É aqui nesta região marroquina, mesmo colada a Espanha, que as águas do Atlântico e do Mediterrâneo convergem. Na inebriante Tânger, Ocidente e Oriente misturam-se a cada esquina, num verdadeiro museu a céu aberto a recordar glórias passadas lado a lado com a agitação dos souks e inúmeros traços de modernidade.

A velha e a nova cidades

tanger: onde o ocidente e o oriente se cruzam
créditos: Clément Bergey/Unsplash

No Grand Socco, a enorme praça junto à medina, encontra tanto locais como turistas. É aqui que está a Mesquita Sidi Boubaid, com o seu belo minarete em tons rosa, e o antigo cinema Rif, atualmente a cinemateca da cidade. O Grand Socco alberga ainda o mercado central, onde as bancas expõem limões, azeitonas, figos e especiarias num um irresistível espetáculo de cores e fragrâncias.

A agitação dos vendedores dá lugar aos Jardins de La Mendoubia, no qual se ergue o palácio com o mesmo nome, em tempos residência do representante do sultão. A dois minutos de caminhada, Tânger apresenta-lhe o Petit Socco, uma praça menor onde o quotidiano dos marroquinos se mistura com lojas, hotéis e restaurantes. Este é o spot perfeito para fazer uma pausa e deliciar-se com um bem tradicional e refrescante chá de menta.

tânger: onde o ocidente e o oriente se cruzam
créditos: Massimo Adami/Unsplash

Já na zona nova da cidade, a chamada Ville Moderne, vale a pena dar um passeio pelo Boulevard Pasteur. Não muito longe, a Praça de Faro e os seus canhões: olhe em frente e conseguirá avistar Espanha. Muitos marroquinos passam aqui horas a contemplar o oceano, o que valeu ao lugar o nome de ‘terraço dos preguiçosos’. É também neste boulevard que se encontra a famosa Librairie des Colonnes, a mais emblemática livraria de Marrocos, por onde passaram grandes autores, como Jean Genet, Samuel Becket ou Truman Capote. Vale bem a pena uma visita. Aproveite ainda para fazer uma paragem do Grand Café de Paris, para mais um chá e uma vista privilegiada sobre a cidade.

Do desporto à mitologia

tânger: onde o ocidente e o oriente se cruzam
créditos: Meor Mohamad/Unsplash

Tânger oferece também boas praias. A principal, bem no centro e de fácil acesso, fica perto dos hotéis e faz as delícias dos adeptos dos desportos náuticos. Esqui aquático, vela e mesmo mergulho em águas calmas e seguras são algumas das opções. O golfe é outra modalidade de que pode desfrutar na região graças à oferta de excelentes greens.

Mas se é mesmo o mar que o encanta, uma das praias de visita obrigatória é aquela onde se encontra o Cabo Spartel e as famosas Grutas de Hércules, a cerca de 15 quilómetros da cidade. Reza a lenda que o semideus terá aqui descansado depois de realizar os seus 12 trabalhos. Segundo a mitologia, foi também Hércules que escavou o estreito de Gibraltar, afastou as montanhas e fez emergir de um lado o Jbel Tarik (Gibraltar) e do lado africano, o Jbel Moussa. Já os historiadores acreditam que o recorte semelhante ao mapa de África esculpido na gruta teve a autoria dos Fenícios, um dos muitos povos que por aqui passaram.

Bem-vindo a Tetuão

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créditos: Michael Toler/Unsplash

Como dia ou dois bastam para conhecer Tânger, invista numa excursão e rume a Tetuão. Esta pequena cidade a pouco mais de 60 quilómetros destaca-se pela sua medina, Património Mundial da Unesco desde 1997. Aqui vai viver a experiência autêntica do quotidiano marroquino e deixar-se encantar pelo frenesim dos artesãos e vendedores, bem como pelas lojas tradicionais de artigos de couro, madeira e joias. A influência espanhola está ainda bem visível na arquitetura ou não tivesse Tetuão sido reconstruída pelos refugiados da Andaluzia após a Reconquista Cristã.

Chefchaouen: uma cidade em tons de azul

Agora que já se deixou conquistar por Tetuão, prepare-se para morrer de amores por Chefchaouen, ponto de passagem obrigatória para quem visita o Norte de Marrocos. A 112 quilómetros de Tânger, esta cidade perdida entre as montanhas do Rif parece saída de um sonho. E a culpa é do azul que domina os edifícios nas suas ruelas e ruas labirínticas. Este pormenor que encanta turistas de todo o mundo foi obra dos judeus, que ali se instalaram no final do século XV para fugir à Inquisição Espanhola. O azul, escolheram-no para refletir o céu e relembrar-lhes Deus e o Paraíso. A tradição mantém-se até hoje, inclusive na parte nova da cidade.

tânger: onde o ocidente e o oriente se cruzam
créditos: Kyriacos Georgiou/Unsplash

Verdadeiro postal de Marrocos, Chefchaouen vale a visita também pela sua pequena, mas animada medina, pelo Kasbah no meio do bairro antigo e pelos jardins verdejantes. Já que está por aqui, e caso seja adepto de caminhada, parta para as montanhas: uma outra forma de descobrir o Marrocos mais remoto, o da cordilheira do Rif.

Do oceano às montanhas. Dos souks inebriantes de fragrâncias aos campos de golfe. Tânger é um caldeirão de influências, culturas, onde a tradição e a modernidade não poucas vezes se entrecruzam. De que mais precisa para umas férias de sonho? Só de fazer a reserva do voo com a TAP e preparar a bagagem. O Norte de Marrocos espera por si!