A cidade-fortaleza de Mazagão, oficialmente fundada como vila a 1 de Agosto de 1541. Foi desenhada pelo engenheiro italiano Benedetto da Ravenna, em conjunto com Miguel de Arruda e Diogo de Torralva. De referir, que a construção desta fortificação marca o início da adaptação das novas formas de combate no Magrebe - construções com baluartes de traça italiana -, em virtude pela utilização da artilharia por parte das forças islâmicas. A partir da 2ª Metade do Século XVI dá-se a adaptação das velhas fortificações de cariz medieval para esta nova arquitetura militar.
O seu porto de acesso fácil e a traça abaluartada das muralhas, em alguns pontos com mais de dez metros de espessura, tornavam-na numa inexpugnável. Mais tarde, seria abandonada por Portugal, em 1769, por decisão do "valido" do Rei D.José I, o então Marquês de Pombal. Atualmente, a Cité Portugaise de El-Jadida está restaurada, como pode ver na galeria de fotos.
A enorme extensão do perímetro muralhado da antiga Mazagão mostram a tradição da arquitetura militar italiana e da importância do estilo renascentista durante o Reinado de D. João III (1521-1557). De salientar que o Baluarte de São Sebastião, lado do mar, mostra a escala grandiosa da fortificação.
A famosa cisterna da antiga Mazagão é uma das atrações turísticas de Marrocos. Foi construída sob a direção de João de Castilho em estilo renascentista sobre o pátio de armas do antigo castelo de origem Manuelina.
O catalisador da construção desta imponente fortificação militar foram os constantes raides, razias e conquistas dos xarifes do Sul de Marrocos, equipados com moderna tecnologia pirobalística e com conselheiros militares europeus (mercenários italianos/germânicos). Mazagão era, assim, uma alternativa viável ao abandono das possessões costeiras fortificadas de Santa Cruz do Cabo Gué (Agadir), Safim e Azamor. A concentração de meios humanos, materiais e bélicos numa única praça permitia uma melhor resistência aos constantes e numerosos assédios das forças sob o signo de Alá.
Em 1769, a cidade-fortaleza de Mazagão foi abandonada pela Coroa Portuguesa. Em virtude deste abandono, a Coroa ordenou que os seus habitantes – nobreza local, soldados, etc. – fossem para Lisboa. Aqui chegados, foram reenviados para uma nova missão: a fundação de uma Nova Mazagão, na fronteira Norte do Brasil, no atual estado de Amapá. Era o fim de mais de três séculos de presença portuguesa em Marrocos (1415-1769), em virtude de as possessões norte-africanas serem um sorvedouro de recursos humanos, monetários e bélicos, sem qualquer retorno (à exceção das questões ideológicas, Guerra Santa).
Além de ser uma importante atração turística de Marrocos, a antiga fortificação de Mazagão constitui um dos melhores exemplos conservados da arquitetura militar do Renascimento fora do continente Europeu, que resistiu ao teste do tempo e da própria ação humana.
As fortificações portuguesas de Mazagão foram inscritas na lista do Património da Humanidade pela UNESCO em 2004 e, em 2009, como uma das Sete Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo. O litoral atlântico de Marrocos oferece-nos uma grande variedade de grandes e pequenas fortificações costeiras com grande impacto visual e plástico, como em nenhum outro lugar. Nas mesmas, podemos encontrar o estilo de fortificar de Diogo de Arruda e dos seus familiares.
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Artigo originalmente publicado no blogue OLIRAF
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