O foguete Falcon9 descolou à hora prevista, às 20h02 do horário local (00h02 de dia 16 de setembro em Lisboa) desde a lendária plataforma de lançamento 39A do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, acendendo uma bola de fogo que iluminou a noite.

Minutos depois, a cápsula Dragon contendo os passageiros separou-se do corpo do foguete para iniciar o passeio em órbita.

"Poucos já estiveram lá e muitos seguirão. A porta está a abrir, é muito incrível", declarou o bilionário Jared Isaacman, comandante da missão, desde o interior da cápsula depois de chegar ao espaço.

Os quatro americanos a bordo viajarão para mais longe que a Estação Espacial Internacional (ISS), a uma órbita a 575 quilómetros da Terra. A cada dia o grupo completará 15 voltas ao redor do planeta.

Com nome de Inspiration4, a missão é a primeira da história a enviar apenas civis à órbita terrestre, sem astronautas profissionais a bordo.

Após receber a visita do fundador da SpaceX, Elon Musk, os quatro tripulantes entraram por volta das 16h00 locais em vários carros Tesla brancos sob o sol e os aplausos de uma pequena multidão, para chegar ao edifício onde vão colocar os trajes especiais antes de embarcar. Musk também é o fundador da empresa de carros elétricos.

SpaceX: Começou a primeira viagem espacial só com turistas
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De seguida, a tripulação chegou à plataforma de lançamento, embarcou na espaçonave e, após uma série de verificações de segurança, as escotilhas da cápsula foram encerradas.

A missão foi "alugada" pelo bilionário Jared Isaacman, 38 anos, diretor de uma empresa de serviços financeiros e piloto experiente.

O preço pago à SpaceX não foi revelado, mas as especulações mencionam dezenas de milhões de dólares. Isaacman é o comandante a bordo e ofereceu as outras três vagas a desconhecidos.

Hayley Arceneaux, sobrevivente de cancro quando era criança, é uma médica assistente de 29 anos e a mulher americana mais jovem a entrar em órbita. É também a primeira pessoa com uma prótese (de fêmur) a viajar ao espaço.

Chris Sembroski, de 42 anos, é um ex-oficial da Força Aérea americana que, hoje em dia, trabalha na indústria da aviação.

A quarta integrante é Sian Proctor, uma professora de Geologia de 51 anos que esteve quase a ser selecionada em 2009 para a função de astronauta da NASA. Proctor é a quarta mulher afro-americana a viajar no espaço.

A ex-primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, felicitou a tripulação.

"Eles estão a inspirar-nos a todos com a sua coragem, curiosidade e paixão", partilhou no Twitter. "Estou a pensar em todos os jovens que vão admirar esta tripulação e que vão sonhar com grandes feitos graças aos mesmos".

Testes físicos

No fim da viagem, a tripulação começará uma vertiginosa descida para aterrar na Flórida.

Para a SpaceX, este é o primeiro passo para uma humanidade multiplanetária, a visão definitiva de Musk.

"Isto está apenas a começar", declarou Isaacman durante uma conferência de impressa na passada terça-feira.

A bordo serão analisados os dados biológicos (ritmo cardíaco, sono, por exemplo) dos passageiros, assim como as suas capacidades cognitivas.

Os tripulantes poderão desfrutar de uma vista espetacular através de uma cúpula envidraçada instalada pela primeira vez na cápsula Dragon.

O treinamento do grupo durou apenas seis meses. Está previsto que o voo seja totalmente automático. Ainda assim, a SpaceX  preparou a tripulação para assumir o controlo em caso de emergência.

Os tripulantes também foram submetidos a exames físicos. Juntos caminharam pela neve a uma altitude de mais de 3.000 metros no noroeste dos Estados Unidos.

Também experimentaram a força G à qual foram expostos com o auxílio de uma centrífuga (um braço longo e que gira rapidamente) e voos de jato.

A missão arrecadará fundos para o Hospital Infantil St Jude (Memphis, Tennessee), onde Hayley Arceneaux trabalha atualmente, depois de receber tratamento no local durante a infância.