A cor ocre das rochas alinhadas em camadas nas falésias ganha um brilho intenso ao pôr do sol. Por outro lado, acentua o contraste com o oceano que serve de infinito ao cenário.
A vista é ampla e, em algumas partes, vertiginosa, devido às arribas. Por isso, é um percurso para se fazer lentamente. Pelo prazer da descoberta.
Um dos lugares mais espetaculares e onde melhor sentimos o contraste da cor ocre das rochas e o azul do mar é no interior da gruta. Chamam a boneca por ter dois orifícios enormes e virados para o mar.
“Os dois buracos são os olhos. A parte debaixo da rocha ficou cavada de forma natural. Os pescadores antigamente tinham a rocha como referência para não se perderem e deram-lhe o nome de boneca. Na verdade, não há boneca nenhuma. Na brincadeira, a minha mulher dizia 'a boneca sou eu'”.
A descrição é de António Carvalho. Conhece bem o local porque a família explora há vários anos o bar que se encontra ao lado e tem também o nome de Boneca.
A gruta é uma pequena torre de rocha porosa e para se entrar temos de atravessar um túnel estreito e pequeno. Frequentemente há fila.
Vale a pena a espera porque o interior é uma varanda natural com os olhos grandes da boneca a deixarem entrar a luz e as cores do oceano.
A estupidez humana alterou o rendilhado da natureza em algumas partes do interior com inscrições ou rasuras na rocha.
A boneca fica num dos extremos do passadiço no Algar Seco, um monumento natural, magnifico, que resulta da fusão de vários algares.
O conjunto tem várias elevações, com pequenas grutas e cavidades que moldam as rochas. Em algumas zonas do algar há piscinas naturais, mas não é fácil lá chegar.
O acesso ao declive é por uma longa escadaria.
O percurso na Algar Seco está protegido, mas há muita gente a passear por caminhos improvisados entre as rochas.
O mesmo se passa, mais ou menos a meio do percurso do passadiço, onde há uma saída para outro algar.
Muita gente explora os caminhos que são mais íngremes. Por vezes, atravessamos pequenos túneis e deparamos com arribas onde muitos se aventuram ir para uma selfie.
No fundo do algar temos também uma visão de como o passadiço foi construído e acompanha os contornos da falésia.
O passadiço tem uma extensão de quase 600 metros. Faz agora 10 anos.
O passadiço do Carvoeiro é muito fácil de percorrer. Está protegido e iluminado o que permite a sua utilização ao anoitecer.
O outro ponto de partida é nas ruínas do forte de Nossa Senhora da Encarnação onde se encontra uma ermida. Tem um mirante que permite observar vários promontórios até Sagres.
No passeio é ainda possível observar o voo de várias aves e algumas protegem-se nas falésias.
Destaca-se igualmente a passagem frequente de barcos, repletos de turistas, que marcam a bonita paisagem.
A grande maioria das embarcações segue para a praia de Benagil.
O ambiente é mais calmo no passadiço mas, em algumas alturas do ano, conte também com muita gente.
Vamos ver a “boneca” do passadiço do Carvoeiro faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
Artigo publicado originalmente em abril de 2023.
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