Boston é uma das cidades mais antigas do país (fundada em 1630 pelos puritanos refugiados da Grã-Bretanha) e, apesar de ter cerca de 700 mil habitantes, é um centro de cultura e economia original e com poucas cidades ao mesmo nível. É também muito agradável de visitar, bonita, civilizada e organizada.
Andar pela cidade
Embora o centro, isto é, Boston propriamente dita e a região contínua de Cambridge, sejam áreas pequenas, a Grande Boston tem cinco milhões de habitantes e cobre uma área enorme. São 23 “municípios”, muitos residenciais, outros especializados em comércio e desenvolvimento tecnológico. No entanto, a parte que nos interessa é compacta e, para um passeio mais alargado, há o metropolitano (o mais antigo dos Estados Unidos), autocarros e até a possibilidade de alugar bicicletas elétricas.
Boston é uma cidade bem conservada e que respeita os estilos originais. Há modernidade nos enormes edifícios de escritórios, como em todas as cidades norte-americanas – e, cada vez mais, em todo o mundo –, mas o estilo e o sabor de outros períodos é mantido nas pequenas “townhouses” de pedra com três andares. Também se veem armazéns com o estilo da época do comércio marítimo, quando Boston era o principal centro de importações internacionais.
A cidade nasceu na pequena península de Shawmut, rodeada pelo rio Charles e pela baía de Massachussets. Esta área é muito bonita e, embora tenha arranha-céus novos, alguns icónicos, como a Torre John Hancock e o Prudential Center, mantém o sabor de outros tempos, com casas e armazéns do século XIX, todos muito bem conservados.
Boston está ligada a muitos acontecimentos marcantes da História dos Estados Unidos, como o famoso “Boston Tea Party”, quando os bostonianos atiraram ao rio um carregamento de chá inglês, o primeiro ato de revolta contra a Grã-Bretanha. Sofreu um cerco duro na Guerra da Independência e foi onde ocorreu um encontro funesto entre os soldados ingleses e os colonos, conhecido como o Massacre de Boston.
O Faneuil Hall, um mercado e centro cívico situado de frente para o rio desde 1743, foi o cenário de muitos debates que levaram à Revolução Americana e está impecavelmente conservado. Localiza-se perto do Boston Common, o parque urbano mais antigo do país (1634) e faz parte do “Freedmon Trail”, um percurso que passa por oito edifícios históricos e que vale a pena fazer.
Outros percursos organizados muito interessantes são os do “Boston Women's Heritage Trail”, uma série de passeios a pé que têm como tema as mulheres famosas que nasceram ou viveram aqui, desde a revolucionária Abigail Adams à aviadora Amelia Earhart. Ao todo, são sete passeios que nos apresentam mais de 200 bostonianas notáveis.
Cultura e Arte
No que toca a escolas, institutos e outros centros de ensino, que são mais de cem, basta citar três de renome mundial: a Universidade de Harvard, o Massassuchets Institute of Technology (MIT) e a Universidade Tufts. Ficam em Cambridge e Somerville, no chamado “Brainpower Triangle”.
Infinitamente menos imponente, mas cheia do charme das velhas livrarias é a Old Corner Bookstore. Instalada na School Street há mais de 200 anos, era onde se encontravam no século XIX grandes autores como Ralph Waldo Emerson, Henry David Thoreau, Nathaniel Hawthorne, Margaret Fuller, James Russell Lowell, e Henry Wadsworth Longfellow. Foi lá fundada a mais antiga revista americana ainda em publicação, “The Atlantic Monthly”.
Museus e coleções de arte é o que não falta. Foram fundados naquela época do século XIX, em que americanos ricos gostavam de viajar e comprar arte pelo mundo, dar-se com artistas e patrocinar generosamente espectáculos de teatro e ópera e exposições. É o caso do Museu Gardner, instituído por Isabela Stewart Gardner (n.1840) com muita arte grega e romana e uma estufa exuberante – e também um sítio excelente para almoçar!
O Museum of Fine Arts é o segundo maior dos Estados Unidos (o primeiro é o MET de Nova Iorque), com peças egípcias, gregas, romanas, chinesas e japonesas, além de uma colecção americana. Tem uma ala dedicada a Frida Kahlo.
O terceiro grande museu é do da Universidade de Harvard, em Cambridge.
Para quem gosta de desporto, vale a pena ir ao Fenway Park, o campo de basebol da equipa dos Red Sox, pequeno mas com uma tradição que começou em 1953.
Restauração
Ao contrário da maioria do país, em Boston come-se bem. A especialidade são os produtos do mar, com destaque para as ostras – várias espécies, todas boas. Os museus têm restaurantes excelentes, mas não se pode deixar de ir ao Select Oyster Bar, ou então ao Ostra, no bairro dos teatros. No Southend há um restaurante italiano muito bom, o Bar Mezzana.
Para jantar, recomendo o Shephard, na rua do mesmo nome, perto da Faculdade de Direito de Harvard, ou então, um pouco mais caro, o Graigie on Main. Há ainda tapas asiáticas/espanholas do Pagu, perto do MIT.
Mas não se fique por estas recomendações: Boston é uma cidade onde os restaurantes e bares não só têm um ambiente que equilibra o clássico com o moderno, como ementas de grande qualidade para todos os gostos. Por exemplo, para um bom bife à americana – enorme e suculento – experimente o Grill 23 & Bar, na Berkeley Street. Para peixe e mariscos, vá ao Legal Sea Foods, na State Street.
Não deixe de experimentar uma das cervejas da Boston Beer Company, cujas origens vêm da mais antiga fábrica de cerveja das Colónias da Coroa. Também produzem uma bebida intrigante chamada “hard cider”.
Boston é uma cidade que merece uma boa semana para passear à vontade pelas ruas e museus e experimentar uma cozinha de qualidade internacional com um toque americano.
A TAP oferece-lhe excelentes preços, se pensa fazer uma viagem a Boston. Caso possa, deixar a volta em aberto é uma boa ideia – nunca se sabe o que se vai descobrir.
Texto: José Couto Nogueira
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