberdade e a flexibilidade de poder estar em diferentes lugares”.

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