
As Salinas de Rio Maior, também conhecidas como Salinas da Fonte da Bica, são um impressionante complexo de salinas interiores situado no sopé da Serra dos Candeeiros, a cerca de 3 km do centro da cidade de Rio Maior.
A água salgada que alimenta os tanques das Salinas de Rio Maior provém de um poço subterrâneo que atravessa uma jazida de sal-gema, tornando-se sete vezes mais salgada do que a água do mar.
Foi este fenómeno geológico que permitiu (e continua a permitir), a exploração contínua do sal ao longo de mais de oito séculos, desde que em 1177, Pêro d’Aragão e Sancha Soares venderam parte do poço e das salinas à Ordem dos Templários. Durante muito tempo a produção de sal foi feita de forma artesanal, com os salineiros a dividirem o seu tempo entre a agricultura e a safra, que decorria entre maio e setembro.
Com o passar dos séculos, porém, a atividade foi perdendo atratividade económica, levando, em 1979, à criação da Cooperativa dos Produtores de Sal de Fonte Salina. Esta entidade revitalizou o espaço, modernizou os processos de recolha e embalamento e promoveu a valorização do sal como produto de qualidade, mantendo a tradição viva e adaptando-a aos tempos modernos.
Hoje, as salinas são também um espaço de visita e descoberta. Os talhos — tanques rasos onde a água evapora — mantêm a sua disposição tradicional, e as casas de madeira que outrora serviam de armazéns e tabernas foram restauradas, lembrando no seu conjunto, uma antiga cidade do faroeste.
Um dos detalhes mais curiosos que podemos observar quando passeamos pelas casinhas de madeira são as fechaduras feitas à mão, cada uma com um sistema único, que impedia que uma chave abrisse mais do que uma porta. Outro elemento fascinante são as réguas de escrita — tábuas penduradas nas antigas tabernas onde se registavam, com sinais convencionais, os consumos dos clientes ao longo da safra.
A visita às salinas é também uma oportunidade para conhecer os produtos locais. A Loja do Sal, por exemplo, tem mais de 150 anos de história familiar e oferece uma variedade de produtos que vão desde o sal tradicional e flor de sal, até temperos, queijos, mel e vinhos regionais. A loja é reconhecida pela qualidade dos seus produtos e já recebeu várias distinções nacionais. Além disso, há muitas outras pequenas lojas e bancas que vendem artesanato e recordações, contribuindo para a dinamização económica da comunidade local.
Para quem deseja prolongar a experiência, um almoço no restaurante Salárium, é uma excelente oportunidade de nos sentarmos a apreciar a gastronomia local com uma vista panorâmica sobre os tanques de sal. O espaço é muito agradável e acolhedor e o menu do restaurante inclui pratos deliciosos como tiborna de bacalhau e carnes temperadas com flor de sal, acompanhados por vinhos locais. O restaurante integra ainda um bar e uma loja onde é possível adquirir os produtos provados à mesa, criando uma ligação direta entre o paladar e o território.
As Salinas de Rio Maior também oferecem passeios guiados e uma variedade de atividades desportivas e recreativas que tornam a visita ainda mais dinâmica. O "PR1 RMR – Marinhas de Sal", por exemplo,é um percurso pedestre circular com cerca de 3,5 km, de dificuldade fácil a moderada que está acessível durante todo o ano e demora aproximadamente 1h30 a ser completado.
O percurso começa junto às salinas,e a partir daí, o trilho segue por zonas agrícolas com vinhas, matos e pinhais, atravessando a pitoresca povoação de Fonte da Bica, onde se destacam a antiga escola primária e a fonte que dá nome à localidade. Ao longo do caminho, os visitantes têm ainda vistas privilegiadas sobre o vale tifónico, uma formação geológica rara resultante da erosão de depósitos de sal-gema do período Jurássico.
Além da beleza natural e do valor histórico, o trilho proporciona uma experiência sensorial única, com aromas do campo, sons da natureza e a possibilidade de observar aves e outros elementos da fauna local.
Para os mais pequenos e para famílias, as salinas organizam atividades lúdico-desportivas como jogos tradicionais adaptados ao espaço, caça ao tesouro e desafios de expressão corporal inspirados no trabalho dos salineiros. Estas experiências, além de promoverem o movimento e a interação, ajudam a criar uma ligação mais profunda com o património local.

As Salinas de Rio Maior são, assim, um exemplo de como a tradição pode ser preservada e reinventada. Entre a história milenar, os detalhes artesanais e a oferta contemporânea de produtos e experiências, o local convida à descoberta pausada e atenta.
Cada visita revela não apenas o processo de produção do sal, mas também a identidade de uma comunidade que soube transformar o seu saber ancestral em património vivo.
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