Dia 1 – Tânger, onde o Oriente e o Ocidente se encontram

Localizada entre dois continentes e rodeada por dois oceanos, Tânger tem tanto de cosmopolita como de misteriosa. A cidade, onde o Oriente e o Ocidente se encontram, é conhecida pelas praias e vida nocturna mas também pela sua história e oferta cultural. Em Tânger, os hotéis de cinco estrelas, as praias e as discotecas convivem, lado a lado, com os mercados, as mesquitas e as tradições árabes. É um dos destinos mais multiculturais de Marrocos e, por isso, o ponto de partida ideal para conhecer o país e assimilar, aos poucos, a cultura marroquina que se intensifica à medida que seguimos em direção ao Sul.

Começámos a nossa visita a Tânger pela parte nova da cidade, a Ville Moderne. Os edifícios comprovam a multiculturalidade e, se não fosse pelos trajes dos transeuntes, poderíamos até pensar estar num país europeu. Todas as noites, o Boulevard Pasteur converte-se no lugar preferido para passear. No fim da alameda, encontramos a Praça de Faro e os seus canhões a partir de onde é possível avistar Espanha. É comum encontrar-se, nesta praça, marroquinos que passam horas a contemplar o mar e o percurso dos navios que atravessam o estreito, razão pela qual o local ganhou o nome de “muro dos preguiçosos”. Na mesma rua situa-se ainda a Librairie des Colonnes e o Grand Café Paris.

Durante muitos anos, Tânger atraiu artistas ligados à literatura, à pintura e ao cinema que frequentaram locais que se tornaram icónicos. É o caso do Hotel el Minzah, o Hotel Continental ou o Café Fuentes. Desde Eugène Delacroix, Henri Matisse, Oscar Wilde, William Burroughs a Tennesse Williams, Tânger continua a inspirar criadores.

Tânger
Tânger créditos: Canela & Hortelã

 

Seguimos para a medina – a parte antiga da cidade – que se divide em cinco quarteirões à volta do “Petit Socco”, uma praça central que acolhe os cafés e hotéis outrora frequentados pelas celebridades. À entrada, o “Grande Socco”, é o local mais frequentado e onde está instalada a residência do Mendoub, representante do sultão, e os Jardins da Mendoubia. Na mesma praça encontra-se também o Cinema Riff, construído na década de 1930, que acolhe a Cinemateca de Tânger. Seguindo pela Rue de La Marine encontramos a Bab El Bahr, a porta do mar, que oferece vista para o movimentado porto de pesca.

O charmoso Café Hafa é o local ideal para fazer uma pausa e beber um chá de menta enquanto aprecia a vista panorâmica do Mar Mediterrâneo, à direita, e do Atlântico, à esquerda. O espaço, conhecido no mundo inteiro e visitado por várias personalidades, foi fundado em 1921 e mantém a sua decoração original até aos dias de hoje.

Locais de passagem obrigatória são também, a 14km de Tanger, o Cabo Spartel e as famosas Grutas de Hércules onde, segundo a lenda, o semi-Deus terá descansado depois de separar África da Europa. Acredita-se que o recorte semelhante ao mapa de África esculpido na gruta terá sido construído pelos Fenícios.

chefchaun
chefchaun créditos: C&H

Dia 2:  Tetuan e Chefchaouen

Deixamos Tânger rumo ao próximo destino e, a pouco mais de 60 quilómetros, encontramos a pequena cidade de Tetuan, cuja medina é Património Mundial da Unesco desde 1997. A cidade, pouco turística mas repleta de vida, oferece uma experiência autêntica do quotidiano marroquino. Nas frenéticas ruelas da medina, é fácil encontrar os artesãos e as tradicionais lojas de couro, jóias e madeira ou os mercados de vendedores ambulantes de fruta, carne, peixe, galinhas, queijos e doces.

Durante o período islâmico, em que os árabes ocuparam a Andaluzia, a cidade teve um papel importante no contacto entre Marrocos e a Península Ibérica. Depois da reconquista dos territórios pelos cristãos, Tetuan foi reconstruída por refugiados da Andaluzia expulsos pelos espanhóis. Esta história é contada pela arquitectura dos edifícios, com grande influência espanhola, e que permanecem praticamente intactos até aos dias de hoje.

Chefchaouen
Chefchaouen

Depois de algumas horas de viagem, chegamos a Chefchaouen, ponto de passagem obrigatória para quem visita o Norte de Marrocos. Escondido entre as montanhas do Rife, Chefchaouen é um dos locais mais pitorescos de Marrocos. A pequena cidade é composta por ruelas, labirintos e dezenas de edifícios pintados a azul, a fazer lembrar um postal de férias. Esta característica, que atrai viajantes do mundo inteiro, foi implementada pelos judeus que ali se instalaram para fugir à inquisição espanhola no final do século XV e que utilizavam a cor azul para refletir o céu e relembrar-lhes o paraíso e Deus. A tradição mantém-se até aos dias de hoje, inclusive na parte nova da cidade.

Dia 3: Fez, o centro espiritual e cultural do Reino

Centro espiritual e cultural do Reino, Fez é uma cidade verdadeiramente marroquina. Aqui uma das principais atracções é o ambiente em si: o frenesim dos mercados, as ruas labirínticas, o misticismo, os cheiros, os sons. Apesar do grande número de turistas que recebe, Fez mantém a sua identidade fazendo recuar na história quem a visita. A Medina é a maior do mundo árabe com dezenas de ruelas e becos oferecendo uma experiência indescritível: compradores que chamam os fregueses; patos que se atravessam no caminho; comerciantes que gritam balik (cuidado) enquanto atravessam a multidão com os seus burros carregados; o sangue que escorre das bancas do talho; as dezenas de moscas que pousam sobre típicos doces marroquinos; as tapeçarias; os tecidos; a cerâmica…

Fez
Fez créditos: C&H

Um dos locais mais curiosos da Medina de Fez é a zona dos curtumes, os maiores e mais importantes do país. É nestes pequenos tanques redondos onde nasce uma das principais matérias primas do artesanato e comércio marroquino: o couro. O longo processo de preparo e tingimento pode ser observado a partir dos terraços das lojas de peles onde, logo à entrada, os comerciantes oferecem um ramo de hortelã para ajudar a suportar o cheiro intenso que se faz sentir desde a rua. Nos curtumes, também conhecidos por tanneries, trabalham dezenas de homens num processo tradicional divido em várias fases. Uma delas inclui a passagem das peles – de vaca, carneiro ou cabra – por fezes de pombo para permitir uma melhor absorção das tintas.

Durante a visita não deixe de espreitar a Mesquita e Universidade de Quaraouiyine. A entrada é proibida aos não muçulmanos mas a porta aberta permite ver aquela que é uma das universidades mais antigas do mundo. A Medersa Bou Inania, no coração da Medina, é outro ponto de passagem obrigatória.

Dia 4: Rabat, a Capital

Capital de Marrocos desde 1956, Rabat situa-se no noroeste do país, na margem esquerda do Rio Bu Regregue. Na margem direita, encontra-se a cidade vizinha de Salé.

Apesar de ser a capital, Rabat é uma cidade bastante calma. À semelhança de Tânger, combina a tradição árabe e muçulmana com o modernismo ocidental. O centro histórico da cidade, a medina, está protegido pelo Oceano e separada da cidade nova pelas muralhas. Dentro das imponentes portas destas muralhas vive-se o ambiente tradicional marroquino com várias lojas de produtos tradicionais. Ao pôr-do-sol esta zona da cidade ganha vida com dezenas de marroquinos que ali se deslocam para fazer as suas compras. Do lado de fora da muralha, instalam-se vendedores ambulantes que reúnem várias pessoas em torno dos seus produtos baratos, importados da china, como bijuteria, brinquedos, ou utensílios para cozinha, num verdadeiro ambiente de feira.

Sale cemiterio
Sale cemiterio créditos: C&H

É no Bairro de Hassan, marca da época colonial, que se encontra a Torre de Hassan, um dos ícones de Rabat, e o Mausoleu de Mohamed V. A mesquita começou a ser construída em 1196 com o objetivo de ser o mais alto minarete do mundo mas, devido à morte do fundador, a sua construção foi interrompida: a mesquita nunca chegou a ser construída e o minarete ficou apenas com 44 metros de altura. Grande parte do recinto, que deveria ser a mesquita, é ocupada por várias colunas grossas. Ao lado, o Mausoléu de Mohammed V é uma autêntica jóia da arquitetura arabo-andaluza, que foi construída por 400 artesãos entre 1961e 1971. Neste local, que atrai os turistas que visitam a cidade, jaz o rei Mohammed V de Marrocos(1909–1961) e os seus dois filhos.

Dia 5: Casablanca

Imortalizada pelo filme de 1942, com com Humphrey Bogart e Ingrid Bergman nos papéis principais, Casablanca  – ou “Casa” como lhe chamam os marroquinos – é um dos maiores centros financeiros de África. A cidade à beira-mar é bastante cosmopolita e atrativa, essencialmente, pelo turismo balnear e desportos aquáticos. Os edifícios antigos de fachada Art Nouveau e Art Deco contrastam com os arranha-céus, as galerias de arte, os restaurantes e estabelecimentos de vida nocturna.

casablanca
casablanca créditos: C&H

Um dos destaques é a imponente mesquita Hassan II, com o maior minarete do mundo, construída sobre o mar. Com capacidade para cerca de 25.000 fiéis, a mesquita impressiona pela sua dimensão e belíssima arquitectura. O enorme teto da sala de orações abre-se em cinco minutos de forma a unir o céu (Deus), a terra e o oceano. Esta é das poucas mesquitas abertas a não muçulmanos. A visita guiada permite conhecer as várias salas e as curiosas tradições muçulmanas.

Informações Práticas:

As viagens de avião Lisboa – Tânger e Casablanca – Lisboa têm a duração de cerca de duas horas cada, em voo direto pela TAP.

Moeda: Dirham marroquino (1 euro corresponde, aproximadamente a 10,5 Dirhams). Poderá cambiar o dinheiro facilmente no aeroporto e nos hóteis, evite fazê-los nas lojas de câmbio de rua. Existem máquinas multibanco nas cidades. Quando cambiar o dinheiro, não se esqueça de guardar o comprovativo. Sem ele, não poderá trocar Dirhams por Euros quando sair do país.

Língua: A língua oficial é o árabe, e o tamazight (berbere). O francês e o castelhano são também utilizados.

Vacinas: Não são necessárias vacinas especiais. Recomenda-se apenas o consumo de água engarrafada.

Formalidades de entrada e saída: Passaporte em vigor. Os países pertencentes à União Europeia estão isentos de visto. Durante o voo e na chegada ao hotel ser-lhe-á solicitado o preenchimento de um pequeno papel com os seus dados.

*O C&H viajou a convite do Turismo de Marrocos e da TAP