História

Fundada por uma colónia de marinheiros Gregos por volta do ano 350 a.C., Nice foi depois conquistada pelos Romanos durante o século I, que a transformaram num porto comercial. A sua localização estratégica na costa do Mediterrâneo fez de Nice um lugar desejado por muitos poderes que ao longo dos anos a tentaram dominar, o que explica que durante séculos o controlo da cidade tenha mudado de mãos por diversas vezes. Depois do século X, Nice passou a ser liderada pelo conde da Provença (França). Em 1388 passou a estar sob proteção dos condes de Saboia, um ducado  no norte da península italiana, que governou a cidade durante quase 500 anos, apesar desta ter sido capturada e ocupada pelos franceses por diversas vezes durante os séculos XVII e XVIII.

Em 1860 o rei da Sardenha e Napoleão III assinaram o Tratado de Turim, no qual o condado de Nice foi definitivamente entregue à França como recompensa territorial pelo apoio prestado na Segunda Guerra pela Independência Italiana contra a Áustria. O tratado foi inclusivamente ratificado através de um referendo regional, no qual a maioria dos votantes se manifestou a favor da anexação à França.

Para a França, Nice foi desde sempre um importante porto, mas a beleza natural da cidade e o seu clima temperado mediterrânico chamaram a atenção das classes inglesas mais abastadas e, na segunda metade do século XVIII, houve um aumento do número de famílias aristocratas que começaram a passar os invernos em Nice. Durante décadas, esta pitoresca cidade francesa na belíssima Côte d’Azur atraiu quem procurava relaxar ou inspirar-se. Não admira, portanto, que tantos pintores famosos, tais como Henry Matisse, tenham vivido e pintado em Nice durante um período da sua vida.

Nice’s Port, France
Nice’s Port, France créditos: Jborzicchi | Dreamstime.com

Cultura e Património

Devido à sua, de certo modo, turbulenta história, Nice conserva marcas de cada um dos períodos que viveu e a cidade velha é prova disso. Caracterizada pelos castelos em estilo barroco, palácios e igrejas, fachadas coloridas, becos e ruas estreitas, tem um ambiente alegre reminiscente da arquitetura sarda.

Para além do aspecto pitoresco, a cidade velha é onde está concentrado o maior número de museus e galerias de arte.

O Museu Matisse é obrigatório para os amantes das artes. Situado num histórica villa genovesa rodeado por esplêndidos jardins ao estilo italiano, alberga uma extensa e diversa coleção permanente de obras de Matisse, incluindo pinturas, desenhos, esquissos e esculturas. Foi oferecido pela família do pintor à cidade de Nice, onde Matisse viveu durante 36 anos.

O Museu de Arte Moderna e Contemporânea encontra-se num lustroso edifício de quatro torres em mármore de carrara (Itália) e, foi desenhado pelos arquitetos Yves Bayard e Henri Vidal. A coleção do museu consiste num cruzamento entre belas artes dos anos 60 e 70 do século XX, incluindo novo realismo, pop art, abstrato americano e minimalismo. O terraço, no topo do edifício, oferece uma vista sobre Nice de cortar a respiração.

O Museu de Belas Artes dispõe de uma compreensiva coleção de obras que vão desde o século XV ao século XX, com trabalhos de artistas franceses, italianos e flamengos. Entre os artistas destacam-se Chéret, Fragonard, Braque, Carrière, Chagall, Degas, Monet, e Sisley, e há esculturas de Carpeaux e Rodin, bem como cerâmicas de Picasso. Os admiradores de Marc Chagall vão ficar deliciados com este museu que alberga a mais importante exposição de trabalhos deste pintor existente no mundo. A coleção inclui pinturas, gravuras, litografias, esculturas, vitrais e azulejos. Estes três museus são apenas um exemplo do que se pode visitar em Nice, sendo que há muitos outros que merecem uma visita.

Destaque também para a Catedral Ortodoxa Russa de São Nicolau, que foi construída em 1912 pelo Czar Nicolau e que é considerada uma das mais bonitas igrejas ortodoxas fora da Rússia. A catedral tem uma rica decoração interior com diversos ícones ornamentados, murais, talha trabalhada e uma iconóstase em metal.

Por fim, rodeado de belíssimos jardins encontra-se o imperdível Mosteiro Notre-Dame-Cimiez, erguido sobre as antigas ruínas de Cemeneleum e onde se podem ver os interessantes vestígios dos banhos romanos e anfiteatro. Originalmente fundado pelos beneditinos, o mosteiro foi tomado pelos franciscanos. O seu aspecto atual assenta na restauração que foi feita de acordo com os modelos góticos de 1850. Uma visita ao mosteiro oferece um vislumbre da vida espiritual e do trabalho social da Ordem Franciscana e o museu dá a conhecer a vida dos monges franciscanos em Nice desde o século XIII ao século XVIII.

Paisagem

A Promenade dos Ingleses é a avenida mais emblemática de Nice. Esta marginal junto ao mar orlada com palmeiras e elegantes jardins é uma área pedestre muito popular entre os ciclistas e skaters. É agraciada com bonitos edifícios da Belle Époque e opulentos e requintados palácios, alguns dos quais convertidos em hotéis de luxo.

Sobranceira à costa, fica a Colina do Castelo, onde foi construído o castelo original de Nice. A cidadela foi destruída pelos franceses em 1706, mas a propriedade foi convertida num idílico parque, com zonas verdes, árvores centenárias e quedas-de-água. O parque dispõe de restaurantes e lojas e é possível visitar as ruínas de duas antigas igrejas. No entanto, são as vistas espetaculares sobre a baía e o porto de Nice que fazem as delícias dos visitantes. Na verdade, Nice é uma cidade de jardins e há muitos para visitar. O Jardim Alberto I tem uma fonte esplêndida em que se destaca uma estátua de Apollo, o deus Grego do Sol. Tem ainda um agradável teatro ao ar-livre que na primavera e verão recebe concertos, festivais e performances.

Qualquer que seja o percurso escolhido, no fim de contas, todos os visitantes procuram as águas azuis do Mediterrâneo. Mas quem vai em busca da criativa, dinâmica e cosmopolita Nice, provavelmente não sabe o que lhe espera para lá das muralhas da cidade. Aí, vai encontrar uma paisagem natural diversificada. Pequenos portos de pesca e aldeias piscatórias, vastos parques nacionais, reservas marinhas, ateliers de cerâmica e de perfumaria e, claro, o mar e as montanhas. Vale bem a pena descobrir este outro lado da Côte d’Azur.

Salad Nicoise
Salad Nicoise créditos: Robyn Mackenzie | Dreamstime.com

Gastronomia

Não é nenhum segredo que a cozinha francesa é mundialmente reconhecida e a gastronomia de Nice não é exceção. Tradicionalmente mediterrânica, tem muitos vegetais, deliciosos e refinados sabores e aromas, e o toque suave do azeite, tudo complementado com os excelentes vinhos da região vizinha de Bellet.

Como acontece em toda a França, a comida é um negócio sério em Nice, por isso, não é difícil encontrar restaurantes gourmet, bistros e mercados vendendo os melhores e mais frescos ingredientes. Está tudo relacionado com um estilo de vida, que pode ser chamado de “a arte mediterrânica de viver”.

Visitar Nice significa começar o dia a apreciar o nascer do sol sobre o mar, enquanto se desfruta de um delicioso pequeno-almoço com café e croissants frescos, numa esplanada ensolarada. Passear pela cidade e almoçar qualquer coisa num dos movimentados mercados de rua e ao final do dia, esperar por um jantar gourmet acompanhado por uma bebida numa das muitas esplanadas da cidade. Afinal, uma das melhores formas de relaxar é usufruindo das coisas simples da vida.