A Basílica de Santo Cristo de Outeiro é um edifício monumental que tem a sua origem no final do séc. XVII quando numa pequena capela ao lado se deu um milagre. O Santo Cristo esteve uma semana a “suar gotas de água”.
O milagre foi testemunhado por um padre carmelita e um Juiz de Fora. Foi tal a admiração e a vocação que foi de imediato decidido construir uma outra igreja, grandiosa. O resultado corresponde à expetativa.
É um templo em estilo barroco, com uma fachada monumental e o interior rico em pinturas e talha dourada.
Hoje a peregrinação ao Santuário de Santo Cristo é muito menor e foi entretanto associado um outro objetivo: a elevação a Basílica.
O processo levou quase 30 anos a ser decidido e o cónego João Gomes diz que sempre acreditou num desfecho positivo, “dada a grandeza que a basílica representa, a vários níveis – arquitetónico, riqueza dos interiores, altares e outros pormenores – conseguimos que em Roma fosse reconhecida e foi levada ao ponto máximo de qualquer igreja cristã que é a chamada basílica menor”.
Em termos hierárquicos a Basílica de Outeiro passou a ficar dependente diretamente da Basílica de S. Pedro de Roma.
O interior da Basílica é de grande beleza com vários altares em talha dourado e trabalhados em pormenor.
Conjugam-se vários estilos e até existem enigmas como o motivo da representação de vários “8” (símbolo do infinito) numa Basílica. O olhar foca-se na cruz de Cristo que está no altar-mor e que terá sido a mesma cruz que esteve na origem do milagre na Capelinha ou Capela de Santa Cruz que está mesmo ao lado.
No lado oposto, sobressai a luz que entra pela enorme rosácea, em pedra e ornamentada até ao mínimo detalhe.
Igualmente surpreendente é a sacristia. Como diz António Quintas, que nos fez uma visita guiada, ir à Basílica do Outeiro e não ver a sacristia é o mesmo que “ir a Roma e não ver o Papa”.
As paredes e o teto estão repletas de pinturas da autoria de Damião Bustamante, um pintor de Valladolid. O relato da altura é que ele só pintava na parte da tarde. Deixou um auto-retrato como Baco e a inscrição em latim: “o vinho alegra o coração dos homens”.
As pinturas são de 1768 e foram restauradas há cerca de cinco anos. Parecem novas e o conjunto surpreende de imediato o olhar do visitante. António Quintas revela também o seu fascínio por uma arca que está próxima da entrada lateral da basílica.
É um baú com sete chaves, pesa 785 kg e é feito de um único tronco de árvore. Era da confraria que guardava no baú os donativos recolhidos para a igreja. De um grupo de sete pessoas cada um levava uma chave e a arca só podia ser aberta quando todos estivessem presentes.
A Basílica de Santo Cristo do Outeiro é utilizada para vários tipos de rituais religiosos e tem missa aos domingos e duas a três vezes durante a semana. No entanto, não é a igreja paroquial. Esta fica noutra zona da aldeia, é do séc. XII e tem também uma particularidade – é das poucas em Portugal que tem um campanário todo em xisto.
Está no chamado Outeiro antigo e “é do tempo do rei D. Dinis. Foi construído com os materiais que sobraram da construção do castelo, segundo o cónego João Gomes.
O castelo é motivo suficiente para outra história, até porque estão a decorrer projetos arqueológicos. Está em ruínas na sequência das guerras fronteiriças com Castela. Está no alto de um monte e alcança uma vista enorme.
A Basílica, a Igreja Matriz e o castelo são lugares a descobrir e César Garrido, presidente da Junta de Freguesia, destaca ainda o pelourinho e a antiga Casa da Câmara. Num breve passeio a pé consegue-se ver todos estes lugares de interesse. A Basílica de Santo Cristo do Outeiro está classificada como Monumento Nacional.
Outeiro é a única aldeia portuguesa com uma Basílica e faz parte do podcast semanal da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e pode ouvir aqui. A emissão deste episódio, Outeiro é a única aldeia portuguesa com uma Basílica, pode ouvir aqui.
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