O registo é através de uma credencial que em Lisboa é obtida na Igreja de Nossa Senhora dos Mártires e na Sé Catedral de Lisboa.
Miguel Torres é quem os recebe, presta algumas informações e constata que todos chegam entusiasmados.
O mesmo não se pode dizer sobre o nível de conhecimento e preparação.
Há quem se prepare para partir com a informação necessária mas, utilizando a expressão de Miguel Torres, “também há quem venha quase a zero, não se preparou em nada e nos pergunte quase tudo”.
Outra diferença significativa é a motivação para se fazerem ao caminho. Para alguns trata-se apenas de aventura e desafio. Outros vão também por questões religiosas, embora, o Caminho de Santiago, se diferencie muito, por exemplo da peregrinação a Fátima.
Seja qual for a motivação de quem se faz ao caminho, há um eixo ao longo de toda a jornada que conjuga o físico com a mente: a vontade de superar. Superar distâncias, desafios ou, talvez, superar-se a si próprio.
Este é um pensamento presente em todas as etapas, em cada quilómetro. Miguel Torres conta por experiência própria que quando uma pessoa inicia uma etapa de 20 ou 30 km, conforme o que planeou, há sempre a vontade de chegar ao fim. E o “caminho dá-nos isso, chegar, com mais ou menos bolhas nos pés, ter orgulho de cumprir o objectivo, de superar o desafio”.
Os que partem de Lisboa têm um terço do caminho percorrido quando descansam no albergue da Mealhada. Diogo Canilho é quem os recebe e diz que habitualmente chegam em boas condições físicas e é o ânimo que os move.
A maior parte dos que vão à Sé pedir a credencial são estrangeiros. De vários continentes e o número aumenta todos os anos.
O albergue da Mealhada está a funcionar há sete anos e regista igualmente uma grande variedade de nacionalidades. Nos últimos anos a notícia é o surgimento de sul-coreanos. Nas palavras de Diogo Canilho e a partir dos testemunhos que lhe são transmitidos, um dos principais motivos da peregrinação é “terapêutico”. Muitas pessoas são aconselhadas na Coreia do Sul a fazerem este caminho como um processo de descompressão, de encontrarem novos modos de viver o dia a dia e romperem com o stress.
A vivência de uma jornada completamente diferente do habitual e muito exigente provoca reacções que aparentemente são contraditórias. Chegam ao fim e pensam que não vão repetir. Mas não. Muitos começam pouco depois a preparar nova caminhada.
É o caso de Miguel Torres. Já fez o Caminho Português por quatro vezes e uma o Caminho Francês. O português foi feito duas vezes de bicicleta e as últimas duas a pé. Ele resume desta forma o seu testemunho: “altamente recomendável e se pudesse fazia todos os anos. Estou convencido que todas as pessoas quando chegam a Santiago pensam “nunca mais me meto noutra” mas, passado uma semana, já têm na cabeça a vontade de fazer de novo”.
No ano passado, das 67.822 pessoas que fizeram o Caminho Português com a credencial, quase 2.518 partiram de Lisboa, segundo dados oficiais. Para a credencial permitir o registo como peregrino tem de se percorrer, no mínimo, 100 km a pé.
O Caminho de Santiago foi classificado pelo Conselho da Europa como “itinerário cultural europeu” e em curso está uma proposta para ser classificado na Unesco como Património Imaterial da Humanidade. Santiago de Compostela foi declarada “Património da Humanidade” pela UNESCO em 1985
Aqui pode ver mais elementos sobre o Caminho de Santiago.
A caminho de Santiago faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e pode ouvir aqui.
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