A aldeia que hoje conhecemos como Alcaide foi criada por volta de 1198, no reinado de D. Sancho I, mas o povoado já era antigo — bem anterior à formação de Portugal — tendo sido habitado por povos como os visigodos, romanos e mouros. Destes últimos ficou-lhe o nome que tem origem no árabe: “Al-kaid” ou “Al-gaid”, que significa governador, capitão ou chefe militar.
Foi sede de concelho provavelmente entre 1515 e 1747 e desses tempos áureos sobreviveu a Casa da Câmara, um edifício localizado no Largo da Praça, que ostenta um escudo manuelino quinhentista, raro (se não único) no distrito de Castelo Branco, e alguns imóveis de traça quinhentista, patente nos vãos com portados dessa época. Nas casas tradicionais, também se destacam os balcões, varandas, molduras e cunhais (blocos de alvenaria geralmente colocados na borda de uma parede), características particulares da arquitetura rural e testemunho do passado desta Aldeia de Montanha.
Deambulando por Alcaide, descobrimos pelas suas estreitas ruas várias capelas e igrejas, incluindo a Igreja Matriz (edifício do século XIII) e uma torre sineira, assim como admiráveis painéis de azulejo que assinalam as paragens da Via Sacra.
No terceiro fim de semana depois da Páscoa, a aldeia ganha outra vida quando o andor de São Macário, escoltado em procissão por centenas de pessoas, é carregado em ombros desde a Igreja Matriz até ao monte de São Macário, um miradouro com vista para as serras da Gardunha e da Estrela. Durante o dia, os habitantes da aldeia cumprem outro ritual, revezando-se na tarefa de “incorrer o sino”, que na prática significa fazer soar a pesada campânula pendurada no topo da torre sineira, sem cordas, apenas com a força dos braços.
Por Alcaide encontramos ainda bonitas árvores de flor que na primavera desabrocham e se enchem de cor e, claro, múltiplas referências ao cogumelo — o maior tesouro da aldeia!
É em Alcaide, sempre no terceiro fim de semana de novembro, que tem lugar o Míscaros - Festival do Cogumelo, um evento único durante o qual são montadas uma série de “tasquinhas” onde os visitantes se podem deliciar com a degustação de produtos regionais e com as várias espécies de cogumelos locais: boletos, míscaros brancos, cantarelos, raivacas… São mais de 300 as espécies identificadas nas florestas de Alcaide.
A não perder também são os passeios micológicos acompanhados por especialistas e os live-cookings com chefs de renome nacional.
E por falar em gastronomia, há um restaurante imperdível nesta aldeia: a Casa Cunha Leal.
Aqui podemos encontrar boa cozinha, serviço atencioso e dedicado e um ambiente super agradável.
Adorei a tiborna de cogumelos na brasa, o borrego assado lentamente durante 6 horas com arroz do mesmo e arroz doce preparado com leite de cabra, mel e pólen — o melhor que já comi na vida!
Do que é que estão à espera para ir visitar Alcaide?
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