O último país em ditadura na Europa é muitas vezes visto, com alguma razão, como um museu soviético ao ar livre. As avenidas largas, as estátuas de 10 metros, os edifícios megalómanos, as colunas hercúleas, as foices e martelos por todo o lado, as paradas de tanques, o KGB, que ainda existe na Bielorrússia, enfim, uma visita ao país é como o abrir de uma cápsula do tempo.

Vamos entrar numa cápsula soviética com direito a KGB e arquitetura imponente? Bem-vindos a Bielorrússia
créditos: Mundo Magno

Para o “kit soviético” ficar completo, temos o presidente, Alexander Lukashenko, que com o seu bigode a meio caminho entre o de Stalin e o de Hitler, está no poder desde 1994 e que, no ano de 2015, “ganhou” novamente as eleições presidenciais com a mais alta percentagem de votos de sempre, 83,5%. E para esta salada (bielo)russa ficar ainda melhor, atento ao futuro, diz-se que prepara o filho mais novo, Kolya, para o suceder, levando-o em visitas de Estado, fazendo os seus generais desfilarem perante o miúdo e apetrechando-o com armas a tiracolo desde pequenino.

Se por um lado há casinos por toda a parte, especialmente desde que o jogo foi proibido na Rússia em 2009 e a indústria das apostas teve de se mudar para o país vizinho, e restaurantes com “bistrot” no nome por todo o lado, não encontrámos nenhuma porta automática e os centros comerciais parecem saídos de um cenário do “Stranger Things”. Portanto, uma roleta bielorrussa que vai alternando entre o agora e há 30 anos…

Vamos entrar numa cápsula soviética com direito a KGB e arquitetura imponente? Bem-vindos a Bielorrússia
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O que ver em Minsk:

1- A biblioteca nacional com a sua excêntrica forma hexagonal e 8.600,000 livros.

2- O antigo apartamento de Lee Harvey Oswald, na rua Vulica Kamunistycnaja, 4. Antes de ter regressado aos EUA e ter sido acusado de ter assassinado J.F. Kennedy, Lee Harvey Oswald viveu e casou em Minsk. Acabou por pedir o passaporte americano de volta para regressar, segundo escreveu numa carta na altura, porque estava aborrecido por falta de diversão noturna na cidade.

3- As estações de metro. Apesar de não serem tão grandiosas quanto as russas também têm os seus momentos.

4- A arquitetura soviética. Durante a Segunda Grande Guerra Mundial 80% a 90% dos edifícios foram destruídos, em vez de optarem por reconstruir mantendo as linhas anteriores, como aconteceu por exemplo em Varsóvia, os bielorrussos optaram por reconstruir tudo num estilo soviético puro e duro. A Avenida da Independência é onde encontram os melhores exemplos deste estilo, incluindo o edifício sede do KGB.

Vamos entrar numa cápsula soviética com direito a KGB e arquitetura imponente? Bem-vindos a Bielorrússia
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5- A cidade velha de Minsk merece uma visita, apesar de liliputiana. É das poucas áreas que resistiu aos bombardeamentos e mantém algumas igrejas ortodoxas bem recuperadas.

6- Jantar no O.I.D (onde jantámos todas as noites de tão bom que era e seguindo a velha máxima "em equipa que ganha não se mexe").

7- Apreciar a “street art” que cresce a olhos vistos pela cidade na Kastrychnitskaya street e na red street.

8- Visitar o museu nacional de arte. Confesso que este museu foi uma grande surpresa. Não esperava encontrar tamanha qualidade e variedade.

Vamos entrar numa cápsula soviética com direito a KGB e arquitetura imponente? Bem-vindos a Bielorrússia
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Visto

Desde 2017 que a questão do visto ficou facilitada com a política dos 30 dias de visto grátis à chegada. No entanto é necessário levar um comprovativo de que se tem um seguro de saúde válido para a Bielorrússia. Caso não levem, é possível comprar um à chegada a 2€ por cada dia de estadia.

Vale a pena visitar Minsk?

Agora a pergunta que se impõe: vale a pena visitar Minsk? Não tendo obviamente a grandiosidade dos monumentos e a animação de muitas outras cidades europeias não acho, de todo, que os dois ou três dias passados na cidade sejam uma perda de tempo. Para quem gosta de história e tem um particular fascínio pelos anos 70/80, um fim-de-semana prolongado passado em Minsk é um boa viagem até ao passado. E a simpatia e curiosidade das pessoas, característica dos países que recebem poucos turistas, é um bom convite ao regresso.

Vamos entrar numa cápsula soviética com direito a KGB e arquitetura imponente? Bem-vindos a Bielorrússia
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Artigo originalmente publicado no blogue Mundo Magno