Bella, a cadela que acompanhou o australiano Tim Shaddock por mais de dois meses à deriva na imensidão do Pacífico, comemora o seu dia mundial nesta sexta-feira (21) com o seu novo "pai", um pescador que foi o primeiro a abraçá-la após o seu resgate.

"Fui um dos que tiveram o primeiro contato com ela”, disse à AFP Genaro Rosales, 48 anos, no porto mexicano de Manzanillo (oeste), onde o australiano desembarcou na terça-feira.

Com 13 anos de experiência a trabalhar em pesca no alto-mar, Rosales, originário do balneário de Mazatlán (noroeste), estava na embarcação pesqueira mexicana María Delia que, há alguns dias, localizou o catamarã danificado onde Shaddock, 54 anos, e Bella sobreviveram à base de peixe cru e água da chuva.

Bella e o seu segundo pai
A Bella e o seu segundo pai, o pescador Genaro Rosales créditos: AFP/Ulises Ruiz

O pescador conta que ele e os três companheiros aproximaram-se dos náufragos utilizando dois botes. Dois deles auxiliaram Shaddock, enquanto Rosales e outro se ocuparam com a cadela. "Ela ficou feliz quando nos viu e quis pular rapidamente para o bote em que seguíamos", lembra.

Shaddock partiu em abril de La Paz (noroeste), na península mexicana de Baja California, para uma viagem de 6 mil quilómetros até a Polinésia Francesa.

Antes de embarcar, conheceu Bella, que vagava nas ruas, e apesar de encontrar um lar para a cadela, ela continuou a segui-lo para todo o lado. Decidiu levá-la consigo na sua travessia.

A sua embarcação, chamada Aloha Toa, foi danificada após uma forte tempestade no Pacífico Leste e os dois acabaram por ficar à deriva.

"Segundo pai"

Rosales, que se declara "amante dos cães e de todos os animais", encarregou-se dos primeiros cuidados de Bella, mostrando uma atenção que não passou despercebida para Shaddock.

"Timothy viu o tratamento que dei à Bella, a atenção que lhe dei", conta Rosales.

Preocupado com o estresse adicional que a cadela poderia sofrer se fosse levada para a Austrália, Shaddock perguntou-lhe se a poderia adotar.

Bella
Não resistimos a mais uma fotografia da Bella créditos: AFP/Ulises Ruiz

"Eu disse-lhe que gostava de animais, que tenho um cachorrinho, tenho gatos, papagaios, já tive de tudo! E bom, ele decidiu que eu seria o segundo pai dela", diz sorrindo.

Rosales assegura que Bella, sem raça definida e cerca de três anos, "é muito dócil", quase não ladra e está fisicamente muito bem, embora ainda precise de vacinas e tempo para superar a tensão à qual esteve submetida.

"A médica (veterinária) disse-me que sim, estava um pouco estressada, pelo tempo que passou em alto-mar", afirma.

Apegada ao pescador desde o primeiro dia, assim que Bella puder ir para Mazatlán, ela ficará a conhecer o "seu novo irmãozinho" Vicente, um cachorro pug que, Rosales confessa, é bastante mimado.

"Os meus bichinhos dormem na minha cama, ligo o ar condicionado para eles, eles têm todos os privilégios", diz.

No Dia Mundial do Cão, que é comemorado em vários países no dia 21 de julho, Rosales destaca que, para ele, esses animais são como seres humanos e merecem o mesmo tratamento.

"É mais um membro da família, seja qual for o tipo de animal que tenha em sua casa, deve ser bem cuidado e bem tratado", afirma.