Em plena pandemia e em plena Itália, o Miguel Júdice (@migueljudice) está neste momento em Bolonha. É a sua octogésima primeira viagem, mas quem está a contar? Sendo um dos portugueses que mais viaja e que integra um grupo eclético de Grandes Viajantes Internacionais, o que ele fez foi um teste à sua vontade de viajar e quase fechou a porta à Europa. Quero com isto dizer que ele já visitou praticamente todos os cantos europeus. Sentiu que tinha de dar o passo, atravessar a fronteira… É insuportável a quase não mobilização e já abundam os estudos científicos que comprovam os elevados níveis de stress e de ansiedade por causa desta clausura. Com as devidas medidas ele saiu de solo português e entrou em Itália, o país europeu mais massacrado na fase 1 desta pandemia, este ano. Curioso o facto de ter escolhido Itália. Um teste a sério que quase me pareceu narrado como se fosse um ‘passo na lua’. Respirar de novo!
Itália tem fronteiras abertas, não nos exige teste negativo COVID-19. Apenas a medição da temperatura é obrigatória no aeroporto, à entrada no país. As lojas só estão abertas até às 18h (em Bolonha) e o recolhimento é obrigatório a partir das 22h. Se infringir é penalizado com uma multa de 400 euros. A máscara é obrigatória e se não a usar, é aplicada a mesma multa. Todos estão a respeitar, contudo o ‘nosso’ viajante testemunha que, por detrás dos rostos escondidos e protegidos, os italianos estão esmorecidos e cansados porque perderam as suas rotinas, tal como todos nós perdemos a nossa liberdade.
Não se vê turismo nas ruas, estão vazias. Júdice cirandou sereno e com o próprio disse: “é um país fácil de visitar”. O passeio é facilitado e agradável. Ali entre as áreas italianas ainda visitou outro país: San Marino que é um rochedo plantado no cimo de uma montanha. Chega lá em cerca de 30-40 minutos desde Rimini e é fabuloso saber que é o país mais antigo do mundo e menos visitado da Europa. Sabia disto? O Miguel explorou sobretudo a parte histórica e sentiu o espírito natalício nos mercados, repletos de doces, bebidas e artefactos do pequenino país (61km2)! Recordou-se de Óbidos. E, com cerca de zero graus, bebeu um vinho quente que lhe aqueceu a alma.
Ravena foi o destino seguinte e, sendo uma cidade maior, demorou-se e enamorou-se pela beleza da arquitetura interior das basílicas. Como, aliás, sendo caraterística de toda a Itália. Apreciou o centro histórico e nem a névoa da epidemia se intrometeu no seu passeio italiano. Aliás aproveito e relembro que é em Ravena que encontra a tumba de Dante. Curioso como em Itália, onde repousa Dante, a metáfora da “Descida aos Infernos” de facto aconteceu e desgraçou o país entre Março e Maio de 2020. Mesmo assim Itália está reerguida, embora condoída com as perdas atrozes. E hoje tem o nosso português a testar terreno.
Por fim, esteve a almoçar, entre Emilia Romagna e Toscana, numa casa típica de pedra. Esse restaurante fica numa aldeia ladeada por parques naturais e campos de cultivo, portanto imagine a situação idílica de um restaurante italiano que serve produtos genuínos como os que vêm desses campos. E, sobretudo, chegando à sua mesa pelas mãos das ‘nonnas’ (as avós italianas, aliás consideradas como uma ‘instituição’ de cozinheiras tradicionais italianas)!
Cheira a liberdade de novo, confirmamos que o mundo voltou quase a ser seguro. Não parece que estamos a descobrir a segurança num novo planeta? A mim parece-me que se voltou ao conceito de ansiedade de testar a primeira caminhada do Homem na lua. E literalmente queremos voltar a respirar normalmente.
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