O Museu Nacional do Rio de Janeiro, destruído no domingo à noite por um incêndio de grandes dimensões, era o maior museu de história natural e antropológico da América Latina, com mais de 20 milhões de peças e uma biblioteca com mais de 530.000 obras.
O museu, que comemorou em junho 200 anos, recebia 150.000 visitantes por ano e era um importante centro de investigação e estudo, integrado desde 1946 à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Joia cultural e tesouro científico
Antiga residência da família real portuguesa e depois da família imperial brasileira, o Palácio de São Cristóvão se estende por 11.400 m2, dos quais 3.500 m2 de salas de exposição.
De 1889 a 1891, este edifício neoclássico sediou a Assembleia Constituinte do Brasil, antes de receber em 1892 o Museu Real, localizado até então no centro do Rio de Janeiro, e que incluía coleções, especialmente egípcias, adquiridas pela família real portuguesa.
A biblioteca possuía 537.000 livros, incluindo 1.560 obras raras, como um exemplar de "História Natural" de 1481, segundo o site do museu.
O museu é particularmente conhecido pelo rico departamento de paleontologia, com mais de 26.000 fósseis, incluindo o esqueleto de um dinossauro descoberto em Minas Gerais e inúmeras espécies extintas, como preguiças gigantes e tigres dentes de sabre.
A coleção de antropologia biológica incluía o mais antigo fóssil humano descoberto no Brasil, conhecido como "Luzia".
Com 6,5 milhões de espécimes, o departamento de zoologia contava com uma coleção excepcional de peixes (600.000), anfíbios (100.000), moluscos, répteis, conchas, corais e borboletas.
O herbário, com 550.000 plantas, foi criado em 1831.
Dedicado à pesquisa desde o século XIX, o Museu Nacional do Rio é a instituição científica mais antiga do país, que se abriu ao ensino em 1927.
Investigadores e laboratórios ocupavam grande parte do Museu, que desenvolveu ao longo do século passado uma política de intercâmbio internacional, publicações e ensino.
Importantes personalidades científicas visitaram o museu, como Albert Einstein, ou Marie Curie, diz o site.
Cortes no orçamento e desastre precedente
Ao longo dos anos, o Museu passou por significativas dificuldades orçamentárias e teve de ser temporariamente fechado em 2015 "por falta de recursos para sua manutenção", reconheceu no domingo o ministro da Cultura do Brasil, Sérgio Sá Leitão.
Em agosto de 1995, o prédio já havia sofrido danos extensos após tempestades que danificaram o departamento de arqueologia, incluindo múmias egípcias com mais de 3.000 anos de idade.
Os danos também foram significativos no setor dos paleovertebrados, com algumas partes de um esqueleto de tiranossauro dissolvendo-se na água.
Fonte: AFP
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