Um náufrago australiano que foi resgatado junto com a sua cadela por um barco mexicano após passarem mais de dois meses à deriva no Oceano Pacífico, chegou nesta terça-feira (18) ao porto de Manzanillo, no México, onde agradeceu por estar vivo.

Timothy Shaddock, de 54 anos, foi localizado junto com a sua cadela "Bella" por um barco atuneiro pertencente à empresa Grupomar. Enquanto estavam à deriva, os dois sobreviveram à base de peixe cru e água da chuva.

"Agradeço, estou vivo [...] Só quero ir com calma", disse Shaddock à imprensa após pisar em terra firme. "O que dizer ao capitão e à empresa que salvaram a minha vida? Estou muito grato".

Shaddock deixou o barco com uma barba crescida e a usar um boné da marca da empresa de pesca de atum.

O australiano detalhou que os dias que passou no mar foram difíceis, pois também enfrentou uma tempestade.

"A saúde ficou um pouco prejudicada por algum tempo, estava com muita fome, pensei que não sobreviveria à tempestade, mas agora estou muito bem", disse, ao mencionar que agora está muito magro.

O australiano explicou que pescou bastante durante os seus dias no mar e que tinha boas provisões. No entanto, no caminho, perdeu o seu equipamento de cozinha, pelo que teve que comer peixe cru.

Um animal incrível

Shaddock e sua cadela haviam partido, a bordo de um catamarã, de La Paz, na península mexicana de Baixa Califórnia, para realizar uma viagem de 6 mil quilómetros até a Polinésia Francesa.

A sua embarcação, chamada Aloha Toa, sofreu avarias durante uma forte tempestade no Pacífico Oriental, o que os deixou à deriva por mais de dois meses.

A cadela Bella
A cadela Bella Membros da tripulação do barco de pesca "Maria Delia" posam para uma fotografia com a sortuda "Bella", resgatada duas vezes, da rua e do Oceano Pacífico créditos: AFP/Ulises Ruiz

Durante os dias de incerteza, Shaddock afirmou que encontrou forças dentro de si mesmo para não desistir.

"A fadiga é a parte mais difícil. Estamos sempre a consertar alguma coisa e eu tentava encontrar a alegria dentro de mim. Encontrei-a estando sozinho no mar", declarou.

O homem também disse que a sua cadela é "incrível". Contou que encontrou o animal no México e que ela o seguiu mesmo após tentar encontrar-lhe um lar em três ocasiões.

"Ela é um animal incrível, estou grato por estar viva, é muito mais corajosa do que eu", referiu. A cadela permaneceu a bordo do barco de pesca, segundo um repórter da AFP.

A companhia - que vende atum enlatado sob a marca Tuny - disse em comunicado difundido ontem que o australiano "estava a mais de 1.200 milhas [mais de 2.200 quilómetros] de terra firme" quando foi encontrado.

"Em boas mãos"

O fundador e presidente do Grupomar, Antonio Suárez, agradeceu à tripulação do navio por ter resgatado o navegador australiano.

"A vida é muito bonita e fomos responsáveis por salvar a vida de um ser humano e da cadelinha que o acompanhava", disse Suárez aos jornalistas.

"Temos serviço médico a bordo dos nossos barcos [...] caiu em muito boas mãos", acrescentou.

Suárez também relatou que a embarcação que socorreu o náufrago é a menor e mais antiga da sua empresa e que a viagem em que encontraram Shaddock será certamente a sua última.

"[O barco] vai-se despedir de nós de maneira muito agradável", frisou.