É ainda palco para sonhadores que partem ilegalmente para a Europa nos botes, aqui chama-se de ilusão do "El Dorado" e, por fim, é porto para centenas de barcos de pesca, todos coloridos, que a cada madrugada saem para trazer peixe fresco.
Depois, há um lado negro das cores e do ritmo cultural intenso que não passa despercebido: a poluição, a sujidade, o lixo que se encontra no rio que — desculpem a expressão — é nojento.
Mas não me adiantando muito aqui vos conto outra aventura.
É engraçado relembrar que há um ano explorava esta ilha, acabada de chegar da Mauritânia e após uma passagem complicada na fronteira de Rosso.
Desta vez, foram três dias a rever amigos e a explorar outras zonas da cidade.
Se acompanhas desde o início as crónicas, sabes que vim organizar a viagem para poderes vir comigo para o ano.
Saímos de casa duas horas antes da partida do autocarro. Aqui, em Dakar, tudo é imprevisível com o trânsito caótico! E ainda bem que assim o fizemos porque demorámos uma hora a chegar e ainda tinha de comprar os bilhetes.
Resumidamente, as viagens de táxi em Dakar consistem numa constante tentativa de encontrar atalhos para escapar ao trânsito, mas a verdade é que não há por onde fugir. Ao escapar de uma fila de uma hora, metemo-nos numa alhada e damos por nós a estar noutra fila enorme de carros. Mas os dakarienses já estão habituados e nós, as toubab*, temos senão remédio que nos habituar também.
Lá chegámos diretamente para comprar os bilhetes rumo a Saint Louis. Faltava menos de uma hora para a partida e fomos comer a umas barraquinhas mesmo ao lado da estação. Querem adivinhar o quê? Arroz! Com?... Peixe!
Não há novidade aqui também, o prato típico do Senegal é Tchep que consiste em arroz com peixe, ou outro prato típico chama-se Yassa… que é nada mais nada menos que… arroz com peixe, bom, e aqui podes escolher também arroz com galinha.
Eu como não como carne vou sempre para os pratos de peixe, como sempre o mesmo.
Barriguinha cheia está na hora de embarcar na viagem.
Entrámos no autocarro e claramente não havia distanciamento social. E as máscaras? Perguntam vocês. Aqui usa quem quer!
Inocente eu que achava que era ⅔ da lotação como na Rede Expressos, ah ah ah.
Foram cinco longas horas de viagem, não me queixo do tempo, até porque já estou mais que habituada a perder anos de vida em viagens mas queixo-me do ar condicionado… Estava tanto, tanto frio que, de repente, achei que deixara de estar em África e estava algures na Serra da Estrela. Até batia dente!
"Chegamooooos!" E assim que saí do autocarro aterrei de novo em África porque às oito da noite continuava um calor abrasador.
Rumo à casa de uma família onde iríamos passar as próximas duas noites.
Se queres acompanhar esta viagem taco a taco segue-me no Instagram : @boleiasdamarta.
Toubab* - Branco em wolof, é como nos chamam na rua
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