Depois de ter andado um pouco por Baiona na parte da manhã e de 40 km pedalados no dia anterior, segue-se agora a segunda fase da jornada até Vigo que é bem mais curta do que a primeira. Esta segunda parte da jornada já não se desenha sempre junto à costa, pelo que a viagem de Camposancos até Baiona vale bem mais a pena.
Ainda assim, durante os primeiros quilómetros de viagem, a paisagem ainda é costeira e, portanto, interessante. tinha uma paisagem peculiar quando lá passei na maré baixa, já que deixava revelar tons esverdeados na areia. Na realidade, esta foi das partes mais bonitas deste dia. Depois ainda pedalei ao pé de algumas praias até chegar à estrada por onde vão os Caminhos de Santiago.
Aqui, novamente, existe uma faixa dedicada aos peregrinos que aproveitei a meu favor, já que, ao contrário do trajeto anterior, por aqui não vi nenhum peregrino a fazer estes Caminhos de Santiago.
Este facto ajudou mais uma vez a segurança da viagem pois esta faixa se estendeu durante a maior parte do caminho. Até certa altura, onde se consegue vislumbrar o mar, tenho comigo, de novo, as Ilhas Cíes como pano de fundo. No entanto, foi mais impactante vê-las pela primeira vez. Nesta altura da jornada já estava habituada à sua presença.
O trajeto de Baiona até Vigo faz-se bem de bicicleta, tirando algumas colinas acentuadas em que tenho de puxar pela bicicleta a pé. Começo a notar, claramente, quando estou perto da cidade, já que o trânsito se intensifica e aqui já não há mais faixas para a bicicleta.
Ao entrar na cidade as ruas tornam-se péssimas. Super esburacadas e remendadas, não estava à espera. Tal como não estava à espera que Vigo fosse plantada numa colina.
A primeira coisa que tentei fazer assim que cheguei foi comprar um bilhete para as Ilhas Cíes mas parece que estão esgotadas nas próximas semanas. Também não pensei que fosse necessária tanta antecedência de marcação para visitar as ilhas, mas ao que parece é da época. Para quem quer visitar estas ilhas em época alta, o melhor é mesmo reservar o seu bilhete com bastante antecedência. Por este motivo, não as visitei.
Vigo não é de todo uma cidade para se explorar de bicicleta, a menos que seja elétrica… Subidas íngremes separam as ruas movimentadas do centro das da zona ao pé do mar, pelo que depois de encontrar a minha estadia não peguei mais na bicicleta em Vigo. Como estava bastante cansada, não explorei muito a cidade para além da zona central.
A zona que reúne mais pessoas, principalmente ao final do dia, é junto ao mar. A área poderia ser mais chamativa a passeios ribeirinhos, mas pelo contrário, está lotada com barcos, e assim longos passeios à beira-mar não são possíveis. Vigo é mais industrial e a vista ribeirinha está repleta de contentores, gruas e armazéns.
O local mais bonito que visitei na cidade foi a Fortaleza do Castro que é o ponto mais alto e com a melhor vista. Do alto da colina continuam a ver-se as Ilhas Cíes e o quanto comercial é a área. Vale a pena uma visita a este forte.
Uma vez que Vigo não em encantou, decidi visitar Cangas, do outro lado da baía, ligada a Vigo com um ferry-boat a cada meia hora.
Dediquei um dia a visitar Cangas e as suas praias paradisíacas e levei a bicicleta comigo. Não estava à espera de que Cangas tivesse praias tão bonitas!
Percorri o caminho mais junto à costa, o que me levou a ver quase todas as praias existentes desde o porto até à mais bonita que vi e a mais distante, a praia de Nerga.
Levei cerca de duas horas para chegar até ela porque os caminhos que escolhi, por serem sempre mais junto à costa, tinham várias colinas e o sobe e desce era constante.
Antes de chegar à praia de Nerga passei por várias outras praias pequeninas e acolhedoras. Pequenos desertos de praias de água cristalina sem vivalma à vista. As pessoas juntam-se nas maiores, portanto um pedaço de paraíso sossegado pode ser encontrado em praias como a de Areamilla onde vi várias camper vans estacionadas.
Depois desta praia, parei pela Jarita, um ponto alto com uma vista magnífica da zona onde os vários tons de azul da água da área já são visíveis. De mencionar ainda as praias de Santa Marta e de Liméns que são lindíssimas e bem pacatas.
Por fim, a praia que achei mais deslumbrante foi então a de Nerga onde me parece que a maioria das pessoas se junta. O areal é grande, a água cristalina e estava gelada, e não era eu a única a achá-lo, dado as caretas que os espanhóis faziam ao entrar mar adentro.
O miradouro para esta praia torna-a ainda mais encantadora já que se conseguem ver outros tons impercetíveis a quem está em baixo. Uma praia digna de uma ilha paradisíaca algures na Tailândia.
A certo ponto o vento tornou-se insuportável e mudei-me para uma outra praia que decidi visitar por entre caminhos de rochas e silvas com a bicicleta, o que não foi a melhor das ideias. Mas sabia que se não fosse por aqui, me esperava uma subida demoníaca. Portanto, preferi arranhar as pernas e fazer inúmeras pisaduras, já que no caminho não cabiam duas pessoas lado a lado. A praia também tinha tons lindos de azul e estava quase deserta. Não tinha vento visto que era bem mais resguardada, portanto fiquei por lá, pela praia dos Castros onde até Quim Barreiros tive o prazer de ouvir.
O caminho de volta para o porto foi penoso e íngreme, mas nem por isso deixei de visitar o miradouro de San Roque com uma capelinha no topo que se consegue ver do porto de Cangas. A vista era ampla, mas nada de especial. A vista das praias foi bem melhor.
Para voltar para Vigo voltei a apanhar o ferry-boat que operava até às 22h e demora cerca de 20 minutos a fazer a travessia. Foi um dia muito bem passado e Cangas valeu muito a pena uma visita.
É certo que esta viagem me valeu muitas dores de pernas, mas pedalar de Moledo até Vigo foi uma ótima opção de férias mais aventureiras.
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