São muitas grutas, têm vários tamanhos, algumas com mais de uma dezena de metros de largura e formam enormes reentrâncias circulares. Destacam-se de imediato pela rocha calcária.
Quando nos aproximamos nota-se a rugosidade, alinhamentos de vários tipos de calcário.
Ficaram a céu aberto porque ruiu a zona central e as grutas são, há alguns milhares de anos, espaços ao ar livre, fortuitamente utilizadas por homens ou refúgio de animais.
No presente, há quem procure sacralizar uma delas com santas e velas. A maioria serve de cenário para fotografias como fez Lídia Mendes que, com familiares, entrou em algumas buracas. Por outro lado, do interior de algumas grutas temos uma vista fantástica. “É um horizonte aberto que nos dá uma visão bonita. De tranquilidade, serenidade.”
A vista é ampla, recortada pelos bordos da buraca e, em frente, no outro lado do monte, vemos mais cavidades numa encosta, no que seria o prolongamento das grutas.
Uma situação que provoca interrogação em muitos visitantes, não apenas em Lídia Mendes: “os buracos nas rochas é estranho, mas ao mesmo tempo, é bonito de ver. É difícil perceber como isto ficou assim mas é bonito.”
Do ponto de vista científico, há várias pistas sobre a formação destas grutas num território cársico. Há quem aponte a combinação da ação do gelo e a dissolução da rocha provocada pela água.
No interior, o calcário forma camadas espessas, de várias cores, e que dificulta a prática de escaladas. Um desafio que Beto Junqueira já repetiu e que exige um grande esforço. “Este sector exige alguma experiência.
Tem outros sectores, por exemplo, o primeiro, quando chegamos da estrada, que se chama Vaca Voadora é um pouco mais democrático, tem algumas escaladas mais fáceis, mas, mesmo assim, não são muito fáceis. Já exigem uma experiência prévia, alguma prática”.
Beto Junqueira estava com dois amigos, viajaram do Porto e a beleza natural é um dos motivos da escolha para escalarem no Vale das Buracas. “Claro. É o complexo todo. A gente vem para passar o dia. Pratica desporto, convive com amigos, está em contacto com a natureza, os animais. Isso influencia muito a escolha de vir para cá.”
E a morfologia das rochas é inesquecível, “sim, é incrível. Eu sou do Brasil, resolvi mudar para cá, fui pesquisar e isto é famoso na internet, mais ainda na comunidade de escalada. Chama muito a atenção.
Quando se vem na estrada é um grande choque, quando se veem as buracas. É incrível. É um lugar especial.” Uma reação que ultrapassa o Atlântico, “nós colocamos foto na Internet e os amigos do Brasil ficam loucos”.
Casmilo é o ponto de partida
O Vale das Buracas é um dos lugares preferidos na região Centro para a prática de escalada, mas também há quem faça rapel e montanhismo. O ponto de partida para a visita ao Vale das Buracas é Casmilo, no concelho de Condeixa-a-Nova.
É uma aldeia escondida na serra de Sicó, com traços rurais e onde ainda vemos o regresso dos rebanhos de cabras ao final da tarde. Devido ao território cársico, a maior parte da água é subterrânea e não é fácil a pastorícia. Daí o relevo a pequenos pontos de água como, por exemplo, no início do caminho pedestre.
Andamos pouco mais de um quilómetro até chegar ao Vale das Buracas com paisagens de serra e floresta e, bem próximo de nós, muros e amontoados de pedras.
Ao longo de quase todo o caminho, somos observados pelo miradouro do Santuário da Senhora do Círculo, um dos pontos mais altos da serra de Sicó.
O incrível Vale das Buracas faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho, tem o paoio do Turismo do Centro, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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