O Upsala é enorme. É o terceiro glaciar mais longo da América do Sul.
A designação deve-se ao levantamento feito na região pela universidade sueca com o mesmo nome. Agiganta-se pela montanha em linha ascendente.
Fica comprimido entre duas montanhas. É uma subida íngreme de gelo que junto à água parece estancar e ficar com o corpo inclinado para trás.Quando o vimos não havia muitos fragmentos na água. O Upsala não tinha trovejado, o estrondo habitual quando desaba no Lago Argentino pedaços de gelo.
A dimensão e o horizonte profundo não permite ter uma noção muito concreta da parte da frente. Quando se aproxima um barco percebemos então pela diferença de escala a verdadeira dimensão do bloco de gelo que está à nossa frente.
O glaciar seco não tem acesso ao lago, fica travado no alto da montanha e deixa várias linhas brancas de água a escorrer pelas escarpas em direção ao lago. Na parte mais alta, onde escasseia a vegetação, é maior o contraste entre as cascatas e as pedras negras da montanha.
O Spegazzini é espetacular. A zona de desprendimento é das mais altas dos vários glaciares na Patagónia, alguns picos chegam a atingir 130 metros de altura.
Contudo, a muralha de gelo parecia pequena porque o glaciar era uma autêntica escarpa em direção a um pico rochoso, cujo cume não se via devido ao nevoeiro. O glaciar não ultrapassa os dois quilómetros de largura.
O topo do glaciar apresentava-se muito irregular, com imensas saliências de gelo. Como se fosse um lençol de pregos brancos/azulados. Conforme a luz do sol, assim mudava a saliência das cores. O glaciar deve o nome a Carlos Spegazzini, um cientista e botânico de origem italiana que no séc. XIX estudou a flora na Patagónia.
Calafate é o ponto de partida para a visita aos glaciares do lado argentino da Patagónia.
A Solopatagónia é uma das empresas que faz o roteiro pelos glaciares. Chama-se Rios de Hielo Express, anda-se sempre de barco, não exige qualquer esforço e até dá para dormir. A viagem de autocarro, 47 km até Punta Bandera, demorou cerca de meia hora e teve ainda uma paragem à entrada do Parque para se comprar o acesso, no valor de 260 pesos.
O barco tinha capacidade para mais de 300 pessoas e estava quase lotado. Muitos funcionários e fotógrafos davam apoio aos viajantes, cuja média de idade devia ser superior aos 50 anos.
Na parte inicial da viagem consegue-se ver com facilidade as formações rochosas na Boca del Diablo, a vegetação densa na parte interior dos Andes, um condor no seu território natural e muitas cataratas.
No interior da embarcação, a guia explicava o processo de formação dos glaciares, o efeito do anticiclone, a temperatura baixa e a condensação na parte mais alta dos Andes devido ao frio, mesmo que ao nível do lago pudesse estar uma temperatura ambiente de 15 graus.
A 300 km do Oceano Atlântico e a 150 km do Pacífico, o Lago Argentino não tem ligação a um oceano. Um documentário mostrava como o barco onde seguíamos foi construído em Buenos Aires e a odisseia para o transportar via terrestre até ao lago.
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