Tirana é difícil de definir. É uma cidade que desperta um misto de emoções. Uma espécie de encruzilhada cultural que nos deixa confusos de início, mas depois felizes.
As sombras do regime brutal, que controlou a Albânia com mão de ferro por mais de 40 anos, ainda se fazem sentir. Continuam por lá os bunkers mandados construir pelo ditador Enver Hoxha e os edifícios de arquitetura soviética, mas esta cidade, que cresceu sem qualquer tipo de ordenamento urbano, respira agora novos ares que enchem de cor as fachadas dos seus prédios, antes tristes e cinzentos, com murais magníficos.
Basta um pequeno passeio pelas ruas de Tirana para perceber logo que é uma capital jovem, com uma vibração maravilhosa, gente simpática, cafés e restaurantes incríveis.
A Praça Skanderbeg é o centro da capital albanesa. Quase tudo o que interessa em Tirana está nesta praça ou nas ruas em seu redor. É aqui que estão reunidos os principais monumentos de Tirana como a Estátua de Skanderbeg, herói nacional e grande símbolo do país, que dá nome à praça; a Torre do Relógio (construção de 1822); o Museu de História Nacional (atualmente encerrado para obras), a Ópera e a Mesquita Et'hem Bey. A Mesquita é o monumento mais antigo. Foi construída em 1791, altura em que ficava em frente ao antigo Bazar. Hoje está cercada por edifícios modernos muito altos, alguns ainda em construção.
Nas ruas à volta da enorme Praça Skanderbeg, que sozinha cobre uma área de 40.000 metros quadrados, encontramos muitas das outras atrações da cidade. A Pirâmide é das que mais chama a atenção.
Concluída pouco antes da queda do comunismo, foi concebida como um museu para homenagear o despótico ditador Enver Hoxha, que governou a Albânia de 1944 a 1985. Quando o regime caiu, o edifício foi abandonado e durante anos o seu destino foi incerto. Uns queriam que fosse demolida, outros que fosse restaurada e usada para outros fins.
Ganharam os que defendiam a restauração do edifício. A Pirâmide foi recuperada e hoje serve como miradouro da cidade e espaço para eventos e exposições temporárias de arte. Em volta há também um conjunto de casas engraçadas, colocadas em posições estranhas, como se por ali tivesse passado um furacão.
A "Nuvem”, uma instalação artística criada pelo arquiteto japonês Sou Fujimoto, é outra atração interessante. É uma estrutura tridimensional, que pretende lembrar uma nuvem, constituída por barras brancas de aço fino, que juntas formam uma cobertura semitransparente e irregular.
Algumas das atrações de Tirana como o Bunk’Art e a Casa das Folhas, são sinistras, mas colocam em perspetiva o passado recente da Albânia, contando e não deixando esquecer, este período conturbado da sua história. Visitar o Bunk'Art, por exemplo, é uma experiência sombria. Este enorme bunker subterrâneo, construído para proteger os políticos da era comunista e os altos escalões militares de Tirana em caso de guerra nuclear, está distribuído por cinco andares e tem mais de 100 salas. Algumas estão abertas e expõe fotografias e artefactos ligados à repressão política.
A cena gastronómica de Tirana é tão diversa como a sua história e acrescenta uma nota (bastante) mais alegre à cidade. Os cafés e restaurantes com esplanada estão por todo o lado e servem desde cozinha tradicional albanesa, até sabores internacionais. Uma das melhores zonas para experimentar a cultura gastronómica de Tirana é o bairro de Bloku, que deixou de ser uma zona restrita durante os tempos comunistas para se transformar num bairro animado, repleto de restaurantes, bares e cafés da moda.
Em Bloku, podemos saborear especialidades locais como o byrek (pasteis de massa filo recheados com queijo, espinafres ou carne), sôufle de pistácio, e o prato nacional da Albânia — tavë kosi (empadão de cordeiro e iogurte).
O Castelo de Tirana é outra área excelente para almoçar ou jantar. Do Castelo, na verdade, só restam alguns muros que cercam uma rua pedonal no centro de Tirana chamada Rua Murat Toptani (nome da família que dominou a Albânia otomana desde 1700 até à Segunda Guerra Mundial). Hoje à sombra das ruínas da fortificação estão uma série de restaurantes, cafés e lojas de souvenirs. Bem perto fica o Toptani, o maior centro comercial de Tirana.
Os mercados da cidade também merecem ser explorados, são lugares animados, onde encontramos de tudo a bom preço, principalmente para quem é bom a regatear!
A nova Mesquita Namazgah, designada a “Grande Mesquita de Tirana” por ser a maior dos Balcãs e a Catedral Ortodoxa são testemunho da diversidade religiosa da Albânia, que conta ainda com igrejas católicas como a Catedral de São Paulo, onde se destaca um mosaico dedicado a Madre Teresa de Calcutá.
Quem gosta de natureza e observação de aves, não pode deixar de visitar o Grande Parque de Tirana. Esta zona ajardinada com 230 hectares e um imenso lago artificial, fica localizada a sul do prestigiado bairro de Blloku e é um verdadeiro pulmão verde no centro da cidade, com trilhos de caminhada e parques infantis, perfeito para passeios tranquilos, piqueniques ou simplesmente para relaxar na natureza.
O Parque Nacional Montanha Dajti, a curta distância de Tirana, é fácil de aceder apanhando o teleférico Dajti Ekspres, o mais longo dos Balcãs, que leva até ao pico da montanha, onde é possível desfrutar de vistas deslumbrantes da capital albanesa e da paisagem circundante. A Montanha Dajti oferece uma variedade de atividades, incluindo trilhas de caminhada, ciclismo de montanha e parapente. É ideal para os entusiastas de atividades ao ar livre.
Tirana é uma cidade em transição, em franco desenvolvimento e modernização, o que a torna um destino cada vez mais atraente para os visitantes internacionais.
Se procura algo fora dos roteiros habituais, Tirana, pode ser uma boa opção.
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