As ruas do Triângulo Dourado de Kuala Lumpur estão repletas de restaurantes, barraquinhas e casas de massagem.
Locais e turistas vão para a rua jantar.
A noite de Kuala Lumpur é agitada, em particular nesta zona.
Fica tudo pejado de gente. Às duas da manhã há filas de carros.
Há ruas inteiras com restaurantes de um lado e outro. Iluminadas de forma improvisada, fios a atravessar as ruas e lâmpadas no meio, com decoração chinesa. Pelo meio, passam carros e filas de pessoas.
Há música por todo o lado. Amplificada e, em alguns locais, com músicos a tocar à frente das mesas.
As especialidades estão em fotografias no placard ao lado do nome do estabelecimento.
A maior parte dos restaurantes serve comida asiática. Apesar da enorme afluência, o serviço é rápido.
A primeira experiência gastronómica foi arroz com galinha numa transversal da Changkat Bukit Bintang. Não foi positiva a estreia. A galinha estava mal frita.
Fiquei admirado com o preço: 10 rupias, qualquer coisa como dois euros.
A abundância e o prazer da noite não são para todos. Ao lado do restaurante, um jovem deficiente (uma perna atrás das costas) arrasta-se pelo chão, ao mesmo tempo que canta e empurra um sistema de amplificação de som. Percorre o alinhamento dos restaurantes, várias dezenas de metros.
Nesta rua também há muitas tendas de fritos, espetadas, mariscos, castanhas confeccionadas com uma planta escura, até ficar uma pasta, e venda de fruta.
Kuala Lumpur é uma cidade com grande densidade populacional e repleta de arranha- céus. Há poucos edifícios antigos. Na verdade, a cidade não é muito antiga. A sua origem remonta a meados do séc. XIX, quando da extração de estanho. Cerca de meio século depois foi destruída por uma inundação.
A reconstrução, com a administração britânica, evitou casas de madeira e optou pela utilização de tijolo e telha, típicos do sul da China.
A ampla área urbana é dominada pela junção de dois rios e a tradução à letra de Kuala Lumpur é confluência enlameada.
Hoje, em função deste passado, a cidade tem poucos espaços verdes nas zonas comerciais e algumas áreas estão muito poluídas.
Nos subúrbios há mais espaços verdes, essencialmente com palmeiras, e zonas com muita água. Contudo, há mais casas rasteiras e blocos de andares em prédios velhos de cimento.
Na cidade os destaques no horizonte são torres enormes e linhas de luzes vermelhas e brancas dos carros, em fila, nos acessos ao centro..
É este o cenário a partir da Torre de Kuala Lumpur, a Menara KL Tower, um dos melhores locais para contemplar a cidade.
Fui até ao ponto de observação sem vidro, 276 metros de altura.
Para chegar aqui, tive de fazer um longo passeio mas compensou já que fiquei até ao pôr-do-sol (o horário estende-se até às 22h).
O acesso é fácil (o que custou mais foi a rampa no topo do parque Bukit Nanas que preserva a área verde mais antiga da cidade).
A torre foi construída em 1994 , tem 421 metros e é um dos símbolos do desenvolvimento da Malásia.
Com o pôr-do-sol, a cidade maquilha-se com a luz artificial.
As Petronas Towers são o foco preferido das máquinas fotográficas mas não menos interessante é a filigrana das luzes dos prédios e dos carros em fila numa via rápida.
As torres Petronas pertecem à companhia com o mesmo nome, a maior petrolífera da Malásia e uma das maiores da Ásia.
A construção das duas torres foi concluída em 1998 e cada uma tem 88 andares atingindo os 451.9 metros.
Os edifícios têm uma estrutura em aço e vedação em vidro, o que lhes dá um aspecto muito moderno e deslumbrante. A arquitectura remete para motivos da arte islâmica.
São bonitas e a ligação entre as torres gémeas introduz uma sensação de segurança.
Como as torres estão muito próximas da Torre de KL, as duas estruturas fazem concorrência no horizonte.
O acesso é fácil. Há muitos transportes públicos, a paragem é na KLCC Station e outra possibilidade é através da KL Hop-On Hop-Off, uma empresa de autocarros turísticos.
O bilhete para 24h custa 45 rupias e percorre a parte central da cidade.
Se for esta a opção, tenha em conta o sol e muito trânsito.
Em frente das torres há uma extensa praça, serve de base para os tripés. Nos dias de hoje, é mais para as selfies.
Próximo da entrada a segurança é discreta, os carros têm de circular a uma distância considerável e há muita gente a passear.
Além dos turistas, as torres têm numerosos escritórios e os pisos térreos estão ocupados por um centro comercial cosmopolita.
Na entrada do centro comercial estavam em exposição duas réplicas da equipa de fórmula1 da Mercedes, a equipa patrocinada pela Petronas.
Aproveitei para comprar mais jaca no supermercado e fazer uma pausa num café.
O empregado perguntou-me a nacionalidade. Foi a segunda vez, neste ano, que encontrei um ser humano que não conhecia Cristiano Ronaldo (a anterior foi na Bolívia), uma referência automática de interlocutores mundo afora mal revelamos a nacionalidade.
Nota relevante: à segunda-feira não há acesso aos pontos de observação.
Merdeka Square, traduzido à letra, quer dizer Praça da Independência (em Jakarta há uma outra com o mesmo nome) e foi aqui que em 31 de Agosto de 1957 foi hasteada pela primeira vez a bandeira da Malásia.
O que chama mais a atenção é o edifício do sultão Abdul Samad, com forte influência árabe.
A torre do relógio é um dos pontos mais fotografados em Kuala Lumpur. Edifício inaugurado em 1897, ainda no tempo da administração britânica, serviu de sede ao império. Hoje alberga o Supremo Tribunal.
Praticamente da mesma altura é o Royal Selangor Club, outra construção imponente, local de encontro da sociedade colonial britânica.
A praça é dos locais mais marcantes do período colonial e o arquitecto do edifício do sultão, Anthony C. Norman, é também o criador de outros prédios que circundam a praça.
Mais discreta é a St. Mary’s Anglican Cathedral , que está localizada na zona norte da praça e facilmente identificada graças a um jardim em frente.
A catedral foi edificada em 1894 e ainda hoje é lugar de culto da comunidade anglicana.
Não muito longe fica a mesquita Masjid Jamek.
A comunidade islâmica é maioritária. Kuala Lumpur é uma cidade multicultural, com cruzamento de etnias e religiões.
A etnia dominante é a malaia e há uma forte influência chinesa devido à imigração de chineses que, no séc. XIX, foram trabalhar para as minas.
As pessoas são muito simpáticas e prestáveis a qualquer pedido de informação. Uma única excepção: quando fotografei uma mulher numa casa de massagens e fui contemplado com um gesto hostil…
A comunidade chinesa tem forte influência na arquitectura, artes e comércio.
Tal como em muitas outras cidades asiáticas, também Kuala Lumpur tem uma chinatown. Fica numa zona antiga.
Prédios coloridos enfeitam as ruas, a maior parte de dois pisos. O rés-do-chão é dedicado ao comércio. Lojas de calçado, roupa, relógios, ourivesaria, chapéus, comida… Muita contrafação.
O piso superior destina-se a alojamento ou armazém. Em alguns destes prédios encontramos tabuletas a indicar que são hotéis ou hostels. Ruas com muito trânsito e grande afluência de pessoas. As vias são largas mas, devido à confluência de carros e pessoas, parecem mais estreitas.
A zona mais conhecida é a Petaling Street, uma rua pedestre e mais vibrante à noite. A decoração é tipicamente chinesa.
Candeeiros de papel esvoaçam sobre as tendinhas e parte da via tem uma cobertura metálica para protecção do sol e da chuva. Os candeeiros e muita da decoração tornam o vermelho a cor predominante.
Mais difícil é catalogar os aromas.
A grande variedade e quantidade de vendedores ambulantes de comida, as lojas de alimentos e especiarias, os cafés e restaurantes ao ar livre, tudo isto despoleta uma imensa variedade de cheiros e memórias.
Considerada uma zona comercial por excelência, a procura deve-se sobretudo à fama de que encontramos aqui produtos baratos. Talvez… Os guias dizem que, habitualmente, os preços estão inflacionados 15 a 30% e é preciso regatear.
As ruas estão lotadas de locais, chineses e também há muitos turistas. Alguns vão às compras mas a maioria vem visitar.
Os locais não se incomodam com as fotografias, desde que haja negócio…
A chinatown está mais embelezada na Petaling street, embora as outras ruas não sejam desagradáveis. Talvez sejam até mais pitorescas.
Convém andar, descobrir, sem medo, porque não há sinais para alarme. A segurança é igual a qualquer outro ponto da cidade.
Pode-se deambular e entrar em templos budistas. Sentir o cheiro do incenso e contemplar as oferendas aos falecidos, os rituais sem grandes cerimónias. Ou descobrir um mercado, numa rua lateral, onde se vende carne, frango, frutas, verduras e peixe.
Curiosamente, o peixe não é vendido como no sul da China, vivo e dentro de um tabuleiro com água. O ambiente é soturno, pouca luz, abafado. Não admira só haver locais e nem um turista.
Ao lado, está o Mercado Central. Uma construção antiga, o azul dá-lhe um ar distintivo. No entanto, é mais um centro comercial com algumas galerias de arte.
Circula-se bem e na parte traseira encontramos artesãos e uma ala dedicada a retratistas. Há mais lojas de pintura. Uma delas despertou-me curiosidade porque não há traço de pincel, é o acrílico em bruto, com a forma como sai do tubo.
Uma parte significativa das lojas é dedicada à venda de peças de vestuário, essencialmente para mulher.
A ala lateral, a Kasturi Walk, é mais recente (2011) e tem as lojas habituais do comércio de rua e muitos restaurantes.
A rua é comprida (menor do que a Petaling street) e à entrada tem uma estrutura metálica, tipo borboleta.
Gostei mais da chinatown.
No final do quarteirão da chinatown e do mercado central, surge uma praça grande onde se destaca o hotel Geo, um prédio antigo, alto e com uma arquitectura que se demarca claramente nesta zona.
Do outro lado da rua deve estar um dos empresários mais azarados de Kuala Lumpur.
É um café que, mesmo à frente, tem uma paragem do city tour.
Os turistas vão ali matar a sede mas, entretanto, chega um autocarro e partem todos em debandada.
Uns deixam o pedido a meio porque é proibido entrar no autocarro com bebidas. Outros não têm muito mais sorte. Mal bebem um golo do almejado freeze, têm de deitar fora o resto se querem fazer a viagem. Por vezes é frustrante ser-se turista…
O aeroporto fica a cerca de 50 km de Kuala Lumpur e fiz a viagem de táxi.
Há um comboio rápido que faz a ligação à cidade. Foi o transporte utilizado na saída. A estação é a Sentral.
Fiquei no Invito Hotel Suites. Era recente e os taxistas tinham dificuldade em encontrar o caminho, apesar de ficar situado no triângulo dourado, uma das zonas mais comerciais e turísticas da cidade.
O hotel tinha boa qualidade, com quartos espaçosos e uma vista ampla para a cidade. Em particular, no 28º andar, onde fui tirar fotos à torre de Kuala Lumpur. Cortesia de um dos empregados porque estes pisos estavam reservados para apartamentos.
Em baixo, a recepção é enorme e ao lado um bar que embala a noite dos hóspedes com música. Mas nada comparado com as ruas onde há mais agitação nocturna.
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