Texto e fotografias por Andreia Costa

A África do Sul, com sua vasta diversidade natural e paisagens de tirar o fôlego, é um dos destinos mais fascinantes para amantes da vida selvagem e fotógrafos. Durante a viagem, o objetivo principal era mergulhar na experiência dos safaris e ter o privilégio de avistar os majestosos Big Five — leão, leopardo, rinoceronte, elefante e búfalo.

Contudo, a jornada revelou-se não apenas uma celebração da natureza, mas também um mergulho na realidade alarmante da conservação, especialmente no que diz respeito à sobrevivência dos rinocerontes.

Começamos a viagem na Reserva Dinokeng, uma das maiores reservas naturais do continente e o lugar ideal para observar a fauna africana no seu habitat. Logo no início do safari, a emoção de encontrar um leão descansando ao cair do dia foi indescritível.

A África do Sul abriga cerca de 80% da população mundial de rinocerontes, mas também é o epicentro de uma crise de caça ilegal que ameaça a espécie de extinção
A África do Sul abriga cerca de 80% da população mundial de rinocerontes, mas também é o epicentro de uma crise de caça ilegal que ameaça a espécie de extinção Leão, um dos animais do grupo "Big Five" créditos: Andreia Costa

Nos dias seguintes, cruzamos com manadas de elefantes, búfalos imponentes, rinocerontes, girafas, zebras e leões. Após muita paciência e procura, cada encontro foi uma lembrança vivida de que estávamos no coração de uma das maiores concentrações de biodiversidade do planeta.

Avistar estas espécies magníficas transportou-nos para um misto de admiração e melancolia, especialmente ao aprender sobre a situação crítica que os rinocerontes, em particular, enfrentam não só na África do Sul, mas em todo o mundo.

A África do Sul abriga cerca de 80% da população mundial de rinocerontes, mas também é o epicentro de uma crise de caça ilegal que ameaça a espécie de extinção. Durante a minha visita, tive a oportunidade de conversar com guias e ONGs locais, que nos explicaram os desafios diários da luta contra a caça furtiva.

O comércio ilegal de chifres de rinoceronte, alimentado por crenças medicinais infundadas e mercados asiáticos, transformou essas criaturas em alvos. Apesar dos esforços incansáveis, incluindo vigilância armada e a criação de santuários, os números continuam a cair. Só em 2023, centenas de rinocerontes foram abatidos, um lembrete cruel da urgência de reforçar a conservação.

Por dia são mortos, em média, seis rinocerontes devido à caça ilegal

Atualmente, a grama do corno vale sensivelmente 120 dólares, ficando, assim, à frente do valor do ouro.

Apesar do cenário preocupante, a África do Sul também é um palco de esperança. Visitamos um centro de reabilitação que resgata rinocerontes órfãos e feridos, proporcionando-lhes uma segunda hipótese. Ver o trabalho dedicado das equipas reforçou a ideia de que a preservação depende não só das autoridades locais, mas do apoio global e da conscientização de todos os viajantes.

Viajar à África do Sul não é apenas um presente para os sentidos, mas uma forma de apoiar, direta ou indiretamente, os esforços de preservação. Cada entrada em parques nacionais, safari ou visita a um santuário ajuda a financiar projetos que protegem as espécies ameaçadas. E, acima de tudo, proporciona uma conexão única com a natureza que transforma a perspetiva de qualquer viajante.

A nossa viagem foi mais do que uma experiência turística – foi um chamado à ação. Num continente onde a beleza e os desafios convivem lado a lado, a África do Sul lembra-nos da responsabilidade compartilhada de proteger o nosso planeta e as suas criaturas. Afinal, o que seria da savana sem os seus reis e gigantes?

A África do Sul abriga cerca de 80% da população mundial de rinocerontes, mas também é o epicentro de uma crise de caça ilegal que ameaça a espécie de extinção
A África do Sul abriga cerca de 80% da população mundial de rinocerontes, mas também é o epicentro de uma crise de caça ilegal que ameaça a espécie de extinção Safari na Reserva Dinokeng créditos: Andreia Costa

Um obrigada à Maia Wildlife por nos mostrar toda esta realidade mais nos fazer acreditar que é possível continuarmos a ter este animais neste lindo planeta em que vivemos.