E porque Bali tem áreas tão distintas entre si (e nem todas são o misticismo que se adora, embora quem procure a alma surfista… sim, é ali que deve residir algum tempo; quem procura silêncio para se reencontrar, sim, também Bali é o chamamento, mas só recomendo Ubud) que não pode se reduzir a um texto, a uma fotografia. Hoje trago algo diferente sobre a minha primeira viagem a Bali: o famoso guru de Bali, mesmo em Ubud.
A sua fama advém do livro e do filme “Comer, Orar, Amar” em que a protagonista, representada por Julia Roberts, se consulta com ele de forma muito peculiar: primeiro como escritora/jornalista, depois como cliente/amiga. Tornam-se amigos, ele conta-lhe o futuro e como chegar até ele; ela ensina-lhe Inglês e vai abrindo a alma, sobretudo porque não compreende que não é preciso recear amar. Até ali ela aprendeu a comer e a orar. Faltava o amor. E em Bali encontrará amor, nem que seja o mais importante: amor-próprio. Encontra-se consigo, motivado(a) pelos incensos estonteantes e pelos risos vivaços dos balineses.
Portanto eu teria de ir ver o guru e permitir que ele me segurasse nas mãos para me ver a alma. Sem medos, pois nada escondo. Pensei assim e ainda hoje penso nos hiatos mediúnicos daquela pessoa real e que foi também personagem… que atraiu espetadores e leitores. Depois do famoso filme protagonizado por Julia Roberts, vieram os viajantes em filas.
Filas acumulando-se numa rua estreita em que se veem bicicletas pousadas de muitos turistas, coroas de flores coloridas e os aromas do Sudeste Asiático colocados mesmo na entrada (todas as casas e templos de Bali têm incensos e flores à porta). O guru Ketut (o nome real mantido no filme também) estava na minha lista na primeira ida a Bali (engraçado, agora que penso, tal como a Liz, nome da protagonista, eu fui a primeira vez a Bali com um intuito e a segunda vez com outro). No Ocidente utilizaremos o termo médium ou similar.
Pedi ao motorista que me levasse até lá, em Ubud, mas fiquei logo desarmada: ele tinha falecido dias antes, com cerca de cem anos. Como era possível?! – Este foi o meu primeiro pensamento. Mas, o filho herdara o papel dele e eu poderia fazer exatamente o que queria: conhecer o local do filme e a magia de um guru. Aliás milhares de viajantes também o fazem, não se esqueça de procurar a rua onde habitou Ketut, o guru. É facílimo se pedir a um motorista enquanto faz a sua tour ou tours por Ubud. E, realmente, agora que olho para trás, penso que só em Ubud o guru e ‘mestre medicinal’ (curandeiro) poderia ser encontrado. Nenhum outro lugar de Bali poderia ter aquela energia, só ali entre arrozais e chuva tropical.
Quando cheguei foi-me vestido um sarong e colocada uma flor na orelha esquerda. Vestia-me uma senhora que eu até me atrevi a pensar que era exatamente a mesma adjuvante de Ketut, no filme. Se revirem, perceberão ao que me refiro. Ela ordenou-me que retirasse os sapatos e apontou para onde estava o filho de Ketut, o novo sábio do futuro. Indicou-me o preço e explicou-me brevemente que me deveria sentar de frente para ele. Esta última parte nem me precisava ter sido dita, na verdade não ouvi mais nada e subi até ele. Depois ocorreu-me outra decisão antes de me sentar, mas vou deixar a curiosidade remanescente… não vou contar tudo. Fica para um próximo artigo.
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